Mulher sexo ágil

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Heloisa Cestari

Foto: Divulgação
Veterinária Cristina Mizutori passou duas semanas exercendo trabalho voluntário na África do Sul; tarefa: cuidar de animais selvagens

Primeiro, as mulheres tiraram o umbigo do fogão e foram trabalhar nas fábricas durante a Revolução Industrial. Depois, passaram a almejar conquistas mais ousadas, como salários iguais aos dos homens, o direito de votar, o respeito ao chamado ‘sexo frágil’ e as lutas pela emancipação. Começavam os movimentos feministas, a guerra dos sexos, a queima de sutiãs em praça pública que deu margem à inserção do Dia da Mulher no calendário internacional de efemérides, a quebra de tabus e a necessidade de mostrar-se tão ou mais competente que os homens na área profissional. Agora que a palavra autossuficiência lidera a lista dos vocábulos mais praticados de suas cartilhas, elas voltam a inovar revelando um filão até então pouco explorado pelas agências de turismo: o das viagens para pessoas sozinhas. Empunhando a bandeira da ‘independência e sorte’, elas se arriscam até em passeios pelo Exterior e já representam mais de 60% do mercado de viagens para solteiros.

Excursões, resorts, cruzeiros e destinos de compras, como Nova York, estrelam entre os pacotes mais vendidos a mulheres desacompanhadas. Antes de planejar o roteiro e arrumar as malas, no entanto, é bom estar atenta a algumas precauções. Para começar, descarte viagens a países com cultura muito diferente da brasileira, especialmente nos continentes africano e asiático.

Locais exóticos não são para qualquer uma, exigindo doses extras de coragem, perspicácia e muito jogo de cintura. “Nestes casos, dê preferência a viajar na companhia de um homem. Pode ser pai, filho, irmão, amigo, namorado ou marido. Se não for possível, o mais sensato é convidar uma ou mais mulheres. Mas evite as frescas, as complicadas e as maluquetes”, recomenda o autor de guias turísticos Lúcio Martins Rodrigues no Manual do Turista Brasileiro.

A norte-americana Stephanie Elizondo Griest, que escreveu 100 Viagens Que Toda Mulher Precisa Fazer,  sugere que as viajantes enviem e-mail com o itinerário para todos os amigos um mês antes de embarcar. “Você provavelmente ficará surpresa com a quantidade de pessoas que têm velhos conhecidos, ex-namorados ou primos de terceiro grau ao longo do caminho. Peça o contato deles e marque um café para quando chegar”, sugere.

Outras mulheres se encarregam de fazer amizades in loco. É o caso da veterinária são-bernardense Cristina Mizutori, 24 anos, que passou duas semanas exercendo trabalho voluntário na África do Sul em outubro de 2009. Tarefa: cuidar de animais selvagens. “Era um centro de reabilitação no Kruger Park, que cuidava de bichos órfãos, na cidade de Hoedspruit. Achava que ia me virar com o idioma, mas só me acostumei na hora de ir embora. Em compensação, conheci gente muito legal da Inglaterra, Holanda, Austrália, França e dos Estados Unidos. Pensava que eles só estivessem lá pela aventura e vi que não: eles realmente estavam preocupados com as causas sociais e ambientais. Davam o melhor de si por muitos meses.” Destinos de maioria muçulmana são, em especial, muito difíceis para as mulheres, sendo aconselhável evitar decotes, minissaias, roupas justas e, dependendo do lugar, cobrir a cabeça com um lenço a fim de não desrespeitar os valores vigentes.

Mesmo assim, há quem se arrisque. A jornalista Giovana Sanchez escolheu o Catar, no Oriente Médio, como palco da pesquisa testemunhal para o seu trabalho de conclusão de curso na faculdade. Durante os dez dias em que ficou no país, sofreu assédio sexual no hotel, foi largada por um taxista no meio do deserto e só não passou por mais apuros porque contou com a ajuda de uma moradora brasileira que havia conhecido pela internet.

A estudante Giovana Cattaruzzi, 19 anos, de Santo André, também recomenda que se preste atenção às roupas e se estude sobre a cultura do país antes de embarcar. No ano passado, ela viajou pela Indonésia e percebeu que usar short e regata pode causar certos constrangimentos por lá, mesmo em dias de muito calor. “As pessoas falavam de mim pelas ruas.”

O primeiro contato com um banheiro oriental também causou estranheza. “Passei a primeira noite em um hotel bem simples em Jacarta. Em vez do vaso sanitário, havia um buraco no chão do banheiro e um balde com água para o banho. Não tive coragem de usá-lo”, lembra Giovana, que dá a dica: “Mesmo que seja mais caro, prefira um hotel de rede internacional para ir se adaptando aos poucos.”

Europa e Estados Unidos, por sua vez, são bons destinos para uma viagem à la Clube da Luluzinha. Além da ótima infraestrutura hoteleira e de transportes, os albergues da juventude desses países despontam como alternativa barata e propícia ao nascimento de grandes amizades. “Mulheres sozinhas, ou mesmo com amigas, acham muito mais rapidamente companhia, o que eventualmente poderá ser muito bom se encontrarem amigos bonitos, simpáticos e de bom caráter (Deus, que sorte!). Porém, devem ser ainda mais cuidadosas porque, eventualmente, terão uma péssima experiência se os ‘amigos’ forem bonitos, simpáticos... e de mau-caráter”, adverte Rodrigues.

Infelizmente, as imagens desinibidas do Carnaval carioca, o turismo sexual no Nordeste e o elevado número de prostitutas e travestis latino-americanos em solo europeu levam muitos estrangeiros a rotular as brasileiras de ‘liberais’ – leia-se no mau sentido.

Os serviços de imigração na Europa, Estados Unidos, Canadá e Japão, aliás, encaram com desconfiança mulheres jovens e bonitas desacompanhadas. Na América Latina esse problema praticamente não existe, mas perde-se no quesito segurança.

Para evitar qualquer constrangimento, vale recorrer às excursões em grupo. “Este tipo de pacote é ideal para a mulher que não arrumou companhia para viajar. Dá para fazer muitos amigos e percorrer vários países com a comodidade de um guia sempre pronto para sanar dúvidas e orientar o grupo quanto aos costumes locais”, conclui Rodrigues.

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Em destinos como Europa, Estados Unidos, Canadá e Japão, os serviços de imigração tendem a encarar com certa desconfiança a entrada de mulheres sozinhas, ainda mais se



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