A Santo André do axé

Envie para um(a) amigo(a) Imprimir Comentar A- A A+

Compartilhe:

Dérek Bittencourt

Os barulhos se resumem ao das ondas quebrando no límpido e calmo mar do Litoral Sul baiano, dos pássaros ou, no máximo, o do motor da balsa que faz a travessia sobre o Rio João de Tiba. A temperatura quente (picos de 30ºC) tem como aliado o vento, que vez ou outra encontra alguém na rua, afinal existem pouco mais de 800 moradores por ali.

Como um lugar tão isolado assim ficou famoso? Culpa da seleção germânica. É que os algozes do Brasil e tetracampeões na Copa do Mundo de 2014 ficaram abrigados na Vila de Santo André. O local pertence ao município histórico de Santa Cruz Cabrália, vizinha a Porto Seguro, na Bahia, e que em nada se assemelha à homônima do Grande ABC, com seus mais de 710 mil habitantes.

Distante 29 quilômetros de Porto Seguro, Santo André está em área de proteção ambiental e, assim sendo, é cercada por belezas naturais preservadas, contando com grande diversidade de espécies de fauna e flora – restinga, várzea, mata ciliar, brejos, manguezais e recifes. Desde a chegada ao vilarejo, em travessia de balsa, os ingredientes de uma estadia tranquila e pacata estão presentes por todos os lados.

Entre as opções de passeio, estão tours de jipe pelas praias e piscinas naturais, trilhas que levam à aldeias indígenas e mergulhos para ver corais como o de Araripe e Coroa Alta. Além do sossego e apesar de ter apenas uma rua principal – programe-se para levar dinheiro vivo, pois não existem agências bancárias – come-se muito bem na vila. Restaurantes de todos os tipos oferecem variado cardápio com peixes, frutos do mar e – como não poderia ser diferente – farta comida baiana.

HOSPEDAGEM
Uma das heranças que os alemães deixaram para a vila tem nome: o Campo Bahia. Até 2013, tratava-se apenas de um projeto imobiliário. Em seis meses, com investimento de R$ 35 milhões, se transformou e colocou definitivamente a Vila de Santo André no mapa.

Assim que a delegação europeia foi embora, o local se transformou num resort, que conta com 14 vilas – 61 suítes no total – com todo luxo e conforto. Hoje tem diárias que variam entre R$ 880 a R$ 5.880 (preços referentes a sites de reservas). Uma criança de até 2 anos que compartilhe a suíte dos pais não paga.

Claro, há ainda em Santo André outras opções de resorts, hotéis e pousadas, com preços bem mais acessíveis (principalmente se o viajante ficar em Porto Seguro, com ofertas a partir de R$ 63).


Da vida agitada para a verdadeira paz
Da rotina agitada de notória jornalista, dona de vasto currículo e experiência internacional, ao sossego da Vila de Santo André, Léa Pentado – “de bem mais que 60 anos”, como ela mesma diz – transformou sua vida em 2004, quando mudou-se para o distrito de Santa Cruz Cabrália por uma história de amor: foi ao encontro do irmão e melhor amigo, que lá morava, mas morreu. Isso depois de viver em Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro, Lisboa e Nova York. “Ganhei muita qualidade de vida e aprendi a ser melhor.”

“Cheguei para um semestre sabático e vender uma casa. A vila me abraçou e por coincidência do universo fui convidada a ser consultora do evento de inauguração e relacionamento com comunidades em dez cidades no entorno de uma enorme fábrica de celulose, a segunda maior do mundo, que se instalava distante 60 quilômetros daqui. Assim fiquei para pouco mais de um ano e com o recurso que recebi com o evento, comprei a casa”, afirma ela, que administra o www.santoandre-bahia.com com informações, notícias e curiosidades sobre a vila. Além disso, nas horas vagas se dedica à leitura, costura, bordado, mosaicos, crochê e tricô. “Hoje meu foco é colaborar com um bom turismo e ações sociais.”

Léa acompanhou de perto a ida dos alemães para Santo André e não tem dúvidas quanto ao que a estadia dos campeões do mundo trouxe ao vilarejo. “O legado foi a divulgação do destino turístico”, conta a jornalista. A DFB (Federação Alemã de Futebol), inclusive, segue com atuação no local. “As ONG’s Iasa e Centro de Convivência e Cultura estão engajadas em projeto de arte e cultura mantido pela DFB”, encerra.

GUIA DE VIAGEM
COMO IR
– Terrestre: pela BR 101 até Eunápolis e, de lá, à Santa Cruz Cabrália; Aéreo: Qualquer voo para Porto Seguro. De Porto Seguro até a Balsa de Santa Cruz Cabrália (24 quilômetros). Travessia de balsa até Santo André (dez minutos).
– Horário das balsas: das 6h às 19h (a cada meia hora nos sentido Santa Cruz Cabrália / Santo André / Santa Cruz Cabrália); Das 19h30 às 0h30 ( de hora em hora sentido Santa Cruz Cabrália/Santo André).

O QUE FAZER
– Passeio de barco pelo recifes;
– Pesca oceânica;
– Passeio de jipe pelas praias;
– Travessia de barco pelo Rio João de Tiba para ver os manguezais.




Diário do Grande ABC. Copyright © 1991- 2024. Todos os direitos reservados