A gente não quer só comida

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Miriam Gimenes

 Há quem diga que o ato de cozinhar não é apenas o de fazer comida, mas sim transformar o que tem em sua essência (leia-se sentimentos) em algo comestível. Talvez esse tenha sido um dos maiores ensinamentos que o MasterChef – cuja nova temporada começa dia 7, às 22h30, na Band – tenha dado ao público nos últimos três anos e seja um dos responsáveis pelo sucesso do formato, que não se esgota.

Tanto que, depois da temporada de cozinheiros profissionais, o número de amadores que se candidataram ao ‘cargo’ de melhor chef do programa foi enorme: foram mais de 27,5 mil inscritos. Do total, 640 participaram de testes presenciais e apenas 75 foram convocados para a primeira audição com os jurados. “Muitos disseram que não se inscreveram antes porque estavam se preparando para fazer todo tipo de prato da disputa”, diz o diretor do programa Patricio Díaz.

Eles aprenderam, portanto, que não é só comida. É também diversão e arte. “O interessante do programa é que ele mostrou que todo mundo pode cozinhar. Virou paixão, terapia. Tem crianças que me param na rua, me chamam de ‘gordinho’ e dizem: ‘Graças a você vi meu pai cozinhar em casa’. Isso é muito gratificante”, diz ao Diário o chef Erick Jacquin, que continua dividindo o juri com Henrique Fogaça e Paola Carosella.

A chef Paola cita à equipe de reportagem outro exemplo que a tocou muito ao longo dessas edições do programa: o caso de um pai que adotou um garoto de 8 anos e, como a aproximação de início foi difícil, ele decidiu cozinhar. “Ele (pai) não sabia como chegar no menino, não sabia por onde. Então eles começaram a assistir ao MasterChef juntos e a se desafiar na cozinha. É legal fazer o programa, é divertido, mas saber dessas histórias é o que realmente nos emociona.”

Para Ana Paula Padrão, que continua a apresentar o formato, o público brasileiro está preparado para receber este tipo de programa, por isso tamanho sucesso. “Enquanto a gente era um País muito pobre, que pensava em apenas comer para sobreviver, talvez o programa não seria um sucesso. Hoje somos um País de classe média, então consegue sofisticar um pouco mais o que está fazendo em casa.” Este, segundo ela, é o objetivo da atração: “Que os telespectadores assistam e tentem fazer em casa, mesmo com adaptações. Que entendam que a gastronomia é para todos e não apenas para um grupo seleto de pessoas”.

‘SANGUE NOS OLHOS’
Isso não quer dizer, no entanto, que esta nova edição vai dar moleza para os participantes. Com um perfil bem diverso, com brasileiros e estrangeiros (italiano, tailandês, paraguaio, colombiano e venezuelano), de 22 a 61 anos, todos terão de batalhar – e muito – para conquistar o troféu e o prêmio de R$ 200 mil.

Do total de selecionados, 40 cozinheiros que passaram pelo crivo dos jurados se enfrentarão na segunda etapa eliminatória. Eles serão divididos em duplas ou quartetos pelos jurados para embates específicos: massa, sobremesa, cozinha caipira, oriental, entre outros. Apenas 21 conseguirão manter o avental e entrar, de fato, na cozinha do MasterChef. Estes selecionados serão conhecidos no terceiro programa da temporada, que terá 25 episódios.

Outra novidade são as provas que serão feitas fora do estúdio, gravadas nas Serras Gaúchas, no Rio Grande do Sul, conhecido pela influência das gastronomias alemã e italiana. E, como os candidatos vêm cada vez mais preparados, qual o segredo para ser o MasterChef Brasil 2017? “Têm de ser pessoas que querem muito chegar à final. Tem de ter ‘sangue nos olhos’”, diz Patricio Díaz. Fica a dica.




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