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Debate além do palanque
Da Redação
02/05/2025 | 08:46
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 O pronunciamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na véspera do Dia do Trabalhador trouxe pautas de grande relevância para milhões de brasileiros. A proposta de revisar a jornada 6 por 1, defendida como forma de equilibrar trabalho e bem-estar, precisa ser examinada com responsabilidade. Também merecem atenção os anúncios sobre isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5.000 e a ampliação do crédito consignado a públicos antes excluídos, como trabalhadores domésticos e rurais. São medidas que tocam diretamente a vida cotidiana da população e que não podem ser reduzidas a slogans de ocasião, especialmente às vésperas de eleição. A relevância dos temas exige mais do que adesão imediata: exige escuta e avaliação séria.

O Congresso tem papel decisivo nesse processo. A sociedade, por sua vez, não pode abrir mão do direito de participar do debate. A discussão sobre a jornada semanal, por exemplo, envolve impactos econômicos, operacionais e sociais. Empresas de diferentes setores podem ser afetadas de maneiras distintas, o que demanda estudos técnicos e diálogo com sindicatos, empregadores e especialistas. A mudança não deve ser imposta por conveniência política ou para melhorar índices de aprovação, mas construída de forma pactuada, com base em dados e projeções. O mesmo vale para a política tributária e o acesso ao crédito. As argumentações devem considerar os limites fiscais do País e os efeitos sobre a economia formal, que não pode ser sufocada por medidas mal calibradas.

É óbvio que ninguém pode se mostrar contrário, por princípio, às pautas apresentadas por Lula em cadeia de rádio e TV na noite de quarta-feira, véspera do feriado. Valorizar o trabalhador passa, sim, pela melhoria das condições laborais e pela redução das desigualdades. Mas esse caminho só será sustentável se as decisões forem tomadas de forma transparente, com debate público e análise criteriosa. É preciso evitar que propostas legítimas sejam instrumentalizadas como ferramentas de marketing – algo que, diga-se, este governo sabe fazer como ninguém. O Brasil precisa avançar no equilíbrio entre direitos e desenvolvimento, e isso exige do Legislativo e da sociedade postura firme contra soluções apressadas. A hora é de construir consensos, não de ampliar divisões.




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