Situação financeira adversa do município leva prefeito a economizar R$ 2 milhões no aniversário de 148 anos
O prefeito Tite Campanella (PL) decidiu cancelar a contratação de artistas que se apresentariam em São Caetano por ocasião do aniversário de 148 anos da cidade, celebrado em 28 de julho. A resolução vai proporcionar economia de cerca de R$ 2 milhões aos cofres públicos. Segundo apurou o Diário, a medida foi tomada por causa da dívida de R$ 824 milhões deixada pela administração anterior.
A administração havia reservado R$ 755 mil para a contratação de shows do roqueiro Frejat, do pagodeiro Mumuzinho e da dupla sertaneja César Menotti & Fabiano. Outro R$ 1,04 milhão tinha sido separado para a montagem da estrutura necessária às apresentações, que estavam programadas para o Espaço Verde Chico Mendes.
Somados todos os gastos da programação, inclusive os extras, decorrentes da preparação dos shows, a Prefeitura estimava gastar R$ 2 milhões, o que preocupou o prefeito. Na segunda-feira, Tite reuniu o primeiro escalão, determinou que as apresentações de artistas consagrados fossem suspensas e exigiu criatividade dos secretários na definição de atividades mais baratas e que valorizem os nomes locais da cultura.
Integrante do primeiro escalão que participou do encontro, sob condição de anonimato, relatou à reportagem o teor da reunião. Tite alertou os auxiliares sobre o “cenário financeiro caótico” – palavras empregadas pelo chefe do Executivo – e disse que a realização dos shows poderia comprometer a qualidade dos serviços essenciais do município, como saúde e educação.
A dívida consolidada líquida de São Caetano relativa ao ano de 2024, quando o município era administrado por José Auricchio Júnior (PSD), é de R$ 824 milhões, segundo consta no Sicofi (Sistema de Informações Contábeis e Fiscais do Setor Público Brasileiro), ferramenta do Tesouro Nacional.
Dois dias antes de entregar o governo ao sucessor, Auricchio garantiu que as contas da Prefeitura estavam “equilibradas e organizadas”, de acordo com termo empregado durante entrevista ao Diário concedida em 30 de dezembro.
Embora tenha cancelado os shows com cantores de renome, cujos contratos ainda não tinham sido assinados, segundo informações oficiais, Tite teria cobrado empenho do secretariado para que a programação da festa dos 148 anos de São Caetano seja bastante diversificada e privilegie artistas da cidade. A ideia é promover apresentações de músicos locais em equipamentos públicos espalhados pela cidade durante todo o mês de julho.
São Caetano possui tradição em realizar shows de alto custo em datas especiais. Em 2024, sob Auricchio, o Espaço Verde Chico Mendes foi palco das apresentações de Péricles, Fábio Júnior e Seu Jorge. Só em cachês, a administração gastou mais de R$ 1 milhão. No fim do ano, o então prefeito inaugurou obras inconclusas, como o Pronto Cardio, hospital cardiológico de alta complexidade que até hoje está sem funcionar – Tite, aliás, concluiu pela inviabilidade técnica do projeto e estuda outra destinação ao equipamento.
A reportagem tentou ouvir a atual administração sobre o cancelamento dos shows de aniversário da cidade, mas ninguém quis comentar o assunto. A assessoria de imprensa do município confirmou a medida; todavia, não forneceu explicações sobre as razões que a motivaram.
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