Os segredos das divas

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Raquel de Medeiros

Divulgação
Ivete queria ser dentista mas se rendeu aos encantos da música

Toda criança olha para elas e sonha em ser igual. Mesmo os olhos ingênuos da infância percebem que há algo de especial nelas. Um je ne sais quoi de deusa, sorrisos irresistivelmente perfeitos, cabelos sedosos e olhos brilhantes, como se a felicidade morasse ali. No dicionário, divas são divindades femininas, musas inspiradoras, atrizes ou cantoras de notável talento. Mas no imaginário popular esse conceito extrapola qualquer definição da palavra. Afinal, como expressar em poucos vocábulos o fascínio que despertam em multidões? Impossível. São divas e ponto.

Para o autor do livro Divas no Brasil, Evânio Alves, elas são mulheres que têm algo a mais, e apresentam uma característica em comum: “personalidade”. Deve ser isso. Um jeito de ser único, que faz com que todos os olhares paralisem-se diante delas. Marilyn Monroe hipnotizou o mundo com seus inesquecíveis cabelos loiros e a charmosa pinta no canto da boca carnuda. Morreu cedo, supostamente vítima de overdose, mas vive até hoje nos sonhos de muita gente. Princesa Diana foi ícone de elegância e ditou moda nos anos 1980 e 1990. Milhares de fãs acompanharam seu enterro depois do trágico acidente de carro em 1997, quando tentava escapar dos flashes dos paparazzi. Carmem Miranda também marcou época e fez história com seus trajes coloridos e sorriso singular. Assim como Audrey Hepburn, Sophia Loren, Brigitte Bardot, Elizabeth Taylor e tantas outras que fizeram homens babarem e mulheres morderem-se de inveja. Cleópatra, Evita Perón, Jacqueline Kennedy e a dama de ferro Margaret Thatcher, cuja trajetória acaba de ganhar as telas de cinema, não ficavam atrás com suas mentes inquietas, polêmicas e sedutoras.

Foram o primeiro amor de muitos garotinhos em frente à TV. Foram também exemplos de moda, estilo e comportamento para grande parte das mulheres. E ainda são. Quem nunca pediu um corte à la Gisele Bündchen para o cabeleireiro? Quem nunca sonhou em ter o corpo malhado de Adriane Galisteu? Quem não desejou as pernas esguias de Ana Hickmann, o talento irretocável de Fernanda Montenegro, a energia de Ivete Sangalo, a vida de sonho de Grazi Massafera?

Mas a vida de fama não é fácil. Elas enfrentam noites maldormidas e solitárias; têm de estar com o make impecável; travam lutas contra a balança; fogem dos paparazzi; têm tempo curto para a família e os amigos. Mortes, doenças, vício em drogas, críticas e fofocas são outras agruras vividas por esses ícones. “Como já dizia Marlene Dietrich, a fama é para os desafortunados. Ou seja, ser diva está longe de significar felicidade. Acho que é bem o contrário, pois a maioria delas sofre muito sentimentalmente, chegando até mesmo a tirar a própria vida”, diz Alves.

Mas, se algumas ainda encontram na morte caminho fácil, outras tantas se vestem de coragem e transformam-se em exemplos de fé, perseverança, coragem, superação.

Confira a seguir a personalidade por trás do suor, das lágrimas e das alegrias de três divas da atualidade: Ivete Sangalo, Ana Maria Braga e Adriane Galisteu.

IVETE SANGALO

Ela nasceu em Juazeiro, na Bahia, em uma família de músicos. Porém, entre os cinco irmãos, foi quem caiu nas graças do povo. Em cima do trio elétrico, só dá Ivete. Nos palcos do Brasil afora, também. Como um ímã, a voz grave e meio rouca vai hipnotizando e atrai multidões. Beleza, senso de humor, carisma ou talento? Difícil dizer o que mais se destaca na personalidade dessa baiana.


O mulherão – que queria ser dentista quando criança – logo se rendeu aos encantos da música. O começo humilde, cantando e tocando violão nos intervalos da escola e em encontros de família nos anos 1980, não dava noção do surpreendente caminho que percorreria mais tarde. Muito menos que em 2008 seria aclamada como a maior vendedora de DVDs do mundo.

A façanha hoje é encarada com naturalidade pela cantora. “É resultado de muito esforço e trabalho. Sinto-me honrada com isso. Faço tudo pensando nos fãs e esse reconhecimento é o que me motiva.”

Não que ela esperasse pelo sucesso avassalador, mas mergulhou tanto no trabalho – de corpo e alma – que o retorno dificilmente seria outro. Na época da Banda Eva, chegou a fazer 30 apresentações por mês. Rotina extremamente pesada, cansativa, mas que não intimidou a cantora. “O sucesso é o resultado do trabalho. Ele não chega para quem está em casa esperando por ele; chega para quem vai à luta.”

E a batalha foi boa. Começou muito antes de o público morrer de amores por ela. Por causa da morte do pai, aos 15 anos, a baiana teve de aprender cedo a encontrar seu espaço. Extrovertida e cheia de iniciativa, ajudava a vender as marmitas produzidas pela mãe, Dona Maria. Aos 17, pôde extravasar suas dores e amores – e arrecadar um dinheiro – pelos palcos de bares noturnos soteropolitanos.

No início dos anos 1990, conheceu o fundador do Bloco Eva, Jonga Cunha. Dali faltava pouco para o furacão Ivete Sangalo passar. Na Banda Eva, lançou seis álbuns e vendeu mais de 5 milhões de cópias. Em 1992, ganhou o trófeu Dorival Caymmi de melhor intérprete.

Emplacou hits como Flores, Beleza Rara, Levada Louca, Arerê, entre outros. Foi indicada dezenas de vezes ao Grammy Latino – levando troféu de melhor álbum de música de raízes brasileiras em 2005 –, mas, entre tantos títulos e elogios, mantém a humildade. Ivete diz que não se considera especial, mas uma mulher como as outras. “Acho que me enquadro no perfil da mulher brasileira, que trabalha, cuida da casa, da família. A mulher brasileira é exemplo de força, de luta. Sinto orgulho de ser mais uma entre tantas.”
E mesmo hoje em dia, nem tudo é glamour. Para ser a musa baiana de pernas bem torneadas, Ivete – que vem de uma família de obesos e sempre travou luta com a balança – tem de pegar pesado na malhação. Além das dezenas de shows que faz pulando incansavelmente em cima dos trios, cumpre rotina de atividades aeróbicas e musculação, de três a cinco vezes por semana, independentemente de gostar ou não. Faz parte das obrigações da diva, que tem de apresentar no palco silhueta aprazível aos olhares.
Boa de garfo, resiste bem às tentações à mesa. Segue orientação alimentar de um especialista e dificilmente sai das regras, já que é casada com um nutricionista.

A grande bat



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