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Miriam Gimenes
Não é preciso atravessar o oceano para conhecer a cultura italiana: as comunidades oriundi fazem questão de mantê-la viva nos quatro cantos do País. Foto: Divulgação |
Em outubro terá início a comemoração do ano na Itália no Brasil. Isso ocorre em razão de convênio firmado entre os dois países com um único objetivo: consolidar os sentimentos de afinidade entre os dois povos. Mas nem precisava assinar um documento para isso. É nítida a harmonia entre as nações, tanto que existem diversas comunidades oriundi (ítalo-brasileira) fixadas nos quatro cantos do Brasil – são cerca de 25 milhões de descendentes. Por isso, quem quiser acompanhar de perto os costumes e festejos da data não não se faz necessário atravessar o oceano, basta procurar algum cantinho da Itália no Brasil. Opções não faltam.
A começar pelo Sul, mais precisamente na Serra Gaúcha. É lá onde o mais famoso tour italiano, o Raízes Coloniais, em Gramado, faz o turista pensar que fez viagem no tempo, voltando àquela época em que imigrantes italianos aportaram em solo brasileiro.
Conduzidos por um ônibus diferenciado, eles são levados à Casa Centenária, Moinho Colônia Cavichion, Fábrica de Erva-mate Marcon, Museu Fioreze e a fazenda da conhecida Família Foss, onde os imigrantes oferecem degustação de produtos coloniais, inclusive vinhos. No caminho, além de conhecer a hospitalidade e a alegria dos descendentes de italianos, também aprende-se muito sobre a história de colonização do país.
Ainda no Sul, o bairro curitibano de Santa Felicidade, antiga colônia homônima, foi erguido pelo clã vindo de Vêneto e Trento. Os imigrantes não só fizeram a famosa Igreja de São José, erguida em 1891, como abriram restaurantes, vinícolas (como o da família Durigan, que chegou ao Brasil em 1845), cantinas e lojas de artesanato.
Quem passa por Santa Felicidade não pode deixar de ver também A Casa das Pinturas, construída pelos colonos e que conserva móveis e decoração do século 19, e a famosa Casa dos Arcos, na Avenida Manoel Ribas, que abriga agora um restaurante italiano.
Um pouco mais ao Leste do País, no Espírito Santo, parte dos imigrantes italianos instalou-se em Venda Nova do Imigrante. Lá ocorrerá de 7 a 9 de outubro a 33ª Festa da Polenta, a maior celebração italiana do Estado. É claro que o prato principal, que dá nome à celebração, é o grande atrativo, mas nem por isso os visitantes deixarão de apreciar o famoso Tombo da Polenta (momento em que um panelão entorna mais de uma tonelada da iguaria).
Mas até começar a festa dá para focar em história e conhecer o Museu da Cultura, onde estão mais de 600 peças que contam a saga da colonização italiana em Venda Nova, iniciada em 1892. A cidade também foi a primeira a abrir as porteiras de suas propriedades rurais à visitação turística, o que torna o passeio imperdível.
Para escolher qual visitar primeiro, deve-se passar no posto de informações turísticas, no Centro da cidade, e seguir para o sítio da Família Lourenção, parada obrigatória para quem quer ver in loco as tradições italianas. Na propriedade é possíve encontrar o socol, embutido suíno saborosíssimo. Os antepastos também são irresistíveis.
No alto da Serra Capixaba, Domingos Martins, cidade vizinha à Venda Nova, também teve grande participação italiana. Vale a pena conhecer a Casa da Cultura, onde há um acervo de documentos, fotografias e móveis relativos à colonização italiana.
Em Juiz de Fora, no estado de Minas Gerais, os descendentes lutam para preservar as raízes dos antepassados, principalmente as tradições religiosas, como a festa de São Francisco de Paula, padroeiro dos navegantes. Durante o mês de setembro são realizadas missas, festas e procissões.
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