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Mulheres negras cobram representatividade nas políticas climáticas

Baseada em dados da Oxfam, a ONG Criola apontou que as mudanças climáticas influenciam de forma desproporcional as populações negras

Da Agência Brasil
25/05/2025 | 21:54
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FOTO: Mariana Nogueira/Acervo Criola


 Os efeitos da crise climática e a luta por justiça ambiental na vida da população negra foram tema do primeiro encontro promovido pela ONG Criola, neste fim de semana, no bairro do Flamengo, zona sul do Rio de Janeiro.

Com o título “Mulheres Negras Construindo o Futuro com Justiça Climática: por Reparação e Bem Viver”, o evento reuniu ativistas, especialistas e defensoras da causa ambiental e racial para debater os impactos das mudanças climáticas nos territórios negros e periféricos, e a urgência de ações reparatórias e inclusivas.

Esse foi o primeiro de uma série de quatro encontros organizados pela Criola, com o objetivo de fortalecer o protagonismo de mulheres negras na construção de políticas climáticas mais justas, que considerem os marcadores sociais de raça, gênero e território. 

De acordo com a organização não governamental, a presença de mulheres negras nos espaços de tomada de decisão é fundamental, já que são as mais impactadas pelos efeitos do clima. A Criola busca contribuir para o fortalecimento da atuação em projetos relacionados ao tema, por meio de pesquisa, desenvolvimento de políticas públicas e mobilização social.

Baseada em dados da Oxfam, a ONG apontou que as mudanças climáticas influenciam de forma desproporcional as populações negras, indígenas e periféricas, mais vulneráveis, apesar de o grupo contribuir menos para as emissões de gases de efeito estufa.

A coordenadora programática da Criola, Mônica Sacramento, disse que a sequência de quatro encontros é uma preparação do processo político para a 30ª Conferência da Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) que vai reunir líderes mundiais, cientistas e organizações não governamentais em Belém, em novembro deste ano. 

"Foram listadas demandas, fizemos identificação, um diagnóstico do território. A gente também chegou à conclusão da influência política que essas mulheres farão em relação à cidade do Rio de Janeiro e em outros municípios, no caso, Angra dos Reis estava aqui presente. Resumindo o encontro foi positivo”, disse em entrevista à Agência Brasil.

Entre as demandas incluídas na proposta que resultou do encontro ocorrido neste sábado (24), estão as enchentes, tratamento de resíduos sólidos, situação das mulheres de terreiro, de que maneira são atingidas pelas mudanças climáticas e mulheres que moram em bairros periféricos e favelas. “Esse debate está distante delas e não contam com uma participação política mais efetiva”, revela Mônica.

Para a coordenadora da Criola, uma questão relevante para as mulheres negras é a participação política em espaços de decisão. “Acho que o ponto fundamental que eu destacaria é a urgência da presença de mulheres negras em debates e também na solução das questões climáticas”, apontou.

Mônica lembrou que em novembro, além da COP30, em Manaus, haverá também a Marcha das Mulheres Negras, em Brasília. “Essas reivindicações também estão colocadas para serem discutidas , principalmente pelo viés da reparação e do bem viver, na Marcha das Mulheres Negras que é logo depois da COP”, indicou

O encontro deste sábado teve a participação de 29 mulheres negras, lideranças de diversos lugares do Rio de Janeiro e a presença, entre outras, de Ana Tobossi (Movimento Negro Unificado) e Yakekerê Marta Ferreira D'Oxum (Ile Asé Omi Lare Iyá Sagbá e Grupo de Pesquisa e Extensão Cultural A Cor da Baixada).




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