Em busca do belo

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Heloisa Cestari

Foto: Shutterstock

Para o psicanalista Carl Jung, a arte é a expressão mais pura que há do inconsciente de cada um. Antes mesmo de inventar a escrita, o homem já recorria a manifestações artísticas para expressar emoções, revelar outro mundo sob sua ótica e até controlar a realidade com toques de magia. E se a arte imita a vida, a vida também ganha colorido especial quando encontra inspiração na arte para dar origem a viagens temáticas que refazem as trajetórias de grandes ícones do cinema, da literatura, música, pintura e arquitetura.

Os apaixonados pelo ofício das paletas, por exemplo, passam por uma espécie de catarse quando suas retinas capturam as pinceladas de grandes mestres do impressionismo pela região de Provence-Alpes-Côte d'Azur, no Sul da França.
 
Os fãs dos Beatles, por sua vez, contam com um motivo a mais para visitar Liverpool em 2012. Dia 18, a cidade comemora os 50 anos da primeira aparição de Ringo Starr como baterista oficial da banda que conquistaria o mundo.
Já os cinéfilos de plantão encontram roteiros especialmente montados para revelar os cenários de grandes sucessos da sétima arte pelo Reino Unidos, como as sequências de Harry Potter, James Bond, Sherlock Holmes, O Código Da Vinci, Alice no País das Maravilhas e Robin Hood.
 
E ainda dá para refazer os passos de Saramago e Fernando Pessoa por Lisboa; apreciar os acordes de grandes gênios da música clássica na Áustria; conferir os traços arquitetônicos ímpares de Gaudí em Barcelona; se encantar com as fábulas dos irmãos Grimm na Alemanha e sentir-se metamorfoseado em uma barata - pequenina em meio à imponência das construções - enquanto freqüenta os pontos preferidos de Kafka em Praga.
  
Basta escolher a expressão artística com a qual mais se identifica e deixar que os pincéis, versos e melodias lhe conduzam pelos caminhos da mais antiga de todas as línguas. Mas antes de embarcar, lembre-se da dica do famoso filósofo e poeta Ralph Emerson sobre a arte de fazer as malas: "Podemos viajar por todo o mundo em busca do que é belo, mas se já não o trouxermos conosco, nunca o encontraremos".
 
A CINEMATOGRÁFICA ROMA

Os estúdios da Cinecittà, nos arredores de Roma, são um dos grandes pólos de produção cinematográfica na Europa. A tecnologia, o espaço e a mão de obra qualificada para a sétima arte são excelentes na Itália. Tanto que o país da bota tem atraído número crescente de produções norte-americanas e até de Bollywood. A mais recente é Para Roma, Com Amor, de Woody Allen. E os cenários são mesmo dignos das telonas, dispensando qualquer tipo de `maquiagem`.

Quem nunca sonhou em mudar radicalmente o estilo de vida seguindo o exemplo da protagonista de Sob o Sol da Toscana ou banhar-se na famosa Fontana di Trevi assim como Anita Ekberg e Marcello Mastroianni fizeram em uma das cenas antológicas do clássico dos anos 1960 La Dolce Vita, de Federico Fellini? Nos dias quentes de verão, a vontade de pular na fonte, de roupa e tudo, é mesmo grande. Mas nem pense em fazer o mesmo: você seria, no mínimo, interpelado pelos carabinieri, que policiam o monumento 24 horas por dia.

A fonte também serviu de set de filmagem para o antigo Three Coins in the Fountain (A Fonte dos Desejos – 1945), de Jean Negulesco, e aparece de relance em Anjos e Demônios (2009), enquanto o professor Robert Langdon empreende uma ‘maratona’ para decifrar símbolos em obras de arte do Vaticano antes que todos os cardeais sejam assassinados. Mas poucas películas apresentam paisagens tão belas de Roma e da Costa Amalfitana quanto Nine (2009), de Rob Marshall.

Seja lá como for, vale lembrar que nem só de belas vistas vive a cidade. A comida também merece capítulo à parte, como bem observou a jornalista Elizabeth Gilbert (interpretada no cinema por Julia Roberts) no best-seller Comer, Rezar, Amar.

Na busca pelas coisas da vida que realmente a satisfaziam e livre das fórmulas de felicidade predeterminadas pela sociedade, ela separou-se do marido, saiu de casa, demitiu-se do emprego, desfez-se da maioria de seus pertences e embarcou para viagem de um ano, sozinha, pela Itália, Índia e Indonésia.

Em Roma, aprendeu italiano com um professor bonitão, o Giovanni, rendeu-se aos prazeres da mesa, viveu dias de ócio no mais autêntico estilo bel far niente e engordou os 11 quilos mais felizes e bem-resolvidos de sua vida.

Sua primeira refeição não foi nada de mais: spaghetti carbonara com uma porção de espinafre refogado no alho, uma alcachofra, vitela muito bem acompanhada por uma garrafa de vinho tinto da casa e tiramisù de sobremesa. Mas isso era só o começo da dolce vita. Depois, viriam as pizzas, carnes, massas de todos os tipos e os sorvetes - ah! os gelatos da San Crispiano...

Para quem tem boca e sonha em ir a Roma, a Raidho Tour Operator desenvolveu pacote de nove dias que incluem aulas de culinária com grandes chefs da gastronomia italiana, bem ao estilo manja che te fa benne.
 
O CÓDIGO DA VINCI

Em meio às obras de arte do Louvre, um misterioso assassinato leva o professor de simbologia Robert Langdon (Tom Hanks) a dar início a uma corrida contra o tempo para decifrar códigos medievais, segredos polêmicos sobre a vida de Jesus Cristo e interpretar pinturas renascentistas que podem revelar a identidade do assassino no filme O Código Da Vinci, adaptado do best-seller de Dan Brown.

A história foi bastante criticada pelo Vaticano por expor alguns dogmas da igreja e atraiu uma multidão de curiosos não só ao museu, para ver a Monalisa e a pirâmide invertida, como à Igreja de Saint Sulpice, onde o antagonista Silas (Paul Bettany) quebra parte do piso para recuperar uma caixa de metal antiga que estaria enterrada ali. Há visitas guiadas pela igreja todos os domingos, às 15h, pois muitos turistas têm vontade de conferir a imaginária Linha Rosa, que corta a cidade de Norte a Sul. 

Depois de passar pela França, Langdon e Sophie Neveu seguem para Inglaterra e Escócia na busca de códigos que lhes permitam desvendar o verdadeiro significado do lendário Santo Graal antes que o segredo caia em mãos erradas. Assim como em Paris, os templos britânicos que aparecem na trama de Dan Brown ganharam, repentinamente, destaque entre os roteiros elaborados pelas agências de turismo.

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