A vida em primeiro lugar

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Miriam Gimenes

Andrea Iseki
Sylvia conscientiza sobre diabetes

Hipócrates ficaria orgulhoso. O pai da Medicina, que viveu entre os anos 460 e 377 a.C., deixou como herança a busca incessante pela ética e moral no ofício. Quem escolhe a mesma profissão tem como premissa prevenir e curar doenças – tanto em humanos quanto em animais – em nome de um bem supremo: a vida. Alunas exemplares, as médicas cujas histórias podem ser conhecidas a seguir cumprem seu legado à risca.

NÃO É BRINCADEIRA

Menina geralmente brinca de casinha quando criança. Imita a mãe no preparo do jantar, tem a vassoura para limpar a sala e até põe fraldas nas bonecas. Mas Sylvia Ghiotto Abdian, 63, nunca teve esse costume. Seu entretenimento preferido era fazer das amigas pacientes e ela, é claro, a médica. Teve certeza, no entanto, de escolher essa profissão como sua quando passou por alguns problemas de saúde na adolescência e foi acolhida por excelentes profissionais. O resultado? Formou-se endocrinologista e atua há anos em São Bernardo, onde mantém consultório. “Como tenho genética de diabetes dos lados materno e paterno, dedico-me ao assunto”, explica.

Sylvia é integrante da Adiabc (Associação de Diabetes do ABC) e promove palestras na sede para portadores de diabetes tipo 1 e 2. “Educar é um grande passo para amenizar a doença, além de ser muito gratificante.” Os cursos são dados a enfermeiros, diabéticos e familiares na sede da associação. A endocrinologista ressalta a importância dos familiares no combate à doença ou em qualquer outra situação. Ao longo dos anos, para administrar carreira e casa, teve a ajuda incessante da mãe e do marido – porque, além da profissão, tem dois filhos já adultos.

A endocrinologista faz questão de ressaltar que a doença, embora muitos não deem a devida importância, é muito preocupante. “Como não dói, as pessoas empurram com a barriga. Aí mora o perigo. Com o nosso trabalho de alertar, o indivíduo vai entender a necessidade de ter cuidado maior com ele mesmo e isso estimula o controle.”


PREVENIR É O MELHOR REMÉDIO

Celso Luiz
A mastologista Andrea Cubero

O câncer de mama é o segundo tipo da doença mais frequente no mundo e tem como vítima em potencial mulheres com mais de 35 anos. Dados do Inca (Instituto Nacional do Câncer) apontam que 52.680 novos casos devem ser diagnosticados ainda neste ano. E é para ajudar que alguns deles sejam identificados o quanto antes – o que aumenta as chances de cura – que a mastologista Andréa Cubero, 37, dedica sua vida. A paixão pela profissão e a tendência a querer cuidar dos outros a fizeram escolher desde pequena essa profissão, o que a levou a cursar medicina na PUC de São Paulo.

Há seis anos a especialista faz parte da Associação Viva Melhor, de Santo André, que nasceu com o intuito de ajudar e apoiar as mulheres mastectomizadas. Andréa atua como parceira da organização e participa de várias ações do grupo. “Trabalho com elas em campanhas de orientação em relação à prevenção, principalmente na periferia”, explica. A intenção, segundo a especialista, é levar àquelas que nunca fizeram a mamografia a consciência de quão importante é a detecção precoce.

O seu interesse em ajudar os acometidos pela doença se intensificou após ter dois casos na família: um deles foi o pai, que teve câncer de próstata. “Quando minha mãe ligou falando que ele tinha recebido o exame e leu o diagnóstico, despistei e desliguei o telefone. Chorei muito. Mesmo sendo médica, era meu pai, e nessas horas você não pensa.” A sorte, acrescenta, é que a medicina avançou muito e seu pai conseguiu curar-se da patologia há sete anos.

Por ter duas filhas pequenas, Luana e Olívia, com 6 e 4 anos, respectivamente, Andréa tenta administrar sua agenda para também dar conta das responsabilidades familiares. “O dia deveria ter, pelo menos, 36 horas”, brinca. Ainda assim, faz questão de estar em todas as ações populares promovidas no município, como ônibus da saúde, caminhadas, eventos de atualização da associação, além de dar cursos a empresas sobre o tema. Sua luta pela prevenção é incansável.

 

DIGNOS DE RESPEITO

Celso Luiz
Doroti e seu 'rei' Benjamim

A especialista em medicina do trabalho Doroti Baraniuk é amante dos animais. Além de trabalhar como médica da Fundação Santo André e do Instituto de Tecnologia Mauá (leia-se milhares de pessoas), administrar uma empresa de medicina ocupacional e ser perita judicial, ela ainda encontra tempo para ajudar aqueles que são abandonados nas ruas e sofrem maus-tratos.

Doroti tem explicação para tal talento: sempre foi dada a ajudar as pessoas e achou que tinha muito a oferecer. Daí para escolher a medicina foi um passo. A paranaense radicada em Santo André formou-se em clínica geral e foi convidada para substituir outra médica em uma empresa, com sede no município, onde ficou por 12 anos. Também mantinha consultório próprio próximo ao emprego, mas o fechou tempos depois.

Durante todo esse período, administrou em paralelo sua paixão pelos bichos. “De tanto ver histórias de animais abandonados e não enxergar uma política pública em relação a esse assunto, me uni ao esforço de uma rede de pessoas. Com uma ajudando a outra, salvamos vidas.”

Quando encontra cachorros abandonados, trata dos animais e os entrega para doação. Se não consegue, o destino é sua chácara no Paraná, onde chegou a ter 400 cães. “Sempre algum vizinho gosta e adota.” Foi nesses resgates que Doroti encontrou, há dois anos, o seu fiel companheiro de quatro patas Benjamin, que hoje leva vida de rei e faz até academia duas ve



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