Profissão: Sommelier

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Andréia Meneguete

Foto: André Henrique
Atividade exercida por poucos ganha reconhecimento do público e espaço no mercado. Foto: André Henriques

Eles surgiram durante a Idade Média, quando reis precisavam de bravos degustadores para comprovar que a bebida e a comida da realeza não estavam envenenadas. Mesmo passando muito tempo pela história da humanidade sem título oficial, cargo reconhecido ou até sem registros nos livros, a profissão de sommelier ganhou tom épico, bem ao estilo das obras de estudos: com mistérios e curiosidade.

E foi neste cenário que esses profissionais passaram a ter paladar mais maduro. São capazes de passar horas para explicar a beleza da bebida. Embora Baco seja o deus romano não só do vinho como dos excessos, é importante que se beba com parcimônia. O próprio sommelier faz isso: “É puro mito da profissão achar que nos divertirmos ou bebemos tudo que provamos. Na verdade, passeamos com a bebida na boca e depois a descartamos num recipiente“, explica Bruno Hermenegildo, 23 anos, sommelier responsável pelas cinco empresas do grupo Art des Caves.

Tamanha dedicação e estudos conferiram a eles a capacidade de apreciar bom vinho e indicar qual é o melhor rótulo para acompanhar a refeição, além de sugerir o estilo ideal para determinada ocasião – seja um casamento ou encontro de negócios.

O ar de sabe-tudo sobre o assunto faz com que pessoas não familiarizadas com o mundo do vinho resistam à aproximação do sommelier e fiquem sem a sugestão de um bom vinho e dicas preciosas de como degustá-lo. E, com isso, junto com o medo, lá se vai a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre o universo da bebida, que é considerada alimento na Europa.

Para os simpatizantes, mas ainda resistentes com o atual cenário, um aviso: não adianta tentar evitar o tête-à-tête com este profissional quando for a um restaurante, pois ele já se tornou indispensável em locais gastronômicos de qualidade.

O crescimento e valorização da profissão no mercado de consumo brasileiro apontam que esse especialista é visto com bons olhos pelas empresas do segmento alimentício, como restaurantes, hotéis, exportadoras e adegas. Tudo pelo simples fato de os brasileiros estarem mais envolvidos com o assunto e, consequentemente, se transformando em bons consumidores.

O gosto pela bebida tem sido tanto que somente em 2009 foram distribuídos em pontos de vendas, como supermercados e adegas, cerca de 40 mil garrafas importadas de países produtores de vinho.

Portanto, se você era um desses que preferiam ignorar a presença do sommelier, o cenário favorece a mudança do comportamento. Quem tem a refeição como um instante de prazer pode e deve aproveitar os conselhos do grande parceiro do vinho.

“O cliente tem que enxergá-lo como amigo que está ali para ajudá-lo a escolher a melhor bebida em relação ao prato. Queremos, na verdade, fazer com que a harmonização entre comida e bebida seja feita da melhor forma possível“, assegura Hermenegildo.

Kayê Yamamoto, 23 anos, sommelier da importadora e bistrô Ville du Vin, desmistifica que o profissional tem como objetivo indicar vinhos caros ou aquilo que não se conhece ou não está acostumado a beber. “Vamos aliar o valor que pode ser gasto à preferência do cliente, além de harmonizar a bebida com a comida. Com isso, é possível conquistar um prazer máximo na hora da degustação“, revela.

Para exercer a profissão, é preciso ter característica indispensável: a arte e o prazer em servir o próximo. “O sommelier, em nenhum momento, pode ter o ar de prepotência ou ser inacessível àqueles que precisam da sua ajuda na hora de optar por uma bebida“, aponta Hermenegildo.

Conhecer muito bem a bebida também pode ser carreira lucrativa. Segundo dados do mercado, um sommelier em começo de carreira ganha cerca de R$ 1.500 e um profissional experiente, atuando em restaurantes e importadoras renomadas, chega a R$ 18 mil. “Somos responsáveis por toda a bebida do estabelecimento, temos que ter a capacidade de escolher o melhor produto de acordo com o público alvo. É uma tarefa de logística também“, expõe o sommelier da Enoteca Fasano Gianni Tartari.

Foi com ajuda desses experts no universo do vinho que a Dia-a-Dia Revista montou um manual de informação para que os goles sejam mais prazerosos daqui por diante. Taça na mão e tim-tim!

 

Foto: André Henriques
O sommelier Bruno Hermenegildo é apaixonado pelo universo do vinho desde os 16 anos. Foto: André Henriques

A FAVOR DA SAÚDE

O consumo feito com moderação, como dois cálices de vinho por dia, pode trazer benefícios para o coração. A descoberta aconteceu quando pesquisadores perceberam que havia discrepância entre a baixa taxa de doenças cardiovasculares com os hábitos de vida dos franceses. “Eles comem muita gordura saturada, além de fumarem muito. Mas bebem vinho diariamente”, revela o cardiologista da Sociedade Brasileira de Cardiologia Edmar Santos. Com isso surgiu a expressão ‘paradoxo francês’.

Os efeitos benéficos devem-se ao  Resveratrol, polifenol capaz de combater aos radicais livres. Além disso, a bebida é capaz de proteger o endotélio, a camada mais interna dos vasos sanguíneos, o que impede a formação de placas de gorduras, evitando futuros infartos. Porém, estudos comprovaram que quantidades maiores que as aconselháveis poderiam inversamente trazer efeitos indesejáveis, como arritmias.
 

COMPRAS ONLINE

Os apreciadores de vinho que não têm tempo de sobra podem optar pela compra on-line. No universo da internet é possível encontrar bons rótulos com preços mais competitivos do que os das lojas. O tipo de comércio tem ponto positivo ao que se refere à disponibilidade de títulos, variedades – sendo que muitas vezes é possível encontrar espécies raras – e ainda o conforto da entrega ser em domicílio. Entretanto, é indicado que o comprador verifique a



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