Nasce uma estrela

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Andréia Meneguete

Foto: Manuel Nogueira
Maria representou diversos papéis e deu voz a diferentes mulheres no último BBB. Fotos: Manuel Nogueira

Maria representou diversos papéis e deu voz a diferentes mulheres no último Big Brother Brasil. Ao vencer o programa, mostrou que a sociedade está mudando e que mulher bonita pode, sim, ser merecedora da felicidade sem ter que dar explicações.

Georg Hegel definiu há muito tempo a beleza que transcende a estética contemporânea: o belo vai além do exterior, exprime o interior,mostra a alma que existe no ser. Para o filósofo, o belo é algo espiritual, que se coloca também de acordo com o imaginário de cada indivíduo.

É sublime. E tudo que é sublime, encanta, é aceito. É bem assim que entendemos o porquê da torcida de milhões de brasileiros pela vencedora do Big Brother Brasil 11, Maria Helena Melilo, 27 anos, que mostrou ser dona de carisma ímpar, exalando emoção pelos poros.

Ela tem um certo je ne sais quoi, típico de pessoas que são difíceis de explicar. Maria mostrou isso de domingo a domingo na TV. As simetrias, realmente, lhe faltam: nariz grande, boca volumosa, cabelos desalinhados e olhos pequenos. Mas é na harmonia do conjunto que a nova milionária se sustenta e vai em frente, sem medo de julgamentos. Maria tem beleza por dentro, por fora e ao seu lado.  Wesley que não nos deixa mentir e está aí para comprovar.

Como numa típica novela global, a atriz apresentou enredo que todo telespectador gosta de ver: amor, rejeição, superação, perdão e final feliz. “Tudo o que vivi e senti foi verdade. Quando o Maurício saiu da casa, fiquei carente e rolou uma afinidade logo de cara com o Wesley. Mas, quando ele voltou para casa, travei e não consegui mais ser a mesma pessoa. Demorou para voltar ao normal”, tenta se explicar, como se precisasse. 

Na verdade, tudo o que ela queria (e quer!) é ser feliz. Tarefa difícil diante de tantas provações e reprovações cotidianas que têm de enfrentar. Vide o que foi afirmado
pela sister Ariadna de que era garota de programa.

“Não sei porque mulher bonita é sinônimo de garota que se paga para sair. Mas não ligo para o que pensam. Vivo tudo de forma intensa. Não me preocupo com falação”, sentencia a bela.

Nas entrelinhas, a atriz deixa claro: quer mais é seguir ‘mariando’ por aí, sem ter que focar as energias com o que dizem a seu respeito. E por falar em foco, ela acertou em cheio ao optar pelo galã da casa. O relacionamento com o mineiro vai bem e os planos vão além de simples namoro. “Ele é ainda melhor pessoalmente. Conviver com Wesley é uma delícia. Estou vivendo um sonho. Ganhei o prêmio e ainda conquistei o bonitão”, brinca.

A química foi tão grande que os dois não esperaram sair da casa para viver a primeira noite. “Teve uma pegação mais forte com o Wesley embaixo do edredom. Não conseguimos evitar”, revela. 

Dinheiro, fama e um amor. Se é possível ter mais, por que não? E parece que a maré está para ela. Maria foi tão bem aceita que em menos de um mês após sua saída do reallity show já assinou contrato como repórter do programa Mais Você, pilotado por Ana Maria Braga. Se depender da torcida que levou a garota ao prêmio, a falta de audiência não será um problema com o qual ela terá que conviver. 
 

As origens

A filha caçula da médica argentina Alícia Jurado com o advogado italiano Vicente Melillo, nasceu em São Bernardo, mas fincou raízes e história em Santo André. Lembra com saudades do tempo que passeava no antigo Mappin, hoje o fervoroso Shopping ABC, e da turma de colegas com quem saía para as festas da região. Foi no clube Náutica e no Parque Celso Daniel que Maria praticava esporte e musculação, o que lhe rendeu o corpo cheio de curvas. “Fui morar em São Paulo com 19 anos para estudar, mas sempre amei minha cidade. Fui muito feliz por todo o tempo que vivi por lá”, relembra. No histórico de vida da atriz há também algumas dores, como a morte do pai por infarto, em 2009, e o câncer de mama enfrentado pela mãe há 11 anos.

Foto: Manuel Nogueira
“Não sei porque mulher bonita é sinônimo de garota que se paga para sair. Mas não ligo para o que pensam. Vivo tudo de forma intensa. Não me preocupo com falação”, sentencia a bela

O fenômeno

Ela se faz entender pelo olhar. Só para deixar ainda mais difícil a missão de discriminá-la. Que intelectual consegue tal proeza com tanta facilidade? Ela não precisa dissertar uma tese para explicar os desafios da vida. Maria tem olhos que falam e calam. Coisa para poucos numa sociedade na qual olhares preferem não se cruzar para não revelar as incoerências que existem dentro de cada um.  Seria melhor e mais fácil, vamos concordar, que ela deixasse somente o corpo esculpido por horas de malhação – desde os 13 anos – falasse por si. Contudo, sua autenticidade, característica que lhe é inerente, não permite, fato!

Maria quer ser decifrada, não importa para quem ela será o objeto de estudo. Mulher com atitude e muita coragem, diríamos. Mais uma vez, o olhar entra em ação. Agora, procura a orientação da mãe, que se mantém por perto e chora a cada declaração da filha. Coisa de criatura que gosta de ser exemplo para o criador. “Choro quando a vejo feliz, realizando um sonho. Não vejo uma mulher, mas sim uma menina meiga, fiel, companheira e leal. Exatamente tudo que ela sempre foi”, revela Alicia.

Ela tem ingenuidade que encanta e até se torna poética. Tem frescor de juventude e doses de mistério de mulher madura. Vai entender o paradoxo. Complexa? Excêntrica. Verdadeira. Que mulher não foi Maria um dia na vida que levante a mão e bata no peito. Sofrer de amor é inevitável e faz parte de toda história que valha a pena de ser lembrada.

A magnitude em cima de si é tão grande, que bastou dizer o nome



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