O chique do rústico

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Heloisa Cestari

Divulgação

Vila Naiá foi eleito o melhor hotel de praia da América do Sul

Já se foi o tempo em que, para explorar os pontos mais recônditos do litoral Sul da Bahia, o turista tinha de aderir à onda hippie ou incorporar o espírito de um bandeirante para desbravar recantos ainda inexplorados sem se incomodar com chuveiros frios, comida duvidosa à luz do lampião e camas desconfortáveis. Apesar do clima sossegado, com praias semidesertas e natureza intacta, diversos empreendimentos espalhados pelo trecho que parte da Ponta do Corumbau e se estende até Trancoso provam que é possível oferecer mordomias sem abrir mão dos ares rústicos.

Primeira parada: Corumbau, pequena vila de pescadores onde o encontro do rio com o mar forma uma comprida ponta de areia que avança sobre as águas salgadas do litoral baiano. Difícil imaginar que um lugar tão simples e de acesso precário – quando chove, a estrada de terra fica intransitável – esconda pousadas de luxo. Mas é exatamente essa dificuldade em chegar que garante o exclusivismo dos hotéis, quase todos providos de heliponto.

É o caso do Vila Naiá, que engana à primeira vista com a aparente simplicidade de suas cabanas de madeira. Pura ilusão de ótica. Basta adentrar a área comum para entender os motivos que levaram o badalado guia britânico Condé Nast Johansens a conceder ao Naiá o prêmio de melhor hotel de praia da América do Sul 2011. Na orla, o serviço de bar leva drinques e petiscos aonde o hóspede estiver. Ao lado da piscina, sessões de pilates equilibram corpo e mente. E ainda há passeio de lancha ou carro até as vizinhas Caraíva, Cumuruxatiba, Barra Velha, Barra do Cahy, Praia do Espelho e Trancoso, com opções de trekking, canoagem e mergulho.

Algumas dezenas de quilômetros adiante de Corumbau, o turista alcança Trancoso, povoado descoberto por hippies na década de 1970 e que, passados mais de 30 anos, tornou-se sinônimo de turismo sofisticado, com inúmeras butiques de grife, lojas de decoração, ateliês e restaurantes à luz de velas em pleno Quadrado – o point dos alternativos de outrora. É lá que se pode provar o atum grelhado com molho de shoyu e gengibre do Capim Santo, os bacalhaus do El Gordo e o camarão com arroz na folha de bananeira do Cacau. Com sorte, no verão, dá até para conferir uma canja de Elba Ramalho, a mais célebre moradora local, com todo o intimismo que o mágico Quadrado proporciona. Não à toa, colunistas sociais montam campana por ali nos meses mais quentes do ano na esperança de clicar celebridades em férias.

As pousadas também acompanharam os novos tempos. Não bastasse o já conceituado Club Med, na Praia de Taípe, a região ainda abriga a Villas de Trancoso, que esbanja charme em seus bangalôs equipados com DVD, cama king size, travesseiros com pena de ganso e roupões fofinhos.

Já a Pousada da Estrela oferece acesso direto à Praia dos Nativos. Os aficionados por MPB têm motivo a mais para se hospedar lá: o restaurante, a sala de estar e uma das suítes ocupam espaço da antiga casa de Gal Costa.

Mas essas acomodações viraram coisa do passado. Como Trancoso não cansa de lançar modas, a nova tendência são os hotéis-casa, que oferecem imóveis minuciosamente decorados, com jardim privativo, móveis modernos e camareiras que aparecem especialmente para preparar o café da manhã. O Jacaré do Brasil mantém cinco casas no Quadrado decoradas pelo arquiteto Sig Bergamin. O espaço comum, com bar à beira da piscina, é assinado pelo paisagista Gilberto Elkis.

Outro empreendimento que aderiu ao novo conceito é o Uxua, do holandês Wilbert Das, diretor criativo da grife italiana Diesel. Foi ele mesmo quem desenhou algumas das casas, todas com cozinha equipada e uma até com piscina particular. Onde? No coração do Quadrado, claro.  




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