Picasso e sua arte inconfundível

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Miriam Gimenes

“Ele era doidão, né?”, disse Joaquim, no auto dos seus 5 anos, ao pai, o publicitário Fábio Astolpho, assim que avistaram o quadro Figuras à Beira do Mar, do espanhol Pablo Picasso (1881-1973). O pequeno, acostumado a acompanhar os pais e a irmã mais velha, Lorena, 9, em exposições de arte, analisou desta forma a fase cubista – movimento que ele foi inventor – do pintor, escultor, ceramista e cenógrafo. A família participou da abertura para convidados da exposição Picasso: Mão Erudita, Olho Selvagem, da qual terá acesso o público hoje, a partir das 11h, no Instituto Tomie Ohtake. O acervo, que ‘conviveu’ durante muitos anos com o autor, agora pertence o Musée National Picasso-Paris e tem a curadoria de Emilia Philippot.

Doidão eu não diria, mas sim gênio. Picasso, em seus bem vividos 92 anos, desfilou por várias vertentes até criar seu próprio estilo e se tornou um dos principais nomes da arte do século 20. “Ele é sempre associado ao cubismo, mas era um artista variado. Dominou diversas técnicas e conhecia muito bem sobre arte, era um estudioso exemplar”, diz a integrante do Núcleo de Pesquisa e Curadoria do instituto, Carolina de Angelis.

E basta percorrer a mostra para constatar que Carolina está certa. Nela, vê-se a diferença gritante dos primeiros desenhos, quando tinha apenas 14 anos de idade, com a última fase de sua obra, na qual passou a bola, literalmente, para os futuros artistas, com o quadro O Jovem Pintor.

Ao todo são 153 peças, a grande maioria inédita no Brasil, que traçam um percurso cronológico e temático em torno de conjuntos que seguem as principais fases do artista. São 116 trabalhos dele – 34 pinturas, 42 desenhos, 20 esculturas e 20 gravuras –, além de uma série de 22 fotogramas de André Villers realizados em parceria com Picasso. Completam a mostra 12 fotografias de autoria de Dora Maar, três de Pierre Manciet e filmes sobre os trabalhos de Picasso e seus processos de realização. “Escolhemos aproveitar o caráter específico da coleção para esboçar um retrato do artista que questiona sua relação com a criação, entre fabricação e concepção, implantação e pensamento, mão e olho”, destaca Philippot.

Em dez seções, o público conhecerá sua formação e influências, o Picasso exorcista (processo da geometrização das formas), o cubista, o clássico (a maternidade, o teatro e a dança), o surrealista, o processo de criação de Guernica (estudos da obra, fotos e foco), o resistente, o múltiplo (da cerâmica ao fotograma), ele trabalhando e sua última fase, que mostra o erotismo em todos os seus estados. Vale muito conferir.

Picasso: Mão Erudita, Olho Selvagem – Exposição. Tomie Ohtake (Av. Faria Lima 201 (Entrada pela Rua Coropés 88). Hoje até 14 de agosto. De terça a domingo, das 11h às 20h. Os ingressos custam R$ 12 (terça grátis) e crianças até 10 anos não pagam. À venda no site www.institutotomieohtake.org.br ou na bilheteria do Instituto de terça a domingo, das 10h às 19h. 




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