Sexo na maturidade

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Laura Müller

 

Fazer sexo quando já se tem mais de 70, 80 anos, muitas vezes é tabu. Há quem coloque uma série de empecilhos para a prática, a maioria deles envolvendo altas doses de preconceito. Mas será que precisa ser mesmo assim? Ou o sexo na maturidade pode ser algo muito mais saudável e prazeroso do que a gente imagina?

Eu apostaria na segunda opção. Aliás, saborear o relacionamento amoroso e sexual é algo que podemos fazer durante a vida inteira. Basta sentir desejo para isso. E não há nada de errado ou inadequado nessa história. Pelo contrário: a prática sexual só faz bem ao casal. Além de dar um novo colorido à vida como um todo. 

Claro que nosso corpo envelhece e isso traz uma série de modificações também à cama. Uma delas: as sensações de prazer na maturidade são bem diferentes de quando se tem 20 ou 30 anos. Isso porque nossos sentidos estão também num processo natural de envelhecimento: o tato, o olfato, a visão, a audição e o paladar ficam diferentes. E isso, entre outras coisas, influi no prazer.

Mas não quer dizer que o prazer vai por água abaixo. De forma alguma. Com alguns ajustes, é possível ser bem feliz na cama nessa nova etapa da vida. Por exemplo, um ponto a favor da maturidade é o maior tempo livre, o que favorece – e muito – o sexo. Quanto mais tempo temos para viver os jogos eróticos, além de calma e tranquilidade, mais intensidade terá o prazer sexual. A pressa e o excesso de compromissos e preocupações da juventude fazem o sexo perder em qualidade. Na maturidade, isso pode ser compensado.
 

E quanto à saúde em geral? Uma pergunta frequente entre homens e mulheres idosos é se o sexo pode fazer mal de alguma forma. A resposta? Em linhas gerais, não faz mal, não. Para ficar tranquilo a esse respeito, basta uma visita frequente ao médico, que examinará a sua saúde como um todo e apontará tratamentos necessários, bem como quais os limites e as possibilidades para o seu dia a dia. Fazendo esse acompanhamento periódico, que varia de caso a caso, fica tudo certo. 

Outra coisa a se levar em conta é que, independentemente da idade, vida sexual ativa exige o uso de preservativo. Vivemos num momento de doenças sexualmente transmissíveis e Aids a todo vapor, não é mesmo? A camisinha tem de fazer parte da vida erótica de todas as pessoas. 

No mais, a palavra-chave para viver o sexo na maturidade é respeito: ao seu ritmo e ao da pessoa que está ao lado, bem como aos seus limites e jeito de ser, e aos de quem divide a cama com você. Ou seja, novas posições e novos jeitos de acariciar, de beijar e de abraçar, bem como práticas sexuais das mais variadas, podem e devem entrar no cardápio. Como? À sua maneira, num delicioso exercício de redescoberta dos seus prazeres e de quem está com você. É só ter coragem para experimentar.
 
Laura Müller é psicóloga clínica, especialista em sexualidade e comunicadora social. É autora dos livros Altos Papos Sobre Sexo – Dos 12 aos 80 anos (editora Globo, 2009) e 500 Perguntas Sobre Sexo do Adolescente. www.lauramuller.com.br ou siga no twitter: @laura_Muller.



 




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