Jovem se especializou de forma independente e já passou pelo Bolshoi
“É uma arte de amor e amadurecimento”. É assim que o ballet clássico é definido por Gabriela Silva, de São Bernardo. Desde os 9 anos, a garota agora com 16 mora longe da família, em prol da carreira. Os bastidores da corrida pelo sonho foram compartilhados com o Diário.
A bailarina se encantou pelo tutu e pela sapatilha de ponta aos 4 anos, quando viu uma apresentação antiga da mãe, Luciana Silva, que hoje pratica a dança do ventre e o jazz como hobbies. “Minha mãe começou a dançar adulta. Então, também desde sempre, aqui em casa, dançamos. Conforme ia me apaixonando, o caminho me levou para a profissionalização”, conta.
O encanto e a decisão de tornar a dança um trabalho foram inspirados, segundo ela, pela carreira da irmã mais velha, Beatriz Silva, 21, atleta de alto rendimento em ginástica rítmica e formada em sapateado. Foi ela também quem incentivou a adolescente a disputar vaga em uma das companhias de balé mais prestigiadas do mundo: o Bolshoi, academia russa com unidade em Joinville, em Santa Catarina.
“Nunca vou esquecer daquele dia 21 de outubro de 2019. Simplesmente mágico. A gente se esforça e se prepara bastante para um dia assim (teste de estudo), mas, quando cheguei lá, sabia que tudo só estava começando”, relembra Gabriela, que permaneceu no Bolshoi até 2021.
Para ela, o fim do episódio foi um dos principais desafios na área. “Eu tinha 13 anos, entrei aos 9. Lembro que era época de pandemia ainda. A bolsa tinha finalizado, mas eu ainda tinha esperança”, revela.
Apesar do encerramento de ciclo, a caçula da casa continuou os passos de profissionalização com cursos independentes em São Paulo, até que, no ano passado, passou no teste do Basileu França, em Goiânia. “Este é meu segundo ano aqui e todo dia sinto que avanço um novo passo, literalmente aprendendo técnicas, mas também na carreira como bailarina e na vida”, afirma.
A são-bernardense divide a rotina de treinos e aulas com os estudos na rede pública da capital no Centro-Oeste do País. A pouco mais de 900 km de distância da família, que mora em São Bernardo, no bairro Assunção, Gabriela divide os custos e espaço de um apartamento alugado com uma amiga do balé.
Segundo ela, um dos maiores objetivos agora é competir em um YAGP (Youth America Grand Prix, concurso traduzido como Grande Prêmio da Juventude da América). A jovem também se prepara para a competição internacional Prix de Lausanne, conhecida por tornar jovens em ascensão destaques em companhias de balé pelo mundo.
A preparação é diária. “Ultimamente tenho feito Gyrotonic antes das aulas na Basileu. É uma modalidade de pilates voltada para dança, que melhora a consciência corporal, a flexibilidade e ajuda a pensar em cada parte do corpo. Com isso, tenho melhorado meus giros, o que é fundamental para esta nova etapa”, destaca.
Gabriela acredita que a participação nos dois concursos é uma questão de tempo e dedicação. “A gente tem que ter orgulho do que construiu até aqui. Sou muito grata por estar na melhor escola de balé da América Latina. O que me motiva a continuar, apesar dos desafios, é o modo como me sinto nos palcos. É uma sensação de leveza e realização, apesar de alguns sofrimentos que a gente acaba passando na jornada mesmo”, finaliza.
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