Salve, Salvador

Envie para um(a) amigo(a) Imprimir Comentar A- A A+

Compartilhe:

Marcela Munhoz

Quando Tomé de Sousa, a bordo da sua nau Salvador, chegou em terras desconhecidas não imaginava o que enfrentaria. Em 1549, ele aportou na Baía de Todos os Santos com a missão de ser o primeiro governador-geral do Brasil e ficou para começar a história do País. Está aí forte motivo para fazer as malas agora e ir conhecer Salvador. E pode ficar tranquilo porque várias outras razões não vão faltar para não querer mais sair de lá.

Quem visitou a cidade do axé há tempos vai ficar surpreso com a repaginação que alguns pontos turísticos estão ganhando. A orla do Rio Vermelho, por exemplo, recebeu investimento de R$ 44 milhões. O Pelourinho entrou na lista com o projeto Noite e Dia, que inclui, entre outras melhorias, reforço de segurança.

Tudo isso para dizer que andar pelas típicas ladeiras de Salvador, curtir as praias e interagir com os moradores da cidade estão cada vez mais fáceis. Claro que ainda há relatos de assaltos, mas isso é realidade em quase todo o País. E como este não é um caderno de Política nem de Cidades, voltemos ao Turismo. Separe, ao menos, uma semana para se dedicar ao destino. Uma das grandes vantagens do Norte e Nordeste é que o Sol brilha o ano todo. Se você não gosta de agitação evite Carnaval e festas juninas.

Comece a bater perna pelo centro histórico. Um city tour com um guia bem ‘porreta’ é obrigatório. Geralmente, eles dividem o passeio em Cidade Alta – que inclui Farol da Barra, Elevador Lacerda, Pelourinho e igrejas da redondeza – e Cidade Baixa, em que fazem parte o Mercado Modelo e a Igreja de Nosso Senhor do Bonfim.

Chegando no centro prepare-se para ser abordado por vendedores com fitinhas do Bonfim. Não esqueça: vale um pedido para cada um dos três nós dados no amuleto. A primeira parada é a Santa Casa de Misericórdia de 1549 e que abriga o Museu da Misericórdia. Além de arte sacra, o local exibe com orgulho uma escrivaninha utilizada pelo escritor Rui Barbosa. A entrada custa R$ 6.

Adiante fica o Elevador Lacerda, o primeiro elevador urbano do mundo. Paga-se R$ 0,15 para subir e descer. Aproveite a descida e visite o Mercado Modelo. Lá tem absolutamente tudo o que lembra a Bahia. Dá para se perder. A dica é deixar para visitar perto de ir embora. Ninguém merece ficar andando com sacolas na mão.

Um dos momentos mais esperados pelo turista é conhecer o famoso Pelourinho. O querido Pelô é formado pelas ruas que vão do Terreiro de Jesus até o Largo do Pelourinho, que possui um conjunto arquitetônico colonial barroco português. Ali, onde antes era lugar de sofrimento por conta dos castigos dados aos escravos, hoje é local de festa. Todos os guias fazem questão de mostrar onde Michael Jackson gravou o clipe They Don''t Care About Us em 1996 com o Olodum. Também vale a pena a visita ao Museu Jorge Amado (R$ 3) e à riquíssima Igreja de São Francisco de Assis. Diz-se que ali há cerca de 800 kg de ouro. Tem tanta coisa para ver que o dia acaba rapidinho.

Em Salvador, toda fé é mais do que bem-vinda
Não é à toa o termo Baía de Todos os Santos. Andar por Salvador é ter acesso a um incrível caldeirão de crenças. Em cada esquina há uma igreja, um terreiro, um templo. Quem tem fé vai se arrepiar. Além das igrejas antiquíssimas que formam o centro histórico da cidade, é obrigatória a visita à Igreja Nosso Senhor do Bonfim, que fica a uma meia hora de lá (pegue um ônibus de linha a R$ 3,30 do ponto que fica em frente ao Elevador Lacerda). Ao chegar, já dá para observar de longe as famosas fitinhas multicoloridas que enfeitam o portão de entrada.

Também vale muito a pena se programar para assistir a uma missa na Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, que fica no Pelourinho. A cerimônia afro-baiana, realizada às terças, às 18h, é toda cantada e animada com instrumentos de percussão. Chegue cedo, pois o local fica absolutamente lotado por moradores e por turistas de todas as partes do mundo. A Terça da Bênção é de emocionar.

Já no Dique do Tororó, que fica pertinho do Estádio Arena Fonte Nova (aliás, os baianos são fanáticos por futebol), estão representados orixás. São enormes esculturas de Iansã, Nanã, Ogum, Oxalá, Xangô, Iemanjá, Oxum e Oxossi projetadas pelo artista plástico Tati Moreno. Elas parecem flutuar na água.

DICAS
Nada melhor do que pedir dicas a alguém que já morou no lugar antes de viajar. Foi o que aconteceu assim que soube que ia para Salvador. Fernando Barnabé, 32 anos, de São Caetano, foi o guia. O professor e músico viveu por dois anos e meio na Bahia. “Minha ligação com Salvador continua intensa, seja pelos sabores da gastronomia, seja pelos amigos que fiz ou pelo sofrimento que carrego comigo sendo torcedor do Bahia. Sempre que volto gosto de revisitar locais e sentir a boa energia soteropolitana”, diz.

Entre as indicações de Barnabé, estão as visitas ao Restaurante Escola do Senac e ao Museu de Arte Moderna para famosa jam session. Ele também recomenda dar atenção à Praia do Forte (prove o sorvete na vila do comércio, cuja mestra sorveteira trabalhou na famosa Sorveteria da Ribeira; outra dica é o Bolinho de Peixe do Souza), Barra do Jacuípe (durante a semana é um encanto, mas no fim de semana lota) e um passeio de escuna pela Baía de Todos os Santos (um visual que vale a pena).  




Diário do Grande ABC. Copyright © 1991- 2024. Todos os direitos reservados