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Cadeira Esqueleto do arquiteto paulistano Pedro Paulo Santoro Franco. Foto: Leticia de Castro Strazzi |
O Salão Internacional do Móvel de Milão chegou ao fim com uma série de lançamentos de tendências que prometem ditar os rumos da produção de arquitetos, decoradores e designers de todo o mundo nos próximos 12 meses. A feira é dividida em vários segmentos, por isso é chamada de ‘I Saloni’, que em português significa ‘Os salões’. E neste ano ainda contou com o Eurocucina (de cozinhas) e o Salão Internacional de Banheiros.
No ano que vem, será a vez do Euroluce, com tudo para iluminação. E as manifestações não se limitam somente à Feira Milano Rho, invadindo também museus, palácios e as próprias ruas do centro da cidade, que costumam ser tomadas por festas como a Fuorisalone, que contagia Milão com peças de design único.
Uma característica interessante observada na edição deste ano foram os reflexos da crise econômica na Europa e nos Estados Unidos, que acabaram por dar margem à criação de uma nova tendência: o luxo low cost. A crise já deu o ar da graça na Itália e político nenhum consegue mais esconder a má fase. Muitas indústrias italianas estão conseguindo se equilibrar graças aos novos mercados emergentes, porém o mercado interno ficou balançado, dando origem a uma novidade para o consumidor: móveis de design com grife e qualidade por preços mais acessíveis.
Um exemplo é a empresa FLOU, marca histórica do Made in Italy que lançou a cama com o nome Essentia, vendida por 1.300 euros (cerca de R$ 3.200), bem diferente do preço médio de outras camas desta mesma marca, como a do modelo Bluemoon, que custa 4.000 euros (R$ 9.900, aproximadamente).
Este é um fenômeno que já se verificou no setor da moda/vestuário, onde as grandes marcas lançaram outras linhas que também representam um luxo, porém low cost. Um exemplo conhecido no Brasil é a Armani, que tem sua segunda linha representada por Emporio Armani e Armani Jeans.
FEIRA EM NÚMEROS
Expositores:1.750 mais 750 designers do Salone Satellite
Área: 209 mil metros quadrados de área para os expositores mais 321 mil metros quadrados de circulação e outros espaços, somando total de 530 mil metros quadrados.
Mesmo com a crise, todos os espaços foram vendidos, o que vem a confirmar a importância mundial deste evento, que coloca em evidência a tradição italiana como vitrine do design internacional. Os visitantes somaram mais de 300 mil pessoas provenientes de 160 países.
BRASIL NA ITÁLIA
Depois do italiano, o português era a língua que mais se ouvia entre os empresários, arquitetos, industriais e decoradores brasileiros, muitos da região do Grande ABC. Vale destacar os Irmãos Campana, que mostraram design 100% brasileiro no sofá Aster Papposus da Edra, além da cadeira do arquiteto Pedro Paulo Santoro Franco.
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Salão Internacional de Banheiros: outro destaque da mostra 2012. Foto: Leticia de Castro Strazzi |
KARIM RASHID
Eu estava caminhando na feira por uma parte dos 530 mil metros quadrados da Milano RHO com passo acelerado, pois não podia perder de ver e ouvir o archistar (na tradução, arquiteto celebridade que é uma star) Karim Rashid e confesso que estava curiosa para ver o projeto da sua cozinha para a empresa italiana Aran Cucine, que foi além das minhas expectativas, no melhor gênero high tech, superminimalista. Um charme o toque de pink, uma das cores preferidas dele, que foi usada para realçar a cozinha total black.
Karim Rashid nasceu no Cairo , cresceu em Londres e em Toronto. Formou em Desenho Industrial na Carleton University de Ottawa e completou seus estudos na Itália. Hoje, vive em Nova York, onde tem seu escritório desde 1993 e foi dali que partiram para o mundo as suas criações que ultrapassam o número de 3.000. Algumas fazem parte de coleções permanentes de museus como o Moma. Alguns de seus clientes: Artemide, Alessi, Samsung, Veuve Cicquot, Prada, Armani e Kenzo. Vale citar dois dos seus livros: I Want to Change the World e Karimspace.
No Brasil, ele tem como cliente a Melissa, já passeou várias vezes no nosso País e, em 2008, teve uma mostra dedicada ao seu trabalho no Instituto Tomie Ohtake, em Sao Paulo.