Ele tem brilho

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Miriam Gimenes

Foto: Gustavo Scatena
Mesmo após mais de três décadas de carreira, Fábio Jr. ainda integra a lista dos galãs e leva multidão de mulheres ao delírio. Foto: Gustavo Scatena

Os fios estão grisalhos, isso é fato. Nem por isso o tradicional toque de leve na nuca, marca registrada de Fábio Jr., 57, perdeu seu charme. Mesmo após 35 anos de carreira, dezenas de discos, personagens marcantes em novelas, seis casamentos desfeitos e cinco filhos, o cantor ainda consegue manter lugar cativo na seleta lista de galãs desejados pela ala feminina. O segredo? Ele tem estrela. Os mais próximos atribuem o sucesso ao carisma inato de Fábio. Ele mesmo não sabe explicar. Ou finge não saber. Fazer-se de desentendido também faz parte do seu show.

A vida, porém, não resume-se apenas a conquistas. Foi taxado de brega, surgiram boatos de que teria Aids, falaram muito sobre o suposto vício em drogas e sempre ganhou mais manchetes pelos relacionamentos amorosos do que por seu trabalho. Ainda assim, consegue arrastar legião de fãs em seus shows, recebe convites para atuar e, apesar da fama de conquistador, o que levou as suas ex-mulheres a recearem romance com o galã, é o sonho de consumo de muitas brasileiras.

Fábio começou a construir o mito aos 15 anos, involuntariamente. Ao lado dos irmãos Heraldo e Danilo, entoou os primeiros acordes do violão que ganhara do pai, grande incentivador de sua carreira, e agregou sua voz em prol do trio que mudou de nome quatro vezes: primeiro eram  Os Colegiais, depois Os Namorados, seguidos por Bossa 4 e Arco-Íris.

O reconhecimento do talento veio quando foram promovidos de colegiais a namorados. Foi então que as visitas a rádios e os shows os levaram a encontrar o produtor musical Arnaldo Saccomani, que já havia produzido Ronnie Von, Rita Lee e Tim Maia. Após levá-los a programas e ajudá-los a gravar o primeiro compacto, o produtor resolveu dar o lance de sorte. “Conversei com o pai deles e falei: ou cada um segue sua vida (musical) separadamente ou só um deles vai em frente. E sugeri que o Fábio era o que mais se destacava do trio”, lembra. O diferencial, nas palavras de Saccomani, era o seu carisma singular.

Ele tinha razão. Apenas Fábio despontou na música. Heraldo arriscou ser ator, mas deixou a carreira de lado e enveredou para política e Danilo trabalhou com o apresentador Raul Gil. No meio tempo entre terminar o trio e gravar seu primeiro compacto, em inglês, com o pseudônimo de Mark Davis, Fábio trabalhou em lojas de departamentos e fazendo transporte escolar em São Paulo.

Essas foram só algumas das adversidades as quais teve de lidar até chegar ao primeiro grande sucesso, a música Pai, que inspirou a novela Pai Herói, de Janete Clair, em 1979. As dificuldades não impediram que o rapaz desistisse do sonho de ser um dos grandes nomes da música popular. Graças à composição, foi contratado pela Sony. “Estava no momento certo, na hora certa, com as pessoas certas e no lugar certo”, analisa o cantor, hoje.

 
Romântico inveterado


Homens têm vergonha em se assumir românticos. Fábio não. Ele é do tipo que manda flores, compõe música em homenagem à amada e não titubeia em cantá-la em público. Entrega-se de cabeça a uma relação, como revela seu filho Filipe Galvão, 20, o Fiuk. O rapaz já deu conselhos amorosos para o pai, porque chegou a presenciá-lo chorando pelos cantos. Essa não é a visão que o público tem do cantor.

Parece que ele é apenas um conquistador,  um Don Juan. O tempo passou para Fábio Jr. Agora ele quer sossego. “Agradeço a todas elas (ex-mulheres) que me trouxeram até aqui. Não sei como será daqui para frente”, reflete.

Fábio revela já ter encontrado na vida algumas metades da laranja. “Naquele momento era a minha alma gêmea. E acredito que, na vida, existe mais de uma.”
No último casamento, com a modelo e atriz Mari Alexandre, com quem ficou três anos, reverteu a vasectomia como prova de amor. Justifica a atitude porque estava “apaixonadíssimo” e, como havia tido um presságio anos antes, achou que seria a hora. Explica-se: em uma viagem para Israel, Jordânia e Líbano decidiu comprar medalhinhas religiosas para os filhos. Pediu cinco ao camelô. Quando chegou no hotel lembrou-se que tinha apenas quatro (Cléo, 28, Tainá, 24, Krizia, 23, e Filipe). “Pensei: Acho que o ciclo ainda não terminou e isso ficou na minha cabeça”, lembra. No casamento com Mari, em 2007, sentiu ter chegado a hora. Da união nasceu Zaion, que tem 2 anos.

 
Difícil convivência

Fábio admite que seus hábitos um tanto diferenciados tenham gerado dificuldades em seus relacionamentos, inclusive pelo fato de ser notívago. Dizem os mais próximos que ele costuma deitar-se às 7h e acordar às 18h.  “Gosto da vida que tenho, odeio levantar cedo. Até nisso a carreira me favorece”, explica.

Um de seus casamentos mais polêmicos foi com a atriz Patrícia de Sabrit. O enlace, que teve cerimônia espetacular, durou apenas 135 dias. Detalhe: a festa, patrocinada pela sogra, Marina de Sabrit, teve 130 profissionais envolvidos, 3.500 dúzias de rosas vermelhas, 250 canhões de luz, 25 caixas de som e os noivos, ao fim da cerimônia, concederam coletiva de imprensa.

Patrícia, que hoje está em seu segundo casamento com o belga Michael Hansen, com quem tem um filho, diz não se arrepender do primeiro enlace. Foi parte do aprendizado. Ambos conheceram-se em 2000, quando ela participou do programa que ele apresentava na Record.  Patricia admite ter pensado duas vezes antes de aceitar o pedido de namoro, porque sabia da fama de sedutor do cantor, mas, frente ao carisma dele,  não resistiu.

Embora ele estivesse numa fase caseira, a relação se desgastou por brigas bobas. “Quem saiu de casa fui eu. Ele não ficou feliz porque fui impulsiva”, analisa, acrescentando que ambos eram imaturos à época. Noticiários diziam que ela teria abandonado o lar porque Fábio dormiu na casa de um amigo e Patrícia não teria gostado, episódio desmentido por ela.

A atriz também relatou a questão dos hábitos noturnos de Fábio como um dos principais entraves da relação. “Sou muito do dia, do sol, da luz. Ele é o contrário, corujinha.” Ela diz que hoje são amigos.

Saccomani, que foi padrinho de dois dos casamentos de Fábio – o primeiro com Teresa de Paiva C



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