Marcello Novaes: tudo novo de novo

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Raquel de Medeiros

Na pele do vilão Max, da novela global Avenida Brasil

Ele tem cabelos rebeldes, sorriso marcante e arranca suspiros da mulherada por onde passa. Também adora pegar praia, surfar e correr no calçadão para gastar a energia contida e sentir a endorfina se espalhar pelo corpo sarado. A descrição – que mais parece condizer à de um garoto de 20 e poucos anos – é o retrato do mais novo cinquentão do pedaço: o ator Marcello Novaes. Assim como em um bom vinho, o tempo parece ter efeito contrário sobre ele, tornando-o uma espécie de grand cru entre as apreciadoras de um belo abdômen.

O assédio dos últimos meses na rua por conta do sucesso na pele do vilão Max, de Avenida Brasil, consegue ser maior do que quando vivia o jovem e descamisado Raí, de Quatro por Quatro, há quase 20 anos. Elixir da juventude? Não. O ator atribui o atual furor feminino à expe-riência que adquiriu ao longo dos anos. Prova de que a passagem do tempo pode ser uma aliada de sorte. Mas Marcello credita o sucesso também às características do perso-nagem, que chamaria atenção por saber ser provocante. “Aumentou o assédio porque o Max tem um quê de mau-caráter e aparece em várias cenas sensuais com a Carminha. Ele é muito quente, aparece pelado, transando. Acho que tudo isso aquece bastante.”

Pura modéstia. Na instigante trama de João Emanuel Carneiro, Max ajudou Carminha a jogar Nina no lixão, traía a esposa com a cunhada, planejou o sequestro da comparsa para arrancar dinheiro de Tufão e seduziu Begônia para roubar a herança da protagonista. Só por essas, deveria arrancar insultos do telespectador e deixar indignados muitos daqueles que confundem vida real e ficção. Mas não foi este o resultado. Ao invés de ofensas ao personagem, ele só ouve elogios à atuação e à boa forma. Definitivamente, o tanquinho de Marcello roubou a cena de Max.

Preocupação com o envelhecimento? “Zero”, responde. Com meia década nas costas, o ator garante que se sente em uma das melhores fases da vida, com muita disposição para trabalhar e curtir as coisas boas do cotidiano. “Acho que tenho um pouco de sorte também, e uma boa genética. Não sinto nada, fora o joelho, que está ruim.”

O MAIOR VILÃO

Fazer um antagonista não é fácil. Embora o papel de vilão garanta mais chances de render boas críticas do que qualquer mocinho – mesmo que muito benfeito –, o ator sempre tem de estar preparado para a repercussão difícil nas ruas. Ser xingado, questionado e até agredido faz parte da vida de quem mergulha em personagens desprovidos de virtudes.

O primeiro vilão oficial da carreira de Marcello Novaes foi Jacinto, na minissérie Chiquinha Gonzaga (Rede Globo, 1999). Porém, o personagem não teve repercussão tão grande quanto a de Max em Avenida Brasil. “Não dá para comparar. É novela das 21h, de grande sucesso, com um autor que, se não for o melhor, é um dos melhores.” O inusitado desta vez é que o vilão, ao invés de despertar o ódio, conseguiu a façanha de cair nas graças do público. “É tão carismático que sou até chamado para fazer propagandas e convidado para inauguração de lojas. Algo fora do comum”, comenta o ator durante lançamento de linha esportiva da Lupo em loja na Oscar Freire. “As crianças adoram o Max”, completa.

A explicação para tamanha aprovação da sociedade talvez esteja em uma certa identificação do público. No fundo, as pessoas entendem que talvez ele seja desta maneira pela falta de estrutura familiar e escolar. Ele poderia ser um cara bom, e é um pouco sensível, inocente.”

Em 30 anos de carreira – 24 deles dedicados exclusivamente à Rede Globo –, Marcello vê o vilão de Avenida Brasil como um divisor de águas, assim como aconteceu com Raí de Quatro por Quatro, em 1994. “Max é, sem dúvida, um marco na minha carreira.”

DUPLA JORNADA

Além da dedicação intensa ao personagem, Marcello arruma tempo para ser paizão. E atribui aos filhos – Diogo, 18 anos, e Pedro, 16 – toda a energia que tem. Ao longo da entrevista, não se cansou de elogiar seus grandes companheiros de surfe e de vida. “A mudança começou no momento em que nasceu meu primeiro filho. Daí eu descobri o verdadeiro amor, incondicional. Eles me dão muita vida; são dois caras muito bacanas. Dá vontade de viver mais para acompanhar o crescimento deles.”

Os rebentos – o mais velho fruto do casamento com a empresária Sheyla Beta e o caçula, do matrimônio com a atriz Letícia Spiller, par romântico do personagem Raí em Quatro por Quatro (1994) – passam quatro a cinco dias por semana na casa do ator. “Agora mudou: eles visitam as mães e moram lá em casa. Brincam falando ‘minha mãe não sabe, mas moro aqui’. E de segunda e quarta a gente fica com elas, para não ficarem tristes”, diz aos risos. 

Mas é ele quem manda em casa, embora não cozinhe, varra ou arrume o quarto dos meninos. “Não tenho tempo. Seria humanamente impossível fazer uma novela desse tamanho, que exige muito de estudo e execução, e ter uma casa sem ninguém que me ajudasse a administrar. Mas sou o regente disso tudo.”

No papel de Timóteo, em Chocolate com Pimenta

GRANDES AMORES

Apesar de estar separado das mães de Diogo e Pedro, o clima pacífico é de se admirar. Marcello já foi flagrado em passeios na praia com a ex Letícia Spiller, inclusive quando ela já estava com o atual namorado, Lucas Loureiro. “Isso (separação) não fez com que a gente deixasse de ser uma família”, explica. Para ele, o amor continua, mesmo com o fim da relação. “Éramos um casal querido em uma novela de sucesso. Daí, esse casal acabou junto na vida real, teve um filho, se separou, mas continuou se amando, se respe



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