Sonhos de ouro

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Miriam Gimenes

Arthur Zanetti participará pela primeira vez de uma Olimpíada. Foto: Nário Barbosa.

Três atletas, um sonho: voltar para o solo brasileiro com a medalha de ouro pendurada no pescoço. Inúmeras são as esperanças e chances brasileiras nos Jogos Olímpicos de Londres, que têm início no dia 27. E o Grande ABC conta com parte significativa destas apostas. Para mostrar o caminho trilhado por esses ‘heróis’ regionais, a equipe da Dia-a-Dia conversou com três expoentes de diferentes modalidades e se deparou com histórias de superação, talento e, principalmente, amor ao esporte. Se esses fossem os únicos pré-requisitos para subir ao pódio, eles certamente estariam no lugar mais alto.

 

ESPORTE NO DNA

O são-caetanense Arthur Zanetti, 22, tem o esporte tatuado em seu DNA. Explica-se: a mãe fez natação, o pai praticou atletismo e o irmão joga futebol. Para não fugir à regra, o rapaz, que integrará a equipe brasileira de ginástica artística, iniciou-se na modalidade aos 7 anos. "O professor de Educação Física me indicou, fiz o teste, passei e estou treinando até hoje. Boa parte da minha vida foi dentro de um ginásio", lembra.

Inúmeros são os meninos que tentam vaga como a conquistada por Arthur, mas é preciso ter alguns diferenciais, como estatura e mobilidade apropriadas. Soma-se a isso a determinação de superar adversidades – que são muitas, como lesões (ele teve três sérias) e dificuldade em conseguir patrocínio. "É complicado manter-se do próprio bolso. O incentivo está melhorando, mas precisamos de muito mais", reclama Arthur.

O apoio da família, segundo o atleta, foi determinante para ele seguir em seu sonho de chegar à primeira Olimpíada e conquistar os títulos anteriores: só no ano passado foi medalha de ouro nas argolas na Universíada, na China, e vice no Campeonato Mundial de Ginástica Artística (primeiro brasileiro da história a subir ao pódio da competição). Este último foi o título que garantiu seu lugar cativo em Londres.

Arthur, no entanto, preocupa-se com o futuro. Como a carreira de um ginasta não é longínqua – até 30 anos, em média -, ele cursa, em paralelo aos treinos diários, faculdade de Educação Física na USCS. "Quando parar talvez seja professor na área esportiva", planeja. Até lá, o atleta tem muito a conquistar. "Estou trabalhando muito para fazer bonito e dar um bom resultado", promete.

 

APAIXONADA PELO BRASIL

Mesa-tenista Gui Lin treina com Hugo Hoyama e é promessa de medalha em Londres. Foto: Nário Barbosa. 

Há exatos seis anos a chinesa Gui Lin, 18, quis deixar o seu país para conhecer um novo território. A adolescente não tinha como objetivo só passear ou fazer cursos. Ela queria também se profissionalizar em um esporte que aprendeu a gostar ainda na escolinha onde ficava enquanto os pais trabalhavam: o tênis de mesa. "Depois de dois anos praticando, comecei a levar a sério", lembra. A ideia de vir para o Brasil surgiu após o convite da CBTM (Confederação Brasileira de Tênis de Mesa). A chinesa prontamente aceitou e veio fazer intercâmbio em solo verde-amarelo.

Hoje naturalizada brasileira e defendendo o Palmeiras/São Bernardo, a jovem integrará a equipe brasileira em Londres. E não tende a fazer feio, já que seu treinador é o também atleta da região e consagrado Hugo Hoyama. "Ele é mais que meu treinador, é meu amigo. Hugo me ajudou muito na adaptação aqui no Brasil e me mostrou como é importante ajudar as pessoas e fazer tudo com amor", diz, acrescentando que o processo não foi tão fácil quanto parece.

Embora adore a gastronomia brasileira e seja fã de Michel Teló, lembra que aprender o português – que ela ainda pronuncia com sotaque – foi o desafio mais difícil ao chegar aqui. Mas conseguiu superar os obstáculos, inclusive com o apoio dos pais, que continuam na China. Já conquistou sete vezes a Copa do Brasil, é tricampeã brasileira, ganhou cinco Jogos Abertos e promete: "Vamos fazer o melhor pelo Brasil". Com este currículo e a ajuda de peso que tem, alguém duvida?

 

Natália lutará pela terceira vez na competição. Foto: Wander Roberto/Inovafoto/Divulgação.

LUTADORA NATA

A paranaense Natália Falavigna, 28 anos, percorreu diversas escolinhas – handebol, futebol, natação, vôlei e tênis - até encontrar sua vocação: o taekwondo. Apresentada por uma amiga ao esporte, foi aos 14 anos que ela decidiu dedicar-se à modalidade. A atleta, que lutou por São Caetano há alguns anos, agora pertence ao Fluminense. Mas voltou há pouco para o Grande ABC a fim de fazer intercâmbio antes de ir a Londres. "A cidade (São Caetano) investe bastante no esporte individual e foi bom contar com alguns atletas daqui para aprimorar meu treino." Durante sua estadia pela região, ela treinou no A.D. São Caetano e em algumas academias.

Esta será sua terceira Olimpíada. Na de 2008, em Pequim, Natália conquistou o bronze - primeira medalha do taekwondo brasileiro nos Jogos Olímpicos. Mas ela quer mais. "Sempre procuro fazer o meu melhor e trabalho bastante para isso. Agora tenho mais experiência e vou deixar em quadra tudo o que treinei nesses anos."

E a atleta tem coleção de títulos. O primeiro foi o Campeonato Mundial Juvenil de taekwondo em Killamey, na Irlanda, em 2000. Ela também participou de 29 competições internacionais e subiu ao pódio 24 ve



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