A música brasileira mais tocada de todos os tempos completa bodas de ouro. Dada sua contemporaneidade, parece que o tempo não passou nem para a melodia nem para a musa inspiradora de Tom Jobim e Vinicius de Moraes quando, sentados no Bar do Veloso, em 1962, foram sensíveis o bastante para transformarem em verso e música a beleza personificada em corpo de mulher: no caso, Helô Pinheiro, a eterna Garota de Ipanema, que arrancou suspiros de muito marmanjo com seu doce balanço a caminho do mar. De lá para cá, muita coisa aconteceu, principalmente na trajetória da personagem principal desta história. Assim como predizia a canção, o seu mundo inteirinho se encheu de graça e ficou mais lindo por causa do amor. Sentimento esse que norteou sua vida, a levou ao altar e a fez constituir - paralelamente à carreira de modelo, empresária e apresentadora - o seu bem maior, que é a família, cujos laços não tendem a desatar jamais. 

 

Essa ligação, tão preciosa para a carioca, é muito bem representada pela relação que mantém com a filha que seguiu seus passos, Ticiane, 35 – além dela, Helô é mãe de Kiki, Fernando Júnior e Jô Pinheiro. E a dupla está cheia de motivos para comemorar. Pela primeira vez trabalham juntas na televisão, no programa Ser Mulher, que estreou em abril no canal pago Bem Simples, da Fox. Trata-se de um projeto antigo de Helô acatado pelo diretor Paulo Franco. O trabalho permitiu não só mostrarem a relação próxima de mãe e filha como também darem dicas de beleza para mulheres - assunto do qual, diga-se de passagem, são peritas. “Concretizamos um sonho antigo que estava adormecido, foi muito bom para nós”, comemora a musa de Vinicius. 

 

A semelhança de ambas não se limita a atributos físicos e escolhas profissionais. Elas são uníssonas em exemplificar os traços de personalidade que compartilham e que as fazem ficar tão próximas: não guardam rancor, não são orgulhosas, são fáceis de lidar e, principalmente, se dão bem com a maioria das pessoas. “Minha mãe sempre foi meu espelho, meu ídolo. Sempre gostei da profissão dela, do mundo em que vivia e queria também fazer isso. A gente tem uma amizade muito forte”, revela Ticiane. A afinidade também é compartilhada com os demais irmãos e o patriarca da família, o engenheiro Fernando Pinheiro, com quem Helô é casada há 45 anos. 

 

Mas foi apenas quando se tornou mãe que Ticiane - casada há seis anos com o apresentador e empresário Roberto Justus - soube o que era o amor incondicional. “Hoje dou mais valor à minha mãe porque tenho certeza de que todo esse amor, todo cuidado que tenho com a Rafa (Rafaella, 2), ela teve comigo.” Mesmo quem ainda não teve o prazer de desfrutar os privilégios da maternidade como as duas percebe, com seus exemplos, que a ligação entre mãe e filhos vai além do sangue, dos genes e da educação disposta ao longo da vida. Trata-se de elo mantido por um sentimento radicado na alma. Não à toa, o Dia das Mães, comemorado neste mês, é tão festejado nos quatro cantos do País, inclusive na casa do clã Pinheiro. 

 

A diferença entre as gerações de mãe e filha é gritante. Enquanto a adolescente Helô foi impedida pela família de alçar voo quando despontou como musa inspiradora dos principais nomes da Bossa Nova na época, Ticiane teve toda a liberdade para seguir os passos da mãe e escolher o caminho a trilhar.  “Foi um desperdício meus pais terem me segurado. Meu pai era militar e minha mãe era separada dele, então ela sempre tinha de dar satisfações. Quis que elas tivessem tudo aquilo que não tive (liberdade), mas com responsabilidade”, diz Helô, ressaltando que educou os filhos na base da conversa e sempre prezou, em primeiro lugar, a amizade. 

 

Ticiane confirma a educação dada pela mãe. Mesmo tendo essa regalia, sempre se preocupou em não enveredar por qualquer caminho que pudesse desapontar os pais. “Tive liberdade muito bacana e até respeitava mais os meus pais por isso. Eu era modelo e, no meio em que vivia, havia drogas. Você vê muita coisa. Mas nunca quis fazer nada disso porque tinha respeito e medo de decepcioná-los.” Isso a fez ser responsável e valorizar os ensinamentos familiares, assim como os demais irmãos.

 

O único ponto em que mãe e filha diferem é em relação à superproteção. Helô admite que exagera “um pouco”, mas comemora porque nenhum de seus filhos quebrou sequer um dedo durante toda a vida. “Às vezes, quero fazer isso com as minhas netas (Rafa, Lolle e Bruna). Sei que não é muito certo, mas se todos estão bem até hoje é porque valeu.” Ticiane, por sua vez, não fica em cima da filha, mas faz de tudo para estar o mais presente possível na vida dela. Tanto que prefere marcar os compromissos à tarde, horário em que a pequena costuma dormir. É que, além do programa da Fox, a musa de Justus começa a gravar nos próximos meses o quadro Brazil’s Next Top Model do programa Tudo é Possível, apresentado por Ana Hickmann na Rede Record. Ela, que começou a carreira de modelo aos 14 anos pela Ford Models, usará de todo seu know-how para selecionar, nas principais capitais do País, as candidatas que ficarão confinadas em uma casa, onde serão submetidas a desafios e provas ligadas à moda. Em paralelo, Ticiane também está fazendo aulas de canto para o musical que estreará em agosto, o Toda a Natureza, onde ensinará às crianças a importância de ações sustentáveis para o futuro da humanidade. 

 

Ao que tudo indica, Rafaella parece ter herdado também o gene artístico da avó e da mãe. A pequena está sendo chamada de Suri Cruise brasileira (uma alusão à pequena filha de Tom Cruise e Katie Holmes, sempre clicada por paparazzi) porque também adora um flash. “Ela parece que vai levar jeito para a coisa. Se for a vontade dela, vou dar total apoio. Pode ser que ela siga meus passos”, afirma Ticiane, que iniciou a carreira de atriz aos 7 anos na TV Criança e formou-se em Cinema e Jornalismo. 

Mais filhos? “Fiz um trato com meu marido e ele falou que quatr