O início, o fim e o meio

Envie para um(a) amigo(a) Imprimir Comentar A- A A+

Compartilhe:

Miriam Gimenes

O documentário O Começo da Vida, dirigido por Estela Renner, entrou em cartaz no início de maio nos cinemas em São Paulo. Nenhuma sala no Grande ABC. Nem por isso as mães da região ficaram sem assistir a um roteiro que serve como lição de casa para quem tem uma criança sob tutela: seja ela filho, neto, sobrinho, ou qualquer outra denominação parental. O fiz com um grupo de mães na Casita ­­– Espaço de Convivência, em Santo André, e a experiência foi, no mínimo, transformadora. 

No filme, pais, mães e especialistas de nove países ­– Brasil, Canadá, Índia, China, Quênia, Itália, Argentina, Estados Unidos e França ­– falam sobre a importância dos primeiros anos na vida de uma pessoa. Conversei com a diretora sobre os pontos que foram destacados pelas mães na ocasião. Entre eles, a ideia de que a criança, desde a barriga, já está aprendendo.  “Na primeira infância, tudo é um experimento para a criança, ela é como um cientista que cria estatísticas. Quando joga uma colher no chão, por exemplo, esse objeto faz barulho e causa reação nos pais; ela joga novamente para ver se os pais vão ter a mesma reação, isso mostra que ela está aprendendo nesse processo”, disse a diretora. O que muitos acham que pode ser birra, na verdade trata-se de ‘experiência’. 

 Os pequenos aprendem, portanto, de forma muito rápida e o que constroem neste período ­vai ser refletido diretamente em seu futuro. “Nunca é tarde para olhar para aquele ser que daqui a um tempo terá responsabilidades como votar, trabalhar, que tomará decisões por si só, e dar a ele o que mais precisa: amor e carinho.” Isso diz muito. Um dos momentos mais emocionantes do documentário mostra uma menina indiana que vive em condições precárias e cuida de dois irmãos pequenos. Questionada sobre qual é seu maior sonho, ela responde: ‘Não tenho sonhos’.

É duro ouvir isso de alguém tão jovem. E não dá para julgar os pais dessa garota. Talvez tenha também faltado a eles, quando pequenos, tudo o que prega o filme (que a partir deste mês estará disponível no Netflix, Google Play, iTunes e Net Now!): a dedicação dos pais ­­– leia-se mãe e pai em pé de igualdade –  com a ajuda de parentes e da comunidade.  “Uma pessoa que cuida bem de uma criança está construindo um futuro melhor para todos.” Em outras palavras, vale ‘tocar Raul’. As crianças são ‘o início, o fim e o meio’, definitivamente.

   




Diário do Grande ABC. Copyright © 1991- 2024. Todos os direitos reservados