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Domingo, 4 de Maio de 2025

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Campeão mundial
Nadador de São Caetano é medalhista mundial e visa Paralimpíada de 2028

João Otávio Benício, 14 anos, conquistou as primeiras posições em torneios regionais, nacionais e no Exterior

Tatiane Pamboukian
04/05/2025 | 08:00
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Celso Luiz/DGABC


Posicionado em último lugar nas disputas convencionais de natação, o estudante de São Caetano João Otávio Benício Vale, 14 anos, diagnosticado com autismo e deficiência intelectual, viu o jogo virar quando descobriu seu lugar nos campeonatos paralímpicos. Após migrar para o S14 (classificação para nadadores com deficiência intelectual), passou a ficar nas primeiras posições em torneios paulistas, brasileiros e sul-americanos, casos, por exemplo, do bronze no Chile em 2023 e na Colômbia, em 2024.

Neste ano, cruzou os continentes com a conquista da prata no Gymnasiade, evento que ocorreu na Sérvia, de 4 a 14 de abril. Agora, o jovem vislumbra carreira como atleta paralímpico e sonha com a Paralimpíada de 2028. “Quero uma medalha de ouro em Los Angeles (na Califórnia, sede do evento). Descobri que o paralímpico é meu mundo. Quando nadava no convencional via todo mundo fazendo tempos melhores que o meu e ficava triste”, afirma ele. 

O ex-atleta paralímpico de natação Carlos Alonso Farrenberg, que é coordenador técnico da natação do CPB (Comitê Paralímpico Brasileiro), onde o João Otávio treina todos os dias, explica que o Gymnasiade é a maior competição mundial em nível escolar. Organizada pela ISF (International School Sport Federation – Federação Internacional do Desporto Escolar), com o Brasil representado pela CBDE (Confederação Brasileira do Desporto Escolar), a competição possui diversas modalidades e países participantes. 

“O João se saiu muito bem, não somente pelo resultado com medalha, mas pela postura e comportamento. Mesmo para atletas jovens, procuramos incutir uma forma de encarar a competição com seriedade, e aproveitar o momento para desempenhar o melhor resultado possível”, diz.

Segundo Ferrenberg, João Otávio pode ir longe. “Valorizamos o resultado e esforço dele, da família e da equipe multidisciplinar que o acompanha, para seguirmos com o trabalho, mas com a cobrança pela disciplina, e não com pressão por resultados precoces. Acredito que essa experiência contribui muito para que os atletas passem a sonhar com uma carreira como atleta profissional, o que eu, como ex-atleta, acho fantástico”, destaca. 

TRAJETÓRIA

João Otávio começou a nadar aos 5 anos, inspirado por seu irmão mais velho, Marco Antônio Benício Vale, 19, que hoje nada pelo Corinthians na categoria convencional (para atletas sem deficiência). Sua mãe, a comerciante Juliana Thereza Benício Vale, 41, conta que decidiu colocar os filhos na natação para garantir a segurança deles. “Eu não sei nadar e tinha medo deles se afogarem por não nadarem. Nem imagina que se tornariam atletas. Até a caçula (Antonella, 9 anos) já está competindo no regional, em São Caetano e em Santo André.”

Mais do que uma possibilidade de carreira, a natação proporcionou mais qualidade de vida ao estudante da Emef (Escola Municipal de Ensino Fundamental) Professor Rosalvita Cobra, em São Caetano. “O João não falava até os quatro anos e meio, batia a cabeça na parede e se mordia. Ele teve apoio da terapia e o esporte ajudou muito nesse processo. Ele ia todo dia para a terapia, agora é só uma vez por semana, porque a natação complementa. O esporte ajudou demais, ele era muito agitado e fugia da escola”, diz Juliana. “Tinha muito barulho, muita gente lá na escola. O pessoal fica brincando, e eu não queria, e eles ficavam gritando. Aí eu saia correndo”, completa João Otávio. 




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