O dia dos meus namorados

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Suzana von Bergmann

Decidi ficar sozinha no Dia dos Namorados. Usarei a data para refletir. Sendo assim, vou me desfazer de todos eles e ajudar na reconstrução de seus lares semidestruídos. Quero tirar esse peso das minhas costas (não apenas das costas, que a gente até que variava bastante). A listinha anexa traz o perfil de todos eles para apreciação, claro, omitindo seus verdadeiros nomes. As meninas e/ou meninos interessados favor me procurar inbox.

Chimbinha da Zona Leste – Feio, pobre, mas toca bem.

Feirante Língua-suja – Chega sempre às cinco da manhã. Xinga suas amantes chamando-as de vegetais, legumes e hortaliças. Ganha sempre no grito.

O Taxista – É taxista mesmo. Roda, roda, tenta enganar a freguesa e no fim é muito rapidinho. Aconselho a fazer como fiz. Troquei pelo Uber.

Uber, O Aplicativo – Novo no mercado. Elegante, confortável. Mas atenção: adora apanhar.

Atleta – Diz pra mulher que vai correr. Corre mesmo. No meu caso, subia os 17 andares do meu prédio, chegava todo suado e ofegante. Só queria me amar na ergométrica. Ia embora e postava no Face: “Trei­ni­nho básico de 12 quilômetros com aquecimento de bike. Amanhã tem longão. Urrú! Içaaaa!! Terminei com ele por cau­sa do “Içaaaa!”

Celebridade – Tira a roupa toda, mas fica sempre só de peruca e óculos escuros para não ser reconhecido pela esposa, caso seja flagrado.

Paparazzo – Tem mania de perseguição, acha que sua noiva está sempre à espreita. Uma noite me pegou com o ‘Celebridade’. Me rendi à chantagem e caímos no menàge. Paparazzo nunca mais deu as caras. Semanas depois me mandou uma mensagem: “Minha noiva encontrou uma peruca de homem dentro do meu cesto de roupa suja”.

Coxinha – Outro que mente pra mulher dizendo que vai pra rua derrubar o governo. Tem fantasias e costuma aparecer fantasiado de soldado, carrasco e pastor. Bloqueei ele nas redes. Não sei se estará disponível, pois levou uma surra da mulher. De panela.

Mortadela – Já foi bom de sexo. Hoje tá mais no discurso. Mandei embora depois que ficou acampado três dias na minha cama.

Hamilton – Único que dei nome, já que ninguém o conhece assim. Foi minha única experiência com um transformista. Foi bom, mas terminou quando quis aumen­tar o cachê botando a culpa na crise.

 

 




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