Atletas de fôlego

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Miriam Gimenes

Foto: Divulgação
2011 foi marcado pela consagração de ídolos e revelação de nomes que prometem escrever o futuro do esporte brasileiro. Foto: Divulgação

O Brasil é conhecido como o País do futebol. Em qualquer lugar onde se pronuncie o nome da nossa Nação, a atividade trazida por Charles Miller é a primeira a ser balbuciada por quem quer definir em apenas uma palavra os atributos verde-amarelos. Só que a paixão brasileira não é restrita a apenas uma modalidade: todos os anos, despontam ídolos que fazem o coração pulsar forte seja com o exemplo de superação, um resultado positivo ou o sonhado ouro. Em 2011 não foi diferente. Não à toa, somos 192 milhões de aficionados por esporte.

É óbvio que se montarmos o ranking dos expoentes no ano que passou, alguns nomes figurarão entre os primeiros: Neymar, que concorreu ao troféu Bola de Ouro  (entregue ao melhor jogador do mundo) e que,  por conta do gol contra o Flamengo no Campeonato Brasileiro,  foi indicado ao Prêmio Puskás (o gol mais bonito do planeta);  o lutador de MMA Anderson Silva, até então ilustre desconhecido do público e que atraiu holofotes dentro e fora do octógono; e o nadador César Cielo, que, embora tenha tido pesadelos com o resultado de um exame antidoping, virou o jogo e ganhou quatro medalhas de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara. No Pan, o Brasil ficou em terceiro lugar, com 141 medalhas.

Mas também ascenderam inúmeros nomes que tiveram o gosto especial de subir ao lugar mais alto do pódio. Foi o momento deles de lembrar tudo o que passaram até chegarem ali. Qual o segredo? O amor ao esporte, a única e poderosa força motriz que corre no sangue de todo atleta. Essa constatação nos faz ter a certeza de que – ainda bem! – diversas promessas vertem anualmente no esporte brasileiro e nos farão emocionar nas próximas conquistas. Confira a seguir os passos trilhados por  conhecidos e desconhecidos que ajudam a escrever a história do desporto no nosso País. E que venham os Jogos Olímpicos de Londres. 

 
MISTER PAN

O nadador Thiago Pereira, 25, é conhecido como Mister Pan. A alcunha corresponde ao seu feito panamericano: alcançou e ultrapassou o até então recordista em medalhas de ouro na competição, o mesa-tenista de São Bernardo Hugo Hoyama. Chegou a 12 premiações douradas, contra dez de Hugo. Mas sua história com os Jogos Pan-Americanos não se resume a este ano. Começou em Santo Domingo  (República Dominicana), quando ganhou apenas uma prata e um bronze. Quatro anos depois, deu salto e conquistou nada menos que seis ouros, no Rio de Janeiro.

E tudo começou por um quase afogamento. Thiago tinha 2 anos e o episódio levou sua mãe a colocá-lo em uma escolinha de natação. “Sempre gostei muito de água e a escolha profissional acabou aparecendo naturalmente”, explica. Dez anos após o episódio traumático, Thiago ganhou então sua primeira medalha pelo Clube dos Funcionários da CSN e não deixou mais o mundo aquático.

Define o ano de 2011 como excelente para a carreira, porque  cumpriu suas metas. Por ser muito competitivo e perfeccionista, caso não tivesse sido vitorioso, não se perdoaria. “Busco sempre o meu melhor e me superar diariamente.” Sua receita, além de treinar muito, é dedicar-se e persistir sempre.
O Mister Pan – pensando à frente, mas sem esquecer de Londres – acredita que a Olimpíada de 2016  é  a grande chance de o Brasil alavancar todos os esportes. E dá o recado: “O ideal é investir para que a população, principalmente crianças e jovens, tenha acesso a essas modalidades e possa aproveitar os benefícios que o esporte oferece.” Saída viável para surgirem no futuro outros Thiagos Pereira.

 

Foto: DGABC
Rubinho chefia o time do BMG/São Bernardo. Foto: Andréa Iseki

O SALTO MAIS ALTO

Se o desafio fosse comparar a carreira de Fabiana Murer, 30 anos, a algo palpável, o ideal seria descrever o caminho rumo ao Monte Everest, o mais alto do mundo. Para alcançar seu cume, são necessárias muita força de vontade e coragem para lidar com as intempéries, muitas vezes fatais para quem tenta desafiá-las. Mas essas duas características a moça nascida em Campinas tem de sobra. Tanto que, após situações difíceis, conquistou neste ano o título que mais almejou: o de campeã mundial de atletismo. Atingiu, sem receio, sua maior marca no salto com vara, de 4,85 metros, e desbancou a recordista mundial e bicampeã olímpica Yelena Isinbayeva. “Foi um ano bem difícil, mas consegui o meu foco, que era o Campeonato  Mundial”, diz a atleta da BM&F Bovespa/São Caetano.

O título não só a consagrou – é o primeiro  de uma brasileira em campeonatos mundiais da IAAF (Associação Internacional de Federações de Atletismo) – como foi a prova de que ela havia escolhido a profissão certa. É que a sua primeira investida foi a ginástica olímpica. Mas, por insistência do pai, seu fã fiel, enveredou pelo atletismo e hoje é a principal referência da modalidade com vara no Brasil.

É claro que os desafios rumo ao cume não foram poucos. Horas e horas de treino, medalhas perdidas, varas que sumiram dias antes das competições, o tempo longe de casa (só neste ano foram quase quatro meses), recordes não alcançados. A lista é grande.  Mas Fabiana faz questão de lembrar apenas das conquistas. “Fui forte o suficiente para chegar lá.”

Fabiana ainda sonha com os desafios da terra da rainha Elizabeth. Quer melhorar a técnica e o físico. Inclusive porque não quer desapontar os brasileiros que aprenderam a gostar da modalidade por conta de suas conquistas. E ela tentará fazer sua parte: sente-se preparada para superar sua marca e chegar aos cinco metros.


CORRENDO ATRÁS DA VITÓRIA


O maratonista Solonei Silva, 29, usou o primeiro dinheiro que ganhou com o prêmio de uma corrid



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