Aventura para todos?

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Marcela Munhoz <br> Enviada à Brotas

 O ser humano não tem asas nem garras, portanto, não foi feito para voar ou agarrar em rochas a trocentos metros de altura. A afirmação seria verdadeira se um bando de seres humanos malucos não tivesse inventado ferramentas e formas de fazer com que isso fosse possível, e com segurança. Brotas tem variações impensáveis de como fazer a adrenalina subir. Fica quase impossível não se arriscar. Não resisti e conto a seguir o que senti.

“Sempre fui corajosa. Na adolescência me candidatava a ir nos brinquedos ‘mais perigosos’ do Playcenter. A medida que a idade chegou e o labirinto começou a desequilibrar, fui deixando para lá. Ao visitar Brotas, a vontade de voltar a sentir o estômago na boca veio com força total e não pensei duas vezes ao aceitar o convite de fazer duas tirolesas no Cassorova (nota: tirolesa consiste em cabo aéreo ancorado entre dois pontos, pelo qual o praticante se desloca por meio de roldanas conectadas por mosquetões a um arnês). Ver a cachoeira cartão-postal da cidade de cima é para poucos. Equipamentos a postos, chegou a hora de me jogar. E fui, querendo voltar, é verdade. Na primeira, nem dá tempo de pensar. Mas na segunda o caminho é longo e a altura chega a 110 metros, pouco menos do que o Edifício Copan, de São Paulo, com 42 andares. No fim, o ‘trem’ ainda fica pendurado para fazer fotos. Haja concentração, mas é uma delícia.

A aventura radical não acabou por aí. No dia seguinte, escolhi o Arvomix do Recanto das Cachoeiras. Pensei com meus botões: ‘Ah, até criança faz.’ Puro engano. O visitante é desafiado a ultrapassar mais de dez obstáculos que ligam altíssimas árvores. E essa atividade não exige só coragem, como também preparo físico, força e flexibilidade. Depois das árvores, chega a hora da tirolesa. Tranquilo, já me sentia íntima. A melhor/pior parte, porém, não tinha acabado. No fim do passeio, o aventureiro é ‘convidado’ a fazer um rapel (nota: rapel é processo de descida de uma vertente ou paredão na vertical com a ajuda de uma corda dupla) ao lado da cachoeira. Estar a mais de 60 metros de altura e saber que não tem outra forma de descer a não ser presa por um cabo é uma das sensações mais arrepiantes que já senti. Este foi o momento do desespero total. Respirei fundo, não olhei para baixo e fui, um pé de cada vez. A cada passo, uma vitória e foi incrível, como foi feito para ser. Experiências aprovadas, as primeiras e, por hora, também as últimas da minha vida.”




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