Operários da arte

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Eliane de Souza

Foto: Celso Luiz
Kléber Albuquerque tem o dom de fazer palavras se transformarem em sentimentos com o dedilhar do violão. Foto: Celso Luiz

Ao som de violão, com cantigas nos tablados de teatro e lentes apontadas para a realidade brasileira, três personalidades do Grande ABC romperam barreiras ao se comunicarem por meio da linguagem universal da cultura. Têm em comum o desejo de servir como operários da arte na função transcendente de estimular percepção, emoção e razão. Com a Dia-a-Dia, dividiram planos, sonhos e pedras que encontraram no meio do caminho.


SIMPLICIDADE RENDE CANÇÕES


Kléber Albuquerque tem o dom de fazer palavras se transformarem em sentimentos com o dedilhar do violão. Seu som passeia por ritmos como valsa, rock, reggae e romântico. Vez ou outra, os versos incluem cenários ou personagens do Grande ABC em canções como Xi... de Pirituba a Santo André – com a qual foi finalista do festival musical da Globo, em 2000 – e Eu Não Sei Falar de Amor, quando diz na estrofe ‘Os operários no pátio da Ford repetem palavras de amor’.
 
Músico desde a adolescência, começou carreira em 1997 e, de lá para cá, gravou cinco discos independentes. “Gosto de falar sobre relacionamentos, amores e desamores, de pequenas coisas, como céu e estrelas, e assuntos cotidianos.” O processo criativo é feito em parceria com nomes de peso como Zeca Baleiro e Chico César. Suas músicas já ganharam voz de cantores como a amazonense Eliane Printes, em Os Presentes, e dueto com Fábio Jr., em Isopor.
 
Agora está empenhado na produção de disco e DVD com o tema 10 Coisas que Eu Poderia Dizer no Lugar de Eu te Amo. O projeto, em parceria com a designer de joias Vivi Corrêa, cria peça em ouro e prata para cada uma das faixas e deve sair do forno até o início do ano que vem.
 
Atualmente, ele divide os microfones com cantoras de Santo André no projeto Vazantes, em que interpreta músicas autorais relacionadas à água. Os shows mais intimistas se tornaram característica do cantor, embora não seja avesso a se tornar ídolo de multidões. “Tenho vontade de fazer com que as minhas canções cheguem a um número maior de pessoas.”
 

 

Foto: Andréa Iseki
O papel da cineasta Eliane Caffé é levar boas histórias às telas de cinema. Foto: Andréa Iseki

CONTADORA DE HISTÓRIAS

O papel da cineasta Eliane Caffé é levar boas histórias às telas de cinema. No premiado filme Narradores de Javé, ela traz os contadores de histórias de Minas Gerais, e em Sol do Meio-dia mostra seu olhar após convivência em comunidades do Pará. O mais recente, Céu Sem Eternidade, lançado em julho, relata a experiência de três anos em regiões quilombolas de Alcântara, que está em conflito com o Centro de Lançamento da Aeronáutica.
 
A veia cinéfila vem desde a infância em Santo André. Ela e os irmãos eram assíduos frequentadores do Cine Teatro Carlos Gomes. Só deu ouvidos à vocação após concluir a faculdade de Psicologia (profissão que nunca exerceu). Apesar da falta de financiamento e das dificuldades nos processos de distribuição, o trabalho da cineasta rendeu prêmios. Narradores de Javé ganhou como melhor filme, direção e montagem. Eliane ainda abocanhou estatuetas no Cine PE 2003, no 30º Festival Internacional do Filme Independente de Bruxelas, na Bélgica, e no VII Festival Internacional de Cinema de Punta del Este, no Uruguai.
 

PARA CRIANÇAS DE ONTEM E HOJE

Quem com mais de 30 anos não se lembra das cantigas de roda que animavam as brincadeiras na infância? É para resgatá-las que o ator e diretor Chico Cabrera encena os espetáculos Panos & Lendas e Avoar. As cenas, recheadas de referências ao folclore, musicalidade e brincadeiras, não servem de revival apenas para quem viveu a infância com pés descalços na era pré-internet. É também para crianças que já nasceram seduzidas pela tecnologia. O diretor iniciou sua incursão no teatro amador há quase 30 anos, em São Caetano, onde vive até hoje. Atuou, inclusive, em novelas como O Rei do Gado e a A Próxima Vítima, mas gosta de frisar que o teatro é o que lhe move. Ao fundar a Cia Pic & Nic, iniciou as peças infantis. Só com Panos & Lendas somou 1.171 apresentações pelo Estado. Tudo sem patrocínio. O trabalho em palco resultou na gravação de um CD que já teve 7.000 exemplares vendidos.




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