Autoridade policial justifica que perícia é necessária para comprovação do crime e não viu necessidade de prender o motorista em flagrante
Um delegado do 2º Distrito Policial de Santo André liberou um indivíduo suspeito de estar envolvido em furtos na região, mesmo após ele ter sido flagrado com um veículo com sinais de adulteração. Segundo fontes internas o suspeito teria passagens anteriores por furto, receptação, lesão corporal e resistência.
Ele foi identificado por equipes de inteligência e monitoramento, após investigações realizadas pelo GOE (Grupo de Operações Especiais) com apoio do sistema Muralha Eletrônica, do COI (Centro de Operações Integradas) e da Polícia Militar.
Ainda de acordo essas fontes, mesmo com essas diligências e os indícios apontados, o delegado Luis Fabiano Gagliato optou por não lavrar o flagrante.
Em justificativa, Gagliato afirmou ao Diário que o crime de adulteração de sinal identificador exige perícia, e que o veículo foi apreendido para análise. “Se confirmada a adulteração, poderá ser solicitada a prisão posteriormente”, declarou.
Ele também argumentou que o flagrante “é uma medida de exceção no Brasil” e que a regra é o investigado responder em liberdade, “mas no momento não havia necessidade da prisão”.
A decisão causou desconforto entre autoridades e profissionais da segurança, que consideraram os elementos já suficientes para manter o suspeito detido.
Procurada, a SSP-SP (Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo) afirmou que o homem prestou depoimento e “foi liberado, já que não houve flagrante”. A pasta informou ainda que “o caso foi encaminhado ao 5º Distrito Policial, que prossegue com as investigações”.
A nota enviada pela SSP conclui: “A Polícia Civil reforça que todos os procedimentos adotados no caso seguiram o disposto pelo Código de Processo Penal”.
O BO (Boletim de Ocorrência), ao qual o Diário teve acesso, relata que a abordagem ocorreu após o sistema de monitoramento de emplacamentos identificar a passagem de um veículo suspeito pela Avenida Presidente Arthur da Costa e Silva. Durante diligência, a Polícia Militar localizou o automóvel na Rua Evangelista de Sousa.
Na abordagem, os policiais constataram que a placa ostentada não correspondia ao número do chassi nem ao número do motor. O veículo apresentava inconsistências nesses sinais identificadores e, segundo o relatório, já vinha sendo investigado por possível envolvimento em crimes na região.
O condutor estava acompanhado de sua filha, uma criança de aproximadamente seis anos. Com ele, nada de ilícito foi encontrado, mas o veículo foi apreendido e o homem encaminhado ao 2º DP, onde foi ouvido e posteriormente liberado.
Ainda conforme o registro policial, embora tenham sido identificadas divergências entre placa, motor e chassi, os dados encontrados não constavam como produtos de crime nos sistemas policiais.
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.