Habilidade da mente, quando estimulada na infância, ajuda resolver problemas mais rápido
Jogar não é perda de tempo quando é possível, brincando, desenvolver uma nova forma de pensar! Cubo mágico, xadrez, quebra-cabeça e sudoku são os principais divertimentos que estimulam as crianças a desafiar o cérebro.
As atividades trabalham, sobretudo, o raciocínio lógico: uma habilidade de pensamento, que, diferentemente do que muitos pensam, não se limita apenas à matemática ou a um conhecimento usado em provas para adultos (como concursos públicos). Quando treinada na infância, a competência ajuda na memória, na concentração e na capacidade de resolver problemas de forma mais rápida e prática, muito além de somente melhorar as notas na escola. Algo que se estende para toda a vida.
Kauan da Silva, 10 anos, contou ao Diarinho que sempre gostou de ir ao colégio, mas foi justamente no ano passado, quando precisou se mudar de Macapá (no Norte do País) para Santo André, em busca do tratamento de leucemia (câncer no sangue), que passou a ter aulas remotas e com menor frequência. Foi nesse cenário que sua mãe, Dulcinea Silva, viu no cubo mágico uma luz. “Pedimos doações enquanto hospedados na Casa Ronald McDonald. Larguei também meu sonho de me tornar professora, o curso de Pedagogia no Amapá. Mas eu não queria que o menino esperto que sempre foi, elogiado na sala, se perdesse, então os jogos se tornaram uma forma de ele continuar constantemente se desenvolvendo, principalmente com a nova rotina”, contou ela.
Fã de açaí (com peixe e camarão, como é tradicional onde nasceu), Kauan se inspirou inicialmente em um primo que brincava com o cubo 2x3 e agora monta em segundos os mais difíceis formatos – 6x6, 7x7 e 8x8. “O segredo é pensar camada por camada. Acho que, de tudo, ajudou muito para me organizar, ser mais rápido e lembrar até algumas coisas que esquecia. Antes do cubo, testei quebra-cabeça e sudoku, que não tem como outras crianças não gostarem”, adicionou.
Na opinião de Melissa Areais, 12, raciocínio lógico pode ser encontrado em tudo, até mesmo na serigrafia. “Para este tipo de pintura, tem que pensar com criatividade e, para sair tudo certinho, fazer contas matemáticas. É o mais difícil para mim, porque até gosto de desenhar e arte. Mas é bom, porque a serigrafia tem me ajudado em alguns pontos em Matemática, por exemplo”, relatou a garota de São Caetano, acompanhada pelo professor da oficina Josué Eleiz, que, graduado em História, também tem incentivado o xadrez e até simulações práticas de empreendedorismo digital como um canal de complementar a lógica na educação.
“Criamos empresas de mentirinha aqui. O cálculo de salário e gastos é o que dá mais trabalho”, opinou Murilo Piccagli e João Paulo Vasconcelos. Na sala, os colegas Patrícia Pereira e João Henrique Soares, também com 12 anos, aproveitaram para criar respectivamente um Instagram para o comércio de crochê da avó e uma loja digital, a partir de vertentes do raciocínio lógico (como dedutivo, para entender a melhor identidade visual; também analógico, para aplicar o que os concorrentes divulgaram nas plataformas; além de estratégico, para montar publicações).
Já o xadrez foi escolhido por João Artur Machado e Enzo Parizotti, ambos com 9 anos. O primeiro garoto viu nas aulas oferecidas na escola pública, por meio do programa Aprender Mais, uma oportunidade para, enfim, treinar: “xadrez é prática. Minha mãe não tinha muito tempo para jogarmos, então tem sido a forma mais legal para treinar”, disse ele, com planos de abrir um canal no YouTube com truques para “abrir mais as jogadas”.
Já Enzo quer fazer tão bem quanto o avô, que o colocou em contato com o jogo que estimula o pensamento. “Um dia, talvez, serei arqueólogo, mas até lá, também dá para ganhar uns torneios”, finalizou.
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