Compartilhe:
Eliane de Souza
Estátua do Rei do Baião esculpida em barro |
No centenário de seu nascimento, Luiz Gonzaga inspira roteiros turísticos em Pernambuco, seu Estado natal. Nascido nos confins de Exu, na zona rural, no dia 13 de dezembro de 1912, o Rei do Baião deu visibilidade à vida e saga dos nordestinos em suas composições. Até a morte, em 2 de agosto de 1989, gravou 45 discos e sagrou-se um dos maiores ícones da música popular brasileira.
Como diz na canção A Vida do Viajante, sua vida era andar por esse País para ver se um dia descansaria feliz, guardando as recordações das terras por onde passou. Não à toa, o filme de Breno Silveira, Gonzaga de Pai para Filho, que estreou em setembro, teve mais de 100 locações entre a Serra do Araripe (PE), Juiz de Fora (MG) e a Ilha do Governador (RJ).
O município de Exu, no Sertão do Araripe, de terra ardente qual fogueira de São João, preserva a obra e a imagem de seu filho ilustre com o Parque Aza Branca, sediado no antigo local de sua casa. Com aproximadamente 15 mil metros quadrados, o complexo abrange um museu sobre o Rei do Baião; pousada; palco para exibição de grupos artísticos; a casa onde moraram Januário e Santana, pais de Luiz Gonzaga; e o mausoléu de Gonzagão. No calendário de eventos do parque, duas grandes festas anuais homenageiam o famoso conterrâneo: a tradicional Festa da Saudade, no dia 2 de agosto (aniversário de morte), e o Viva Gonzagão, no dia 13 de dezembro (aniversário de nascimento).
A cidade é conhecida também por sua riqueza natural, que favorece o ecoturismo e a prática das mais diversas atividades de aventura. Um desses locais é o desfiladeiro da Serra das Carminhas, que possui uma estreita passagem entre paredões de oito metros de altura.
Também há o Cruzeiro da Gameleira e as ruínas do Exu-Velho, com antigas fazendas. O santuário Ecológico do Cantarino encanta por suas cachoeiras exuberantes e árvores centenárias. E no Pico do Cabeça Redondo, na Serra do Ingá, é possível contemplar o vale do riacho das Tabocas e o Rio Brígida.
RECIFE
A capital pernambucana também presta homenagens ao sanfoneiro. Recife criou o Memorial Luiz Gonzaga, parada obrigatória para os admiradores do compositor. No local estão expostos objetos pessoais, fotos e o acervo de obras do artista.
Já o Porto do Recife prepara um museu inteiramente dedicado à obra do Rei do Baião no antigo Armazém 10. Inserido no Projeto Porto Novo, que transformará a área em complexo turístico, o Cais do Sertão Luiz Gonzaga será inaugurado no dia 13 de novembro. A ideia é que o espaço seja um museu interativo, no moldes do moderno Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo.
Gravatá destaca-se pela produção de móveis, panelas de barro e artesanato |
ROTA DO BAIÃO
Não bastassem as homenagens Brasil afora, o sanfoneiro mais famoso do Brasil ainda inspirou a criação de uma rota turística no Nordeste. Trata-se da Região Turística Forró e Baião de Luiz Gonzaga, que abrange os municípios de Brejo da Madre de Deus, Caruaru, Bezerros, Bonito, Gravatá e Moreno. Todas estas cidades da Zona da Mata e do Agreste pernambucano são velhas conhecidas dos agentes se viagens por abrigar cachoeiras, engenhos, comidas com o típico sabor da terra, arte popular e muito forró, xote, xaxado e baião.
Não por acaso, sediam em junho algumas das mais animadas festas juninas do País. E engana-se quem pensa que a região é carente em infraestrutura turística. A rota Luiz Gonzaga oferece o conforto de belos hotéis e rica gastronomia, que mistura pratos da cozinha regional com especialidades internacionais. De quebra, ainda propõe um mergulho no dia a dia dos cangaceiros, retirantes, reisados e bumbás.
Margeando a BR-232 é possível se deliciar com os fondues de Gravatá, explorar as matas e trilhas de Moreno, curtir as festas de Bezerros, comprar artesanato na feira de Caruaru e se encantar com a natureza do Brejo da Madre de Deus, famoso por abrigar a gigantesca cidade-teatro de Nova Jerusalém, palco do maior espetáculo da Paixão de Cristo em solo verde-amarelo.
A pouco mais de 30 quilômetros da capital está a cidade de Moreno. Lá o principal atrativo é a Reserva Ecológica Carnijó, a mais visitada em Pernambuco e segunda do Brasil. Com área total de 125,5 mil metros quadrados na Mata Atlântica, o parque concentra riachos, açudes, diversas variedades da fauna e da flora locais, além de possuir trilhas ecológicas; pontos para as práticas de rapel e tirolesa; piscina; camping e plantações de flores tropicais. Ainda na cidade pode-se conhecer o engenho Moreno, em cujo Casarão se hospedou D. Pedro II e a Imperatriz Tereza Cristina. Por fim, brinde a estada no município com visita aos engenhos Gurjaú de Baixo, Novo da Conceição, Pinto e São Braz.
Gravatá, a 79 quilômetros de Recife, por sua vez, destaca-se pela produção de móveis, panelas de barro e peças de artesanato em madeira confeccionadas pelos artistas da cidade. A antiga estação ferroviária transformou-se em Museu do Artesão. Sua fachada só rouba os holofotes para o casario da Avenida Joaquim Didier.
A baixa temperatura em pleno sertão nordestino também é considerada atração à parte para quem frequenta os condomínios, haras, hotéis, trilhas de cavalgada e belezas naturais de Gravatá, como a Cachoeira da Palmeira, além da farta gastronomia disponível nos bares e restaurantes da cidade, que atrai milhares de turistas para as festividades de São João, da Semana Santa e para os shows realizados durante o festival de inverno.
Quadrilha do São João de Caruaru, realizado na Vila do Forró em homenagem a Luiz Gonzaga |