Literatura regional

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Eliane Souza

Plínio venceu concurso com seu livro de estreia

O mercado editorial brasileiro nunca esteve tão aquecido. Pelos números da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de São Paulo), no ano passado foram comprados cerca de 470 milhões de livros em território nacional, um recorde para o setor, que registrou aumento de 7,2% nas vendas. Apesar da boa fase, a preferência do público continua sendo por escritores já renomados, como Machado de Assis e Monteiro Lobato. Já os adolescentes preferem ficções da moda, a exemplo da história dos vampiros da saga Crescúpulo, da autora Stephenie Meyer.

Graças ao interesse pela leitura é que a última Bienal do Livro de São Paulo, realizada entre os dias 9 e 19 de agosto, atraiu 750 mil visitantes para prestigiar 1.180 autores no lançamento de 1.829 livros.

Para a escritora, editora e agitadora cultural Dalila Teles Veras, de Santo André, o sucesso editorial nem sempre está ligado a talento literário. “O mercado está cheio de autores que passam longe da literatura. Há vários livros de conferencistas ligados à autoajuda voltada para administração e negócios.”

O Grande ABC também possui seu celeiro cultural, com escritores que ultrapassaram os limites territoriais para se firmar no mercado. Dalila garimpou vários desses talentos na publicação de mais de 100 títulos entre literatura, ficção, ensaios e poemas da Alpharrabio.
Conheça a seguir as histórias de três moradores da região que se enveredaram pelo universo das letras.

 

PRIMEIRA VIAGEM
O educador Plínio Camillo, 52 anos, estreia no mundo da literatura com o infantojuvenil O Namorado do Papai Ronca. O título ficou em primeiro lugar no Concurso de Apoio a Projeto de Primeira Publicação de Livro no Estado de São Paulo do ano passado. Para o autor, uma grata surpresa: “Os amigos têm obrigação de gostar, mas alguém que nunca me viu apoiar foi gratificante. Não me considero bom. O que escrevi é que é interessante”.

Lançada em junho, a obra é um recorte de seis meses na vida do garoto Dante, 12 anos, inteligente, articulado e louco por futebol, que precisa ir morar com o pai em uma cidade do Interior enquanto sua mãe passa uns tempos na Itália para um curso.

Quando tinha a idade de seu personagem, o escritor, natural de Ribeirão Preto, já morava em Santo André. Dessa época, lembra-se dos tempos em que estudava na Escola Estadual Dr. Américo Brasiliense. Com a visão de um menino, narra a história da relação homoerótica do pai, como lida com o preconceito por parte da avó e as dificuldades do estudante, que muda de escola no meio do ano.

Sua maior inspiração é a filha de 16 anos, Beatriz. “Ela sempre foi minha leitora alfa. Leu o livro, gostou, achou interessante, palpitou e corrigiu. E não concordou com muitas coisas.” 

 

Tarso de Mello: ‘Escrevo, talvez, por um desvio’

ENTRE O DIREITO E A POESIA
Tarso de Mello, 35 anos, de São Bernardo, é coordenador de pós-graduação da Faculdade de Direito de São Bernardo e professor de Direito da Faculdade de Campinas. Mas entre uma aula e outra, dedica-se aos versos. Desde 1999, publicou sete livros – o oitavo já tem previsão de lançamento para novembro. “Escrevo, talvez, por um desvio, por gostar de ler e ter coragem de achar que também sou capaz de escrever”, justifica.

A pretensão literária o levou a lançar os livros de poesias A Lapso, Carbono e Planos de Fuga, além de diversos trabalhos publicados em revistas e antologias no Brasil e no Exterior.

Também editou as revistas Monturo e Cacto, e atualmente integra o comitê editorial do jornal de crítica K, que discute literatura na contramão do que é colocado em evidência pelo mercado. “É voltado para escritores, que descrevem o que estão lendo e do que estão gostando”, explica.

Na sua cabeceira não faltam contos de Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto e do curitibano Paulo Leminski. “As referências literárias mudam a cada temporada. Não é que abandono os autores, as referências é que se multiplicam.”

Sua excitação para as letras também se multiplica. Em novembro ele deverá lançar o Caderno Inquieto (Editora Dobra), com patrocínio do Programa de Ação Cultural da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo. Como o autor define, um livro que ao mesmo tempo discute uma visão crítica e incomodada das cidades, questionando o ato de fazer poesia com tudo. E se depender de Tarso, a duplicidade das carreiras deve continuar: “A literatura tem a ver mais com me satisfazer como leitor do que escritor”. Vida longa à poesia.

 

 

Gilberto Tadeu busca inspiração no cotidiano

OUTROS CARNAVAIS
O realismo de Machado de Assis e os contos de tragédia, adultério e amores impossíveis de Nelson Rodrigues inspiram Gilberto Tadeu de Lima, 54, de São Caetano. Economista de formação, há 15 anos os números dividem o tempo de Gilberto com as letras. Ele tem três livros de contos publicados pela editora Alpharrabio: Roupa Nova, Terapias Alternativas e

O Menino do Outro Mundo. “Me inspiro no cotidiano, como um bate-papo no trânsito ou em uma fila.” A mente criativa e a simplicidade com que conta as histórias lhe renderam

reconhecimento. Já venceu duas vezes o concurso literário do Esporte Clube Satélite, dos funcionários do Banco do Brasil, e um da Secretaria de Cultura da Prefeitura de Mauá. 

Agora está escrevendo seu primeiro romance, ainda sem título. Enquanto redige o 12° capítulo, adianta que a história de paixões e mágoas se passará em cidade do interior de Minas Gerais, tendo como pano de fundo a questão agrária e



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