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Saúde mental em debate
Da Redação
01/05/2025 | 08:51
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Artigo do psiquiatra Ronaldo Laranjeira, publicado ontem na Folha de S.Paulo, oferece leitura oportuna para refletir sobre os limites e lacunas da assistência psiquiátrica pública no Brasil. Ao apontar a redução de mais da metade dos leitos psiquiátricos no SUS (Sistema Único de Saúde) em dez anos, o especialista, um dos mais renomados do segmento no País, revela o descompasso entre a demanda crescente e a estrutura disponível. O retrato é ainda mais alarmante quando comparado ao crescimento do setor privado, cuja ampliação responde à ausência de resposta pública. No atual cenário, pessoas em situação de vulnerabilidade permanecem sem alternativa para tratar quadros agudos.

A análise endossa os objetivos da campanha Nossa Saúde Mental, lançada pelo Diário justamente com o propósito de mobilizar a sociedade civil organizada em torno da reestruturação da retaguarda de atendimento no Grande ABC. O crescimento do número de Caps (Centros de Atenção Psicossocial) é avanço que precisa ser reconhecido, mas não deve ser tomado como solução completa para os desafios impostos pelos casos de alta complexidade. Como Laranjeira destaca, esses centros não têm infraestrutura para internações nem para o manejo de situações em que há risco imediato. A queda na oferta de leitos deve ser debatida com base em evidências e responsabilidade, sem contaminações ideológicas.

Ao denunciar a precariedade da assistência via SUS, Laranjeira faz coro a este jornal e alerta para abandono progressivo que atinge principalmente os que dependem exclusivamente da rede pública. A ausência de políticas mais resolutivas aprofunda desequilíbrio já evidente entre os que podem pagar por tratamento e os que não têm escolha. Resultado: sobrecarga das famílias, agravamento dos quadros clínicos e disseminação de sofrimento evitável. A psiquiatria moderna dispõe de recursos técnicos e terapêuticos que podem oferecer acolhimento digno e eficaz. Cabe a gestores e legisladores reverem estratégias e prioridades para impedir que o tratamento da saúde mental siga sendo privilégio de poucos.




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