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Região tem alta de 61% nas mortes no trânsito em março

Foram 21 óbitos entre os dias 1º e 31, contra 13 no mesmo período do ano passado, segundo o Detran-SP

Tatiane Pamboukian
02/05/2025 | 08:46
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FOTO: Celso Luiz/DGABC


O número de mortes no trânsito do Grande ABC em março cresceu 61% em comparação com o mesmo mês de 2024, de acordo com levantamento feito pelo Diário com base nos dados do InfoSiga, sistema de monitoramento do governo estadual gerenciado pelo Detran-SP (Departamento de Trânsito de São Paulo). Foram 21 mortes de 1º a 31 de março de 2025, contra 13 no mesmo período do ano passado.

Os óbitos foram registrados em seis cidades, Santo André (nove), São Bernardo (oito), São Caetano, Diadema, Mauá e Ribeirão Pires, um em cada. Este foi o segundo mês de março mais mortal da série histórica, que traz dados desde 2015, perdendo apenas para 2023, quando houve 26 mortes. 

Acidentes com motocicletas foram a principal causa de mortes, com nove casos, seguido por ocorrências envolvendo pedestres (oito) Dezoito das vítimas fatais (86%) eram homens. (confira estatísticas na arte ao lado). 

No acumulado do ano, foram 56 mortes entre 1º de janeiro e 31 de março. O que representa crescimento de 36% em relação ao mesmo período do ano passado. Este é o pior primeiro trimestre desde desde 2015, quando 61 pessoas perderam a vida no trânsito da região.

O especialista em mobilidade Luis Fernando Villaça Meyer, que é diretor de operações do Instituto Cordial, onde é responsável pelo Painel Brasileiro da Mobilidade, avalia que o aumento do fluxo de veículos, especialmente motocicletas, contribui para a elevação dos acidentes e de perda de vidas. 

“O número de motociclistas tem aumentado e há uma mudança no perfil de deslocamento destes veículos no pós-pandemia, com novas formas de uso sendo cada vez mais incorporadas, como as entregas e o deslocamento de passageiros (mototáxi). Isso implica novas dinâmicas no trânsito e a política pública precisa considerá-las rapidamente para realizar intervenções que previnam que sinistros aconteçam”, afirma o especialista.

Para Meyer é necessário haver uma maior fiscalização, especialmente em relação à velocidade. “Um atropelamento a 30 km/h tem 15% de chance de levar a um óbito, enquanto a 50 km/h essa chance já é de 82%, chegando a 100% a 70km/h, de acordo com dados de 2006 do ITF (Fórum Internacional de Transportes)”, aponta.

O especialista destaca ainda a necessidade de educar e de preparar melhor todos os envolvidos no trânsito e a melhora nas condições das ruas e estradas. “A convivência entre os veículos reflete tanto a capacitação do condutor – e o CFC (Centro de Formação de Condutores) precisa ser muito aprimorado no Brasil –, quanto as condições da via e a sinalização. O que temos observado em diversas regiões do Brasil é que houve, após a pandemia, afrouxamento das medidas de fiscalização e de outras medidas de segurança viária, como em infraestrutura que priorize os modais mais expostos, como pedestres, bicicletas e motocicletas”, avalia.

Apesar do alto número de mortes, a maior parte dos acidentes (96,4%) não resultaram em óbito. No total, foram 521 ocorrências entre fatais e não fatais em março. Ano passado, no mesmo período, o número foi semelhante (518). No trimestre foram registrados 1.469 neste ano e 1.566 em 2024. 




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