Na Capela Sistina, 133 cardeais, entre eles sete brasileiros, devem definir, em prazo curto, o sucessor de Francisco
Começa nesta quarta-feira (7) o conclave, reunião que definirá quem será o sucessor do Papa Francisco. Na Capela Sistina, no Vaticano, 133 cardeais eleitores do mundo se encontram, a partir das 16h30 (11h30 do Brasil). Entre eles, estão sete cardeais eleitores brasileiros, o maior grupo de representantes de países da América Latina com direito a voto, além de um oitavo que não vota por ter mais de 80 anos, mas pode ser o eleito. Apesar de nenhum brasileiro ter sido escolhido entre os 266 papas da Igreja Católica em 2.000 anos de história, há torcida para que, pela primeira vez, haja um.
O conclave não termina até um dos cardeais atingir maioria de dois terços dos votos e ser eleito papa. Dessa forma, as votações podem seguir por semanas, meses ou até anos. O conclave mais longo da história durou três anos, de 1.268 a 1.271. Entretanto, espera-se que este seja rápido, assim como a eleição que definiu os dois últimos papas – Bento XVI e Francisco. Ambos duraram apenas dois dias.
“Acredito que este conclave não vai demorar. Os cardeais já conversaram bastante e desejam dar um testemunho de união pelo bem da Igreja”, avalia o bispo da Diocese de Santo André, Dom Pedro Cipollini, que acrescenta: “Espero que a escolha dos cardeais coincida com aquele que Deus já escolheu. Acredito que o novo papa dará continuidade ao trabalho do Papa Francisco, porém com sua marca pessoal, porque ninguém é igual a ninguém.”
PAPA BRASILEIRO
Um dos cardeais brasileiros mais cotados para governar a Igreja Católica é o arcebispo Dom Leonardo Steiner. Nomeado em 2022 pelo Papa Francisco como cardeal da Amazônia, ele nasceu em 1950, em Forquilhinha, no interior de Santa Catarina. Foi bispo no Mato Grosso, bispo auxiliar de Brasília e secretário-geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).
O teólogo italiano Lino Rampazzo conta que conviveu com ele quando esteve em Guaratinguetá, em São Paulo. “Ele foi mestre dos noviços. Também trabalhei com Dom Raymundo Damasceno de Assis, que foi arcebispo da Arquidiocese de Aparecida (em São Paulo) por vários anos (2004 a 2017)”, lembra. Rampazzo diz que gostaria que um deles fosse eleito, mas não acredita que o novo papa será brasileiro.
Dom Raimundo Damasceno de Assis tem 88 anos e é o único cardeal brasileiro que não participa da votação. Entre os participantes eleitores do Brasil no conclave estão ainda Paulo Cezar Costa, 57, arcebispo de Brasília; Jaime Spengler, 64, presidente da CNBB e arcebispo de Porto Alegre; Sérgio da Rocha, 65 anos, primaz do Brasil e arcebispo de Salvador; Orani Tempesta, 74, arcebispo do Rio de Janeiro; Odilo Scherer, 75, arcebispo de São Paulo; e João Braz de Aviz, 77, arcebispo emérito de Brasília.
Apesar da torcida por um brasileiro, o histórico mostra que os europeus são favoritos na lista de papas. E, neste ano, não está sendo diferente. O mais cotado ao cargo é o italiano Pietro Parolin, que atua desde 2013 como secretário de Estado do Vaticano. Outro nome forte na disputa é o filipino Luis Antonio Tagle.
Bento XVI e Francisco foram eleitos em só dois dias de votações
Os dois últimos conclaves, que elegeram os papas Francisco e Bento XVI, duraram apenas dois dias, mostrando uma tendência dessa votação ser breve. Inclusive, os realizados desde 1903 ocorreram em curto prazo. A partir daí, o tempo mais longo para escolha do papa foi de cinco dias, em 1922, quando Pio XI foi eleito. A mais rápida foi em 1939, que escolheu Pio XII em menos de um dia. No total, foram nove conclaves, com tempo médio de três dias.
A eleição de 2013, que definiu o argentino Jorge Mario Bergoglio, que tornou-se então o Papa Francisco, teve algumas particularidades. Foi o primeiro a eleger um jesuíta latino-americano. E seu nome nem era um dos favoritos. As apostas estavam voltadas para o italiano Angelo Scola, para o canadense Marc Ouellet e para o brasileiro Odilo Scherer, que concorre também este ano. Os cardeais buscavam uma nova visão para a Igreja e acabaram escolhendo Francisco, que recebeu 85 votos dos 115 cardeais participantes. A votação durou dois dias e aconteceu em 12 e 13 de março daquele ano. Outra particularidade é que foi a primeira votação, em mais de seis séculos, a ser realizada após a renúncia de um papa.
Bento XVI, alemão nascido como Joseph Aloisius Ratzinger, surpreendeu a todos quando renunciou ao cargo de líder da Igreja Católica, em 11 de fevereiro de 2013. Ele foi eleito em 2005, em conclave de dois dias também, em 18 e 19 de abril, em votação que contou com 115 cardeais. Ratzinger faleceu em 2022.
Após o conclave, vitorioso precisa definir nome pelo qual será chamado
Após um dos cardeais atingir a maioria de dois terços dos votos e poder se tornar papa, o atual cardeal camerlengo, Kevin Farrell, nomeado pelo Papa Francisco para ser o líder da Igreja Católica em sua ausência (por morte ou renúncia), pergunta ao eleito se ele aceita ser papa. Respondendo de forma positiva, imediatamente o novo papa precisa escolher como será chamado.
O teólogo italiano Lino Rampazzo explica que o cardeal camerlengo diz ‘Eu vos anuncio uma grande alegria’, em latim, frase copiada do evangelho, em Lucas (Lc 2, 10), quando os anjos anunciam o nascimento de Jesus. E, em seguida, pergunta a ele qual é o seu nome como papa. Os pontífices escolhem seus nomes, geralmente, com base em santos e outros papas que representem os valores que vão nortear seu governo.
Batizado como Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco escolheu esse nome em homenagem a São Francisco de Assis. “Francisco conta que quando ele foi eleito papa, o cardeal Cláudio Hummes o abraçou e disse: ‘não se esqueça dos pobres’. E por causa dessa frase lembrou de São Francisco de Assis, decidindo homenageá-lo. João Paulo I lembrou que João Paulo XXIII tinha sagrado ele bispo e Paulo VI tinha nomeado ele cardeal, então assim escolheu seu nome. Bento XVI homenageou São Bento, que é padroeiro da Europa. O nome escolhido indica, muitas vezes, um nome particular. Atrás do nome tem uma mensagem”, afirma.
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