O amor como protagonista

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Vanessa Soares

Pandemia reforçou tendência para cerimônias de casamento que valoriza a troca entre o casal no lugar de festas com dezenas de convidados
 
A pandemia fez o mundo parar, literalmente. Festas, cerimônias, eventos sociais, culturais, shows, comemorações, encontros casuais, happy hours, todos adiados ou cancelados. E o que parecia temporário se tornou regra, e ao menos em solo brasileiro, já se arrasta há seis meses.
 
Para alguns casais apaixonados que esperavam ansiosamente pelo dia do eu aceito como reza o figurino, a opção foi adiar – sabe-se lá para quando – a cerimônia religiosa e a comemoração. Já para outros, a proibição temporária despertou o desejo de repensar os planos e sair do óbvio. Foi aí que o Elopement Wedding entrou em cena em grande estilo.
Na tradução ao pé da letra o termo quer dizer casamento em fuga. Frequentemente é usado para exemplificar um enlace realizado de forma repentina e secreta e longe do local de residência do casal. Os primeiros registros dessa modalidade são da era medieval, quando os casamentos arranjados eram costume para se fazer alianças estratégicas e casar por amor quase sempre não era permitido. Casais apaixonados fugiam para se casar.
 
 
De acordo com a fotógrafa e empresária Roberta Doni, 38 anos, da Chocolatte Fotoarte (www.chocolatte-fotoarte.com), de Santo André, a modalidade chegou no Brasil em 2008 e desde então vem ganhando forma. No mercado de casamentos há seis anos, a empresa conheceu esse estilo há três. “Com a pandemia da Covid-19, o Elopement tem sido alternativa fantástica para casais que tiveram seus sonhos adiados em ter uma festa de casamento. Eles optam por casar a dois neste momento e em outra oportunidade formalizar o casamento com seus familiares e amigos”, diz Roberta.
 
Além disso, o local da cerimônia deixa de ser apenas um espaço físico e se torna cenário. Pelo pequeno número de convidados e profissionais envolvidos, há espaço para ousar, além de incluir a natureza como decoração, como topos de montanhas, à beira mar, no quintal de casa ou qualquer outro lugar que faça sentido para o casal. “Acreditamos que na simplicidade do Elopement o amor se destaca”, completa Roberta.
 
Há oito anos no mercado de noivas, a estilista Lilian Vieira (@lilivieiraestilo), 44, de São Bernardo, é outra profissional que com frequência atende noivas em busca de casamento neste formato. Ela percebeu um aumento na procura quando, por causa da quarentena, as noivas ficaram sem uma perspectiva real da liberação dos espaços de festas. “Elas viram nesse tipo de cerimônia uma saída para não postergarem o sonho”, afirma.
 
Até agora ela já produziu vestidos para três noivas que escolherem esta cerimônia e está trabalhando com outras clientes que ‘vão fugir’ para casar nos próximos meses. Além disso, como empreendedora, Lilian enxerga o estilo como reinvenção e adaptação em momento tão delicado. 
 
A celebrante Karina Bizarria (@karinabizarriacelebrante), 41, jornalista por formação e apaixonada por oratória, há quatro anos encontrou nas cerimônias de casamento uma nova possibilidade de traduzir emoção e sentimento em palavras e concorda que o Elopement é ideal para casais que desejam união minimalista, mas repleta de simbolismo, significado e muita emoção. Mas ela não sentiu aumento na procura por esse estilo em meio à pandemia. “Celebrei apenas um em meio à pandemia e foi uma experiência nova, com pouquíssimos convidados e todos os profissionais com máscaras. Mas nada que tirasse o brilho e a emoção do momento”, garante. Em contrapartida, Karina afirma que para 2021 o número de casais em busca do Elopement cresceu  30% comparado ao ano passado. 
 
 
O casal de músicos Washington Fernando Barbosa Rezende e Letícia de Oliveira Rezende, de Carapicuíba, na Grande São Paulo, já vivenciaram o este tipo de enlace,  em julho. Apesar de ter sido em meio a pandemia, a escolha pelo estilo em nada teve a ver com a situação provocada pelo coronavírus, mas o momento coincidiu.
Eles escolheram o morro Capuava, em Pirapora do Bom Jesus, no Interior, como cenário ideal para o momento, em um lindo fim de tarde. O evento contou com cerca de 30 convidados entre familiares e os amigos mais chegados. “Tivemos alguns problemas com uma cerimônia e festa que organizamos e não deu certo. Escolhemos então este casamento e resolvemos tudo em três semanas”, diz a noiva. E o casal garante que a cerimônia emocionou a todos os presentes. “Os convidados gostaram muito. Deus escolheu cada detalhe daquele dia. A cerimônia ao ar livre, em meio à natureza, foi melhor do que qualquer decoração.”
 
Já para a noiva Bianca Nascimento Lombardi, 21, de São Bernardo, a pandemia foi determinante para a escolha deste formato e cerimônia. Com um mini wedding marcado para 18 de abril, ela se viu obrigado a realizar uma cerimônia em casa, somente com os pais, para não adiar o grande dia. O evento será em novembro, em Jaguariúna, no Interior. “Nossa cerimônia será 100% intimista, com a participação apenas da cerimonialista e equipe de fotografia”, conta.
 
Já a arquiteta Mariana Tiemi Uemura Kawaguti, 24, aguarda ansiosa seu grande dia, marcado para 27 de novembro. O local escolhido foi um pico em Santo Antônio do Pinhal, também no Interior, e terá a presença apenas dos pais de ambos, uma madrinha e a filha do casal. “Precisamos adiar o casamento que estávamos planejando para março de 2021 por conta da pandemia. Mas aí vimos que um dos nossos fotógrafos preferidos tinha feito um Elopement e resolvemos fazer também uma cerimônia no meio da quarentena”, conta.
 
 



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