Registros da moda para tupiniquim ver

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Andréia Meneguete

Era do Rádio: quando tudo era importado dos países europeus e adaptados ao Brasil

Reconhecer a história do País por meio de peças de roupas e conseguir analisar no enredo como a moda se apresentou em cada época são verdadeiras viagens e descobertas para os aficionados por dados e detalhes que permeiam o universo da indumentária.Com base em muitos estudos e pesquisas, após quatro anos e meio de dedicação, que o historiador João Braga e o jornalista Luis André do Prado acabam de lançar a obra História da Moda no Brasil – das Influências às Autorreferências (Pyxis Editorial e Comunicação; R$ 120). O trabalho vem para preencher uma lacuna que existia na bibliografia de moda brasileira. E para que os relatos fossem fiéis ao tempo foi preciso muito esforço, dedicação e corrida contra o tempo.

Antes de chegar às prateleiras das livrarias, os autores se debruçaram em 223 livros e teses, 220 publicações periódicas dos dois últimos séculos e 60 sites. Isso sem contar os 127 depoimentos gravados e as 440 imagens registradas. Resultado: 642 páginas, o dobro do projeto inicial. “Fizemos uma elaboração da trajetória e o percurso da moda no País tendo como consulta fontes primárias e secundárias. Depois, montamos um painel analítico para que o leitor se situe em que momento cada fato contado aconteceu na história do Brasil”, explica Luís André Prado. A obra recompõe, com linguagem acessível e repleta de imagens, a evolução dos processos de criação e de produção da moda em terras tupiniquins – no período que vai desde o momento pós-República até a atualidade. Entre as páginas, o leitor passeia por sete capítulos divididos em Belle Époque, Anos Loucos, Era do Rádio, Anos Dourados, Tropicália & Glamour, Anos Azuis e Supermercado de Estilos. Segundo João Braga, muitas curiosidades e novidades se revelam no título. Uma delas é a descoberta de que a roupa de Carmen Miranda não foi confeccionada por Alceu Pena, como se imaginava. “As peças típicas do figurino da cantora foram feitas por ela mesma, mas estilizada por Jotinha. Alceu Pena somente reformulou a roupa.” Outro fato que se pode detectar na obra é que Zuzu Angel foi a primeira pessoa a buscar e retratar a brasilidade em uma coleção por meio da política, questões sociais ou pelas rendas típicas do País. Dener e Clodovil adaptavam a moda francesa em suas criações. 

“A nossa intenção era documentar e trazer à tona, além dos nomes brasileiros sempre em destaque na moda, os desconhecidos e aqueles que foram esquecidos ao longo do tempo, mas que foram importantes de alguma forma no desenvolvimento deste segmento no País. Buscamos apresentar um produto historiográfico, descritivo e analítico”, salienta Braga.
 
Junto com a novidade literária há também o documentário, coordenado e produzido por João e Luis, que questiona a identidade da moda brasileira e traz depoimentos de especialistas e profissionais da área, como a jornalista Regina Guerreiro, a consultora de moda Gloria Kalil, os estilistas Lino Villaventura, Jum Nakao, Tufi Duek, Amir Slama,
Ronaldo Fraga e o próprio João Braga. O projeto de documentar a moda no Brasil não para por aí. Em breve, os autores vão viabilizar as pesquisas, entrevistas e fotos apuradas durante todo o processo de criação do livro em museu virtual.



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