Cinco décadas de amor aos sons brasileiros

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Vinícius Castelli - Diário do Grande ABC

"No meu palco você não vê uma cerveja. Não tem ninguém fumando no meu palco. Não trabalho com maluco, não tem cocaína, não tem fumador de maconha e não tem bêbado. Eu tenho música. Eu faço música brasileira. Que, para mim, é a melhor do mundo". É assim, colocando ordem na casa, que Leny Andrade mostra a que veio.

Figura que abandonou a música clássica ainda aos 15 anos, para desgosto da mãe, porque escolheu mergulhar no gênero popular, a cantora, apaixonada pelas vozes de Dircinha Batista, Dalva de Oliveira, Elza Laranjeira e Ademilde Fonseca, aproveita para comemorar as cinco décadas da bossa nova com o lançamento de "Leny Andrade Ao Vivo" (Music Brokers, R$ 50 em média). Além desse, concertos de Pery Ribeiro, Maria Creuza e do grupo Os Cariocas também ganham lançamento com CD e DVD.
 
Gravada no Teatro Rival, no Rio de Janeiro, em 2003, a apresentação de Leny chega às prateleiras nos dois formatos e traz 16 composições de alguns dos mais importantes compositores brasileiros. Carlos Lyra, Roberto Menescal, Tom Jobim, João Donato e Johnny Alf são alguns dos nomes que figuram entre os compositores interpretados pela carioca. 
Aos 69 anos, a cantora esbanja elegância, energia e desfila seu vozeirão em canções como a belíssima "Dindi", de Tom Jobim. "Eu canto "Dindi", como essa que está aí nesse trabalho, e as pessoas ficam em pé. Em plena Nova York, no Avery Fisher Hall, 3.000 pessoas ficaram em pé comigo cantando em português. Eu e meu trio. Isso não tem preço", relembra a cantora.
 
A agenda no Exterior é intensa e as apresentações estão sempre lotadas. Segundo ela, algumas plateias chegam a ter 12 mil pessoas. "São mais de 300 festivais internacionais de jazz, em todos os lugares. Holanda, Itália, Tóquio... Dentro do Japão, há cidades que nem sei te dizer o nome, umas cidades que toquei só com o Menescal. Uns lugares que você nem imagina que existam, mas é um encantamento", diz. 
 
REPERTÓRIO
Momentos como "Nós", faixa escrita por Johhny Alf, roubam a cena. Repleta de arranjos delicados, é um dos momentos mais românticos do show. "Batida Diferente" serve de pano de fundo para Leny, o contrabaixista Lúcio Nascimento, o baterista Adriano de Oliveira e o pianista Tito Freitas abusarem dos improvisos e mostrarem toda sua experiência. 
 
Leny promove rico mergulho na obra de Roberto Menescal e dá ao público releituras como "Você", "O Barquinho", "A Volta", "Telefone" e "Rio". O show passeia ainda por músicas como a delicada "Vagamente", e tem momento inspirador com "Saudade Fez Um Samba". 
 
Apaixonada pelo trabalho que realiza, a carioca da Zona Norte fala com gosto do amor a música. "Encho a boca para dizer que na minha carreira não gravei disquinho. Não gravo porcaria, não me interessa dinheiro, não quero ficar rica com música. Música é uma entidade espiritual com a qual eu lido", afirma. "Eu só canto em português. Não sei duas frases de "Garota de Ipanema" em inglês porque eu não preciso saber",brinca.     
 
 
FAIXAS
1 - Céu e Mar
2 - Nós
3 - Batida Diferente
4 - Dindi
5 - Wave
6 - Lugar Comum
7 - Saudade Fez Um Samba
8 - Você
9 - O Barquinho
10 - Vagamente
11 - Fim de Noite
12 - A Volta
13 - Se é Tarde Me Perdoa
14 - Canção Que Morre no Ar
15 - Telefone



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