Nosso terapeuta atendendo em multitela estava ficando louco. Mais de 50 pessoas digitando ao mesmo tempo. Problema dele, que entrou nessa de atender virtualmente para ficar mais barato por atacado.

Doutor, eu não me suporto mais!

Sério, cara, eu não sei fritar um ovo, aí vem uns caras na televisão fazendo reality show gourmet. Me humilham! Vou enfiar a cabeça no forno e, mesmo assim, não vai ficar bom.

Tenho 9 anos e não como fruta alguma, detesto até morango e minha mãe me dá descongestionante dizendo que é gostoso só porque tem sabor de frutas cítricas. Remédio tem que ter sabor de batata frita, Lanche Feliz, macarrão instantâneo!

Goool do Marrocos! Assim não dá doutor. Nem para bolão eu sirvo.

Dr., minha popularidade está mais baixa que a inflação. Mesóclise é grave?

Péraí, doutor, estou dirigindo, fumando, digitando com o senhor e fazendo um bico de Uber. E tem um cara na minha frente que não viu o semáforo abrir. Vou lá. (pausa) O senhor não vai acreditar. Era paciente seu. Sabe o que ele me disse? Que o senhor atende pelo plano. Como assim o senhor não me avisou?

(Salete sai do grupo).

Doutor, a catarse na Copa do Mundo é muito forte para mim. A torcedora do Egito chorou, eu chorei junto. A mãe do Messi disse que chorou, eu me debulhei em lágrimas. Torci o tornozelo e trinquei três vértebras só de ver o Neymar jogar.

Data venia, doutor. Aqui é o Gilmar. Sim, o juiz. Ad referendum... Há algo errado com minha pessoa. Libertei tanta gente, só eu não consigo me soltar...

Hoje não estou legal, doutor. Caí para 11º no bolão da empresa.

Eleições? Ah, tem que ganhar alguém que a gente possa odiar! Igual a Dilma, o Temer. Por exemplo, não dá para odiar o Suplicy, com aquela cara de brinquedo abandonado do Toy Story.

Doutor, aqui é o Elvis Clóvis. Tô saindo da sessão. Deixo conectadas minhas outras três personalidades. Pô, faz um precinho de pacote para mim, aê!