Toque de Midas

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Miriam Gimenes

Foto: Arquivo Pessoal
Kleber Filetto é expoente na região. Foto: Arquivo Pessoal

É comum as noivas dizerem que o dia D, aquele planejado há meses, tenha passado rápido. Os preparativos são tantos que parece que a cerimônia e a festa não comportam toda a expectativa gerada nos meses anteriores. Para fazer tudo a contento, profissionais especializados em casamento têm grande importância: eles dão o toque de midas no tão sonhado momento.

No mês das noivas, a Dia-a-Dia  conversou com especialistas em casamento da região e constatou que, embora se respeite a postura profissional, não há quem fique imune à satisfação de participar deste dia tão especial.

 
Exclusividade
 
A intenção era cursar faculdade de Propaganda e Marketing quando Kleber Filetto, 46, arrumou a mala e saiu de casa, em Osvaldo Cruz, no Interior, rumo a São Paulo. Ao pisar em solo paulistano mudou de ideia: entrou para o curso de moda.

Para se sustentar, trabalhou como relações públicas da montadora Ford, em São Bernardo. Arriscou-se a arrumar cabelos e fazer maquiagens nos dias de folga e, como o círculo de clientes era no Grande ABC, apaixonou-se pela região, onde decidiu morar.

Antes de abrir salão próprio – em Santo André – fez estágio na loja Nova Noiva, em São Paulo, e interessou-se pelo filão. Hoje, após 26 anos de carreira, já perdeu as contas de quantas noivas arrumou. Ele atende uma por fim de semana, dando toda a atenção. “Nós não fazemos um trabalho de prêt-à-porter e sim de alta costura”, brinca. Neste meio tempo já viu algumas com acesso de riso por nervosismo, as que não paravam de chorar e até as que titubearam em casar no último minuto. Tudo carregado de grande emoção.

 
Mãos de fada
 
Arrumar o cabelo de uma noiva não é fácil. A falta de arranjos de fácil manuseio fez com que a cabeleireira e maquiadora Miruchi Moreschi, 62, se tornasse também designer. A profissional, que há 42 anos trabalha em salão, resolveu criar as próprias peças para facilitar a composição dos penteados. Há oito anos fez a primeira joia, que passou a ser lapidada. Hoje os arranjos são compostos de cristais Swarovski, pedras tcheca, bureal e egípcia.

Miruchi, que mora em São Paulo, veio trabalhar no Grande ABC há 23 anos: os primeiros dez ficou em São Caetano e há 13 foi para o Maison Lafayette, em Santo André. Ela estima já ter feito a cabeça de cerca de 8.000 noivas.

O talento foi descoberto na adolescência. A mãe de Miruchi fazia vestidos de noiva, mas a paixão despertou apenas quando começou a trabalhar em uma loja de maquiagens. Só se arrepende de não ter aprimorado as habilidades antes do próprio casamento, há quatro décadas. “Se eu tivesse feito teria saído melhor”, brinca. Suas clientes não têm dúvida disso.

 
Ousar é o segredo
 
O prazo para que o banqueteiro Raul Fornero, 45, organize uma festa de casamento é de, no mínimo, um ano. A exigência não é capricho, mas a garantia de que sua marca seja mostrada de forma completa. Apaixonado por cinema – principal fonte de inspiração – ele faz de cada festa um acontecimento e por isso não poupa ideias arrojadas a fim de alcançar seu objetivo. Ousadia é sua palavra de ordem.

Esse diferencial nem sempre é bem aceito no Grande ABC. “As pessoas aqui (na região) são conservadoras, não ousam”, justifica. Talvez, por isso, grande parte de seus clientes seja da Capital.

Entre as peculiaridades do gourmet está a preocupação se um dos noivos ou convidados é hipertenso, se gosta mais de peixe ou é vegetariano, por isso, cria cardápios personalizados. Em termos de organização, coloca à disposição uma cabeleireira no banheiro feminino e tem equipe de garçons-modelo que vestem-se de acordo com o tema da festa.

O talento do engenheiro agrônomo pós-graduado em Marketing ganhou força quando o cunhado voltou do Japão e o convidou a abrir o restaurante Pacivits, em Santo André. Raul, que havia feito quitutes para sustentar os estudos, arriscou-se a preparar pratos. Conquistou seu espaço e atende na empresa Raul Fornero Gourmet, que, além de cerca de dois casamentos ao ano, organiza eventos todos os dias.

 
Doce invenção

 
A insatisfação com a profissão que havia escolhido fez a advogada Taty Fernandez, 30, dar uma guinada na vida. Formada em Direito, a jovem não encontrava a felicidade que esperava na carreira. Com o apoio do marido jogou tudo para o alto e investiu em um talento que até então era hobby: confeccionar doces.

Taty começou aos poucos, trabalhando em casa, em Santo André, paralelamente com a profissão de advogada. Atendia a pedidos de amigos. Com a propaganda boca a boca passou a receber encomendas de bolos para casamento e doces. Assim tomou a decisão de deixar a carreira inicial, que atuara por cinco anos. Especializou-se em pasta americana e abriu o Lê Gateau. “Retomei a paixão da gastronomia que estava adormecida”, lembra.

Seu diferencial está na elaboração dos docinhos para compor a mesa da recepção, como porta-joias com pérolas (de chocolate), imitação de vaso de flores, mini-bolos e cupcakes.  

Com essas pequenas doses de prazer, Taty recobrou o ânimo em seu dia a dia. Além disso, tem um plus nesta felicidade: fazer parte de momentos importantes na vida de seus clientes. O resultado de tanta dedicação resume-se em números:  são de 500 a 1.000 docinhos por semana.




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