Entre cores e sabores

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Raquel de Medeiros

Aguçar todos os sentidos por meio do paladar é a especialidade de dois profissionais do Grande ABC: Alexandre Chalela e Talita Bernardinelli Morcelli. Em comum, esses alquimistas da cozinha apresentam a paixão pelos sabores da França e a aptidão para o empreendedorismo. Mas suas receitas não têm similares. São únicas, assim como suas inspiradoras histórias de vida.

Chef Chalela comanda pela primeira vez restaurante

CARDÁPIO ASSINADO

Depois de cozinhar em sete redes de hotéis espalhados por 48 países, o chef Alexandre Chalela comanda pela primeira vez um restaurante com seu nome. O Oui!!!Chalela, em Santo André, foi inaugurado há dois meses, em parceria com o empresário João Carolino Ramos, e segue à risca a tendência gastronômica mundial de oferecer diversos ambientes em um mesmo espaço. No primeiro pavimento funciona uma boulangerie (confeitaria). Na sequência, há um bar para degustação de vinhos e um restaurante à la carte, marcado por menu contemporâneo com uso de ingredientes brasileiros.

Os sócios procuram se destacar entre as várias opções gastronômicas do bairro Jardim oferecendo produtos premiados. Os pães são preparados pelo chef boulanger Jean Louis Clemont, considerado o padeiro número um da França, e o café – eles garantem – é feito com o melhor grão do mundo, chamado de Unique Café.

Durante o jantar, Chalela prepara delícias como a costela de tambaqui e o filé mignon recheado com queijo brie. Aos 40 anos de idade e 28 de profissão, o andreense de uma família de médicos e advogados não imaginava que comandaria jantares para personalidades como os ex-presidentes Bill Clinton e Lula, além das estrelas do pop Michael Jackson e Madonna. Sua vocação para aguçar sentidos por meio do paladar foi moldada com estudos de gastronomia na França.

Além de comandar as caçarolas do Oui!!!Chalela, ele é chef do programa Todo Seu, apresentado por Ronnie Von na Rede Gazeta. Garante que o segredo do sucesso na profissão é sempre estar atento ao mercado e à procura de novos sabores. Exemplo disso são as experiências com ingredientes tipicamente brasileiros que se tornaram sensação na gastronomia mundial, como a erva amazônica priprioca e a semente tonka, proveniente do cumaru. Tanta curiosidade para Chalela é fundamental para que ele seja, como se autodefine, um criador de pratos espiritualizados, que têm o poder de despertar emoções.

Talita Morcelli criou o ateliê Para Comer Rezando 

SANTO PECADO DA GULA

Se existe um pecado que poderia ser perdoado, há de ser o da gula. Foi cedendo a essa tentação que Talita Bernardinelli Morcelli, 25 anos, criou o ateliê Para Comer Rezando – Doces e Chocolates, em São Caetano. Estudante de biomedicina, ela percebeu que mudar de carreira não seria nenhum sacrilégio e, incentivada por familiares e amigos, colocou à prova os dotes culinários com a confecção de guloseimas por encomenda.

Entre suas especialidades estão macarons, cupcakes, brownies e whoopies. Este último ainda é novidade para o nosso paladar. Sua base leva farinha de trigo, açúcar, manteiga e clara de ovo para chegar à consistência de um biscoito. O sabor tradicional da massa é de chocolate com recheio de marshmallow.

Assim como Chalela, Talita aposta na combinação de técnicas francesas com ingredientes bem brasileiros, como goiabada e doce de leite. E também há misturas inusitadas para cupcakes, como o de massa de café com recheio de creme, cujo sabor lembra o da sobremesa tiramissu.

Tanta inspiração vem da vontade de comer. Assim, a gula deixa de ser pecado para se tornar fator determinante ao bom andamento dos negócios. Há pedidos tanto de clientes que adquirem dez cupcakes para presentear amigos quanto de empresas que solicitam 3.000 docinhos de uma só tacada. “Como todos os doces são frescos, já passei noites em claro para dar conta da encomenda”, conta a mestre-cuca, que chega a cumprir expediente de 14 horas ao lado da mãe e do marido.

Mais do que revelar seu talento como chocolatier, Talita descobriu-se empreendedora ainda jovem. Deve o sucesso do negócio às ajudas do marido na administração da loja e da mãe para a confecção dos doces. Só conta com auxílio de ajudantes free lancer para acabamentos e embalagens.

Na casinha rosa e marrom onde está a loja Para Comer Rezando, em São Caetano, funcionam também o escritório e a cozinha. Mas as delícias não ficam expostas por lá. Se bater o desejo de comer um docinho, é preciso encomendar. Afinal, esperar é o de menos diante da possibilidade de comer agradecendo aos céus.




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