Zumbido em jovens

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Tanit Ganz Sanchez

Crianças têm apresentado zumbido Foto: Divulgação

Zumbido é um barulho que várias pessoas escutam no ouvido, especialmente em silêncio, antes de dormir. Pode parecer com apito, chiado, cachoeira, cigarra, panela de pressão etc. Algumas pessoas só o ouvem se prestarem atenção; outras o percebem o dia todo. Em 1995, o National Institutes of Health alertou que 15% dos norte-americanos sofriam de zumbido. Em 2010, esse percentual aumentou para 24%. E o pior: apesar de ele ser bem mais comum do que doenças como asma, surdez, cegueira ou Alzheimer), muitos nunca ouviram falar disso! Como médica, comecei há 18 anos a atender esses pacientes de modo sistemático e pioneiro no Brasil. Quem procurava ajuda tinha, invariavelmente, mais de 50 anos e alguma perda auditiva. Vários anos se passaram até perceber que uma mudança gradativa acontecia: estávamos atendendo pacientes mais jovens. Quando atendi um menino de 5 anos e outro de 11, resolvi que precisava repensar a situação e me envolvi em duas pesquisas impactantes.

 
A primeira foi em 2005, entre 506 estudantes de 5 a 12 anos, do Rio Grande do Sul. Vimos que 33% tinham zumbido. A segunda foi em 2012, entre 125 adolescentes do Colégio Santa Cruz, em São Paulo. Quase 60% responderam que sentiram zumbido no último ano, pelo menos temporário (após baladas), e 34% conseguiram medi-lo, sugerindo que o zumbido deles, na verdade, era constante. Alarmante.
 
Se há 18 anos zumbido era sintoma de pessoas com mais de 45 anos e atingia cerca de 15% da população mundial, tem de haver algo errado para que duas pesquisas recentes comprovem, com rigor científico, que crianças e adolescentes têm apresentado duas vezes mais zumbido do que pessoas de meia-idade e idosos. Em adultos, já demonstramos que o zumbido é consequência de perda auditiva, mesmo em quem nem o percebe. Nos jovens, aparece antes da perda auditiva e, por isso, tem conotação de alerta precoce para uma perda mais evidente no futuro. Por isso, prestem atenção aos ouvidos e hábitos de seus filhos, identificando fatores de risco. Quanto antes buscarem ajuda de médico, maior a chance de bons resultados. Confira algumas dicas:
 
- Cuidado com o volume x tempo de exposição a ruídos. Em festas, use protetores de ouvido e dê intervalos de dez minutos a cada hora. Com fones, evite ultrapassar a metade da potência do aparelho ou usar mais que duas horas.
 
- Alimente-se de quatro a seis vezes por dia, pois o ouvido não armazena estoque de energia para funcionar. Evite excesso de cafeína, doces, álcool e nicotina.
 
- Diminua o tempo de contato do celular com o ouvido. Use mais viva-voz ou fone de ouvido e troque o que for possível por mensagem de texto. Alguns ouvidos são mais sensíveis a ondas eletromagnéticas.
 
- Alivie as tensões com atividades relaxantes, como ioga, meditação e tai chi chuan. Estresse causa zumbido.
 
Inspirada na campanha de prevenção do câncer de mama (Outubro Rosa), nossa Campanha Nacional de Alerta ao Zumbido (Novembro Laranja) quer alcançar a população de modo bonito, elegante, pacífico e efetivo: um movimento nacional para popularizar a realidade preocupante do aumento de zumbido no ouvido, especialmente entre os jovens. 



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