Retratos de Solidariedade

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Eduardo Chaves

Foto: Celso Luiz
Vanessa Xavier Torati doa seu tempo e sua casa para crianças que precisam mais do que carinho e atenção. Foto: Celso Luiz

Noite mágica entre abraços, presentes e comida farta. Amigos e familiares estão ao redor da mesa e o relógio aponta que é Natal. Voluntários estendem as mãos para crianças carentes. E os pequenos são levados para sentir o calor das famílias reunidas nessa noite especial. Do outro lado da cidade, as sacolinhas de Natal enchem de alegria os corações de crianças que, desde cedo, já possuem muitas histórias para contar.


MOMENTO PRECIOSO

A auxiliar de escritório Dulcinéia Maria de Oliveira, 44 anos, está focada desde setembro à organização da festa que deverá acontecer no dia 18 na casa de acolhimento Em Busca dos Sonhos,  em Santo André.

Além de preparar a confraternização, agilizar o contato com os amigos em busca de doações e garantir a alegria dos pequenos no dia da festa, ela é responsável por montar as sacolinhas de Natal que serão distribuídas para 20 crianças, com idades de 5 meses a 17 anos. As sacolinhas  são recheadas de roupas, sapatos, brinquedos e doces.

Para ela, organizar e reunir os presentes é tarefa muito difícil, mas compensadora. “A gratidão delas é algo verdadeiro, sincero, que me conquista por inteira. Estou realizada também ajudando a todas. Gostaria que outras pessoas pensassem assim também”, diz. 

Dulcinéia aproveita para trazer algumas destas crianças para passar festas e fins de semana na casa dela. E já planeja como será o Natal deste ano. A família deverá ganhar mais três integrantes, pois irmãos não podem ficar separados. Assim, Luana, Luan e Luara já podem começar a sonhar com os presentes e uma noite diferente.


GESTO DE AMOR

“Existem várias formas de solidariedade. Acredito que levar uma ou mais crianças carentes para experimentar, vivenciar e mostrar para elas que existe um mundo diferente, fora do abrigo, em uma casa, em uma estrutura familiar, é uma delas”, diz a auxiliar administrativa Vanessa Xavier Torati, 32 anos, que, desde o fim de 2010 prepara um lugar a mais junto à mesa na noite de Natal.

Casada há sete anos e com um filho de 5, Vanessa carrega brilho especial nos olhos quando se refere a pequenos desabrigados ou em situação de risco. “Sempre tive o desejo de trabalhar com crianças. Me formei em Direito e este sonho ficou para trás. É como se eu pudesse dizer que agora me sinto realmente bem.”

A primeira visita a abrigo aconteceu há cinco anos,  quando participou de trabalho vo-luntário na igreja que frequenta, em Santo André. Desde então, não só participa de ações sociais da igreja como também movimenta  amigos e familiares para participarem da causa. Vanessa promete linda ceia e árvore cheia de presentes. No entanto, é no coração que guarda o melhor: “Não é porque não é da nossa família que devemos deixar de amar”, finaliza.


MÃE DO CORAÇÃO

Maria Cândida Campos Muller, 51 anos é coordenadora de Projetos e Oficinas do CESA (Centro Educacional de Santo André) do Parque Erasmo e, mesmo cercada de crianças durante o trabalho, decidiu que precisava fazer mais. Desde 2009, ela faz parte do grupo de voluntários que traz para dentro de casa crianças carentes para uma noite de Natal em família.

Numa destas reuniões, Maria Cândida, foi surpreendida por um jovem muito especial e que mudaria sua vida para sempre. "Quando eu o vi pela primeira vez senti nos seus olhos que ele seria meu filho", emociona-se. Casada e com dois filhos, sendo um de 28 e outro de 29, a "tia", como é chamada no abrigo, sentia que poderia fazer a diferença na vida de Victor Hugo, na época com 12 anos. "Eu perguntei para ele se tinha vontade de conhecer minha casa, de conhecer minha família e de passar um final de ano especial comigo. Ele, mesmo tímido, disse que sim. Este foi um momento muito especial", destaca Cândida.
 
Não foi preciso muito tempo para ambos sentissem grande afinidade um pelo outro. Atualmente, Maria aguarda pelo processo de adoção do jovem. Embora já possua a guarda do adolescente,  ainda precisa da definição final do juiz. "Levar o Victor para passar o final de ano na minha casa uniu minha família e nos deixou ainda mais fortes", revela.




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