Por que vale a pena conhecer Cuba

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Ari Paleta

Você já imaginou chegar em um país em que você pode andar pelas ruas sem ser assaltado, explorado pelo comércio, conversar com as pessoas e elas saberem a história do Brasil tanto quanto a de seu próprio país? Um lugar em que se pode optar por ser médico, engenheiro ou simplesmente um balconista ou lixeiro e ganhar praticamente a mesma coisa?

Bom se você pensou em Cuba, acertou. A pequena ilha caribenha que vive sob regime socialista desde a sua revolução, que aconteceu em 1959, idealizada pelos líderes mais influentes do século 20, Fidel Castro Ruz, Ernesto Che Guevara, Raul Castro (atual presidente) e Camilo Cienfuegos (menos conhecido de nós brasileiros).

A bordo do Granma (iate que transportou aproximadamente 81 revolucionários), Fidel e seus aliados desembarcaram no dia 1º de janeiro na Baía dos Porcos e tomaram o poder, expulsando assim o então presidente Fulgêncio Batista da ilha, iniciando dessa forma novo ciclo da história cubana.

Fidel começou sua revolução limitando o acesso de seus vizinhos norte-americanos, distantes apenas 140 quilômetros, ao colocar ponto final no parque de diversões caribenho. Proibiu a prostituição, a lavagem de dinheiro em cassinos e a exploração dos cubanos. Na sequência, tomou as propriedades dos imigrantes e baixou os alugueis em 50%, dentre outras ações. Por outro lado, criou para si e para seu povo um inimigo que até hoje está em vigor: o embargo econômico. Cuba parou no tempo, e nem mesmo a ajuda do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, foi capaz de reverter este erro de décadas, já que o Congresso norte-americano barrou o avanço da bandeira da paz.

O comandante (como também era chamado Fidel Castro) nunca teve um governo apoiado por todos, mas, apesar de os meios serem discutíveis, sempre manteve os seus objetivos em primeiro lugar para atingir a finalidade pretendida. Acabou com o analfabetismo (hoje a taxa de alfabetizados chega a 99,8%), criou medicina de ponta e mais humana, que faz escola mundo afora com seu programa de saúde da família, tornou seu território seguro.

Quando andamos pelas ruas de Havana, somos sempre alertados de que: "Aqui no hay favela, aqui no hay ladrón” (traduzido para o português: Aqui não há favela, aqui não há ladrão). Isso nos mostra que a aparência nos engana, com a sua icônica frota de carros antigos soltando uma fumaça preta, pessoas fazendo filas e mais filas para pegar ônibus ou comprar o famoso sorvete do Coppelia, casas muito antigas e construções desabando.

Isso tudo faz parte do cenário mais lindo que já conheci. Porque tudo ali se encaixava perfeitamente, o povo que não esconde o sorriso, muito pelo contrário. Sorri, canta e dança o tempo todo. É difícil não se apaixonar por seu povo e sua causa.

Conversando com um cubano, ele me falou algo de que nunca me esqueço. “Precisamos trabalhar mais, para o país crescer. Meu sonho é poder pagar impostos para que isso aconteça um dia”. E esta visão é partilhada por muitos por lá.

Mas esta não é a realidade de todos. Muitos tiveram parentes insatisfeitos que se mudaram para o principal inimigo cubano, os Estados Unidos, fugidos em uma balsa até Miami. Para os que ficaram, resta apenas a saudade, pois para conseguir autorização para viajar é muito difícil, e por se tratar de um país sem dinheiro, fica muito complicado conseguir arcar com uma viagem. Ao mesmo tempo, o dinheiro mandado pelos familiares ajuda muito no orçamento do dia a dia dos que ficaram na ilha. Tudo isso faz o destino Cuba ser um paraíso a ser visitado e descoberto aos poucos, já que história é o que não falta.

Museus estão espalhados por toda a Capital. E diariamente, às 21h, podem-se ouvir os tiros de canhões vindos da Fortaleza de San Carlos de La Cabaña. Esses tiros indicavam que as portas estavam sendo fechadas e só abririam na manhã seguinte, tradição mantida desde o tempo em que existia a muralha protegendo a cidade. Hoje, a encenação virou atração turística, e pode ser acompanhada bem de perto. É emocionante. Sem contar a vista incrível que se tem do Malecón todo iluminado. 




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