Deus da beleza

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Miriam Gimenes

Carlos Casagrande tumultuou feira em São Bernardo: mulheres clamavam por uma foto com o galã

Se Deus fosse compor a fórmula do homem perfeito, iria enlouquecer com as sugestões femininas. As incógnitas, certamente, variariam de A a Z, e compreenderiam atributos físicos e de personalidade. Algumas são bem previsíveis: as mulheres pediriam um rapaz alto, de porte atlético, dono de um sorriso digno de propaganda de creme dental, olhos hipnotizantes – que acompanham o formato do sorriso a cada gargalhada –, com fisionomia que não entrega a idade (mesmo que já tenha passado dos 40), simpático, romântico, bom marido (leia-se fiel) e, principalmente, um pai herói para seus filhos. Pois bem, se reunirmos os atributos, temos uma boa notícia: não se faz mais necessário compor a equação. Este homem existe e atende pelo nome de Carlos Casagrande.

Dada a informação, vamos aos fatos: o galã existe sim, mas há dez anos entregou seu coração à mulher de sua vida, a apresentadora Marcelly Anselmé, e fala do duradouro relacionamento com muito orgulho. Do amor, nasceram os dois filhos: Theo, 5 anos, e Luca, 2. O ator compara a chegada dos rebentos a um divisor de águas em sua vida. “Não é o que mudou na minha vida (com o nascimento deles), mas o que começou. É outra vida”, derrete-se. Depois de se tornar pai, ele ficou mais preocupado com sua integridade, ações e, principalmente, com o futuro. Admite que gostaria de ter mais um, mas respeita a vontade da mulher, que agora quer voltar ao trabalho, deixado de lado até agora para cuidar dos pequenos.

Carlos não abre mão de desfrutar o tempo livre com a família – até joga videogame com os meninos – e se intitula um grande incentivador de amigos solteiros. “O casamento seguro é uma delícia. O principal é a segurança, não ter ciúmes. Se fizer isso, 50% do seu relacionamento já estão a salvo”, aconselha. Também admite viver em um meio complicado, onde as oportunidades aparecem aos montes. Só que, uma vez conquistada a confiança da amada, ele não dá chance para perdê-la de jeito nenhum. “Posso viajar a trabalho (há pouco esteve em Roma) e minha esposa fica tranquila aqui. Este é o principal caminho.”

O assédio em torno dele é algo assustador. Embora tenha 44 anos, arranca gritinhos femininos de todas as idades. Durante a visita a um evento em São Bernardo, ocasião em que concedeu entrevista à Dia-a-Dia, o ator causou tumulto ao ‘desfilar’ pelas dependências do Pavilhão Vera Cruz. Por mais de uma hora, foi possível ouvir de tudo: mulheres dizendo que ele era ‘mais bonito ainda pessoalmente’, ‘perfeito’, ‘um absurdo de belo’. Algumas tiravam fotos com ele e ostentavam a imagem como troféu. Apareceram até homens enciumados, dizendo tratar-se de ‘muita frescura’ do mulherio. Ao melhor estilo Apolo (deus da beleza e perfeição), Carlos manteve-se simpático e sorridente durante mais de uma hora de via-crúcis rumo ao Monte Olimpo.

‘FUI JOGADO NO MUNDO’
Apesar do furor que provoca no público feminino, Carlos ainda guarda a simplicidade do rapaz nascido em Itararé, interior de São Paulo. Por isso, acha que o alvoroço que causa é resultado da exposição que a televisão proporciona, algo que não vivenciou nos tempos de modelo. Formado como contador, chegou a iniciar a faculdade de Administração, mas desistiu no 3º ano. Veio para a Capital a passeio e recebeu o convite para participar do concurso The Look of the Year, da Elite Models. Não só ganhou como foi o primeiro modelo masculino contratado da agência, nos idos de 1988.

Dois anos depois, o território verde-amarelo não era mais a sua casa: passou a modelar em Milão. Ficou um ano na Itália, com passagem por Paris, e durante uma década encarou a ponte-aérea entre Europa e Brasil. “Fui jogado no mundo”, lembra.

No começo, passou maus bocados. Tinha dificuldade de se comunicar e não conseguia fazer atividades básicas como comer, beber e dormir. Como o tempo é remédio para tudo, conseguiu por fim adaptar-se à nova rotina e acabou estampando campanhas publicitárias também na Inglaterra, Alemanha, Suíça e Turquia. O descendente de italianos, espanhóis e bugres – ótima mistura, diga-se – aprendeu a fórceps a ter jogo de cintura para encarar o que o destino lhe reservou.

À época em que iniciou a carreira, a moda ainda não existia no Brasil. Desfiles, nem pensar. “É mais difícil para o homem (ser modelo), que é coadjuvante na moda. A mulher é a protagonista. Se perguntar para qualquer dono de agência, ele vai dizer que 80% do lucro vêm das mulheres. O trabalho masculino é mais escasso.” E os trabalhos tornaram-se ainda mais raros quando voltou de sua estadia na Europa, em 1998.

Foi então que passou a fazer comerciais de TV. Chegou a emprestar seu rosto a sete campanhas publicitárias que entraram no ar ao mesmo tempo. Virou o ‘príncipe’ dos bailes de debutantes e apresentou mais de 200 deles. Ganhou tanta notoriedade que foi convidado a participar da Oficina de Atores da Rede Globo.

Três dias após se formar – da sexta para a segunda-feira –, já integrava o elenco de Malhação. “Fiz durante um período. Comecei como galã e terminei como vilão. Uma brincadeira ótima.” Em seguida, foi chamado para a minissérie Chiquinha Gonzaga, duas novelas na Record (Marcas da Paixão e Roda da Vida) e uma no SBT (Marisol).

Mas foi na pele do homossexual Rodrigo, de Paraíso Tropical (2007), na volta à Rede Globo, que o ator teve a oportunidade de interpretar seu personagem de maior repercussão. Ao invés de gerar polêmica, a relação assumida com Tiago (Sérgio Abreu) foi tão bem construída que Carlos foi parado diversas vezes na rua para receber congratulações em razão do papel. E como toda novela que tem gays na trama, a possibilidade do beijo foi levantada, mas não concretizada.

Para Carlos, não há necessidade de os casais gays chegarem às vias de fato nos folhetins. “Já conversei com vários tipos de gays. (O beijo) vira uma forma de chamar atenção. Há muitos homossexuais que não gostam nem da Parada Gay, porque vira um Carnaval. O personagem foi muito elogiado por não ser afetado.”

Bonito?

Mas, afinal, você se acha um homem bonito? “Não tenho como responder essa pergunta. É lógico que eu uso a minha plástica para ganhar dinheir



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