Aquarela do Brasil

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Márcio Ito

Foto: Divulgação
As cores têm sido o maior foco do mundo da moda na atualidade. Foto: Divulgação

As cores têm sido o maior foco do mundo da moda na atualidade. Color blocking é a presença pura da cor de maneira mais intensa nessa última década. É uma tendência o uso de cores fortes em suas combinações por meio de listras e composições bicolores. Nada mais apropriado para nós brasileiros, que somos conhecidos pela alegria e pela festividade. Assim, nós vamos aderir às cores para o nosso guarda-roupa. Vamos mesmo?

A frase “é tão difícil usar cor” nem parece de uma brasileira. E pensar que somos considerados o povo mais alegre do mundo... Não temos o costume de vestir cores, quanto menos saber combiná-las. Aqui, o preto simboliza atemporalidade e é conhecido por deixar o corpo mais esbelto. Também virou símbolo de praticidade. Há algumas coleções, o nude chegou como sinônimo de sofisticação, a forma mais certeira de discrição e superioridade. São poucas as mulheres que se sentem à vontade com essa cor ‘de estar nua’, mas, em suas cabeças, o uso de cores pode deixá-las com aspecto popular ou folclórico. Na nossa cultura, as tonalidades ou a junção de todas elas fazem com que lembremos que cores são algo do povo e, como não desejamos ser chamados de regionalistas, e muito menos de cafonas, as abolimos de nosso vestuário.

Temos muitos conceitos predeterminados como: verde e rosa nos lembra a escola de samba carioca Mangueira, ou seja, a possibilidade de encontrar alguém com essa combinação é quase impossível; listrado verde e branco remete ao Palmeiras, já o branco e preto é do seu rival, o Corinthians. Em contraponto, existe preconceito ainda maior em usar verde e amarelo, pois remete à nossa bandeira.

O rosa é conhecido como feminino: meninos não podem usá-lo, como se a sexualidade da criança fosse definida assim. E quando adultos, o uso de tons vibrantes nas roupas masculinas pode indicar homossexualidade. Meras combinações podem parecer não tão másculas, mesmo que sejam verde com azul-marinho. Aqueles que antes usavam o colorido como símbolo de sua luta contra o preconceito terão de empunhar a bandeira branca como pedido de paz e tolerância.

Vestir cores no Brasil é enfrentar muitos poréns e olhares de estranheza. Não fomos educados para entender que as cores podem ser mais um reflexo de nossa personalidade e característica como povo e não um aspecto limitante para sermos boicotados ou discriminados. No entanto, vestir cores está em nossa alma naturalmente, o que nos falta é quebrar esses pequenos preconceitos.




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