A abertura de 27 vagas do programa Mais Médicos para o Grande ABC reforça a importância da iniciativa federal no enfrentamento das carências de profissionais no SUS (Sistema Único de Saúde) nas sete cidades. O projeto tem sido fundamental para ampliar a cobertura em regiões com diferentes graus de vulnerabilidade, como Diadema, Mauá e Ribeirão Pires, além de fortalecer a estrutura em municípios maiores, como Santo André e São Bernardo. A expansão no número de profissionais demonstra que a política pública cumpre seu papel de garantir assistência básica e continuada, especialmente em áreas onde há dificuldades na fixação de recursos humanos por vias convencionais.
O programa federal reduz lacunas históricas no serviço público. A forte presença do Mais Médicos no Grande ABC, porém, expõe contradição que merece análise. A região abriga três escolas de medicina consolidadas – a Faculdade de Medicina do ABC, a USCS (Universidade Municipal de São Caetano) e a Uninove –, o que em tese deveria favorecer a autossuficiência na oferta de profissionais. A dependência de projeto da União, criado originalmente para atender locais remotos e desassistidos, revela que a dinâmica de atração e fixação de médicos na rede municipal não tem sido suficiente. Essa realidade desafia os gestores a repensarem seus modelos de contratação, remuneração e condições de trabalho.
Até o momento, o Mais Médicos é necessário – e muito bem-vindo, como mostra reportagem publicada nesta edição do Diário. A força econômica e a estrutura educacional do Grande ABC indicam que o caminho para superar essa situação passa por estratégias que alinhem oferta e demanda sem recorrer, em larga escala, a soluções externas. Cabe às administrações municipais o papel de estabelecer políticas eficazes de provimento, valorização e permanência de profissionais nas unidades de saúde das sete cidades, especialmente na atenção básica. A curto prazo, até onde se enxerga, o apoio federal é imprescindível. O futuro, todavia, exige mais planejamento para, enfim, pôr fim à dependência da União.
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