Poesia numa hora dessas?

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Miriam Gimenes<br>Do Diário do Grande ABC

Um dos expoentes da chamada Geração Mimeógrafo (movimento pós-Tropicália que levou artistas a buscarem meios alternativos de difusão cultural), atuante na década de 1970, foi a poetisa e tradutora brasileira Ana Cristina Cesar (1952-1983). E ela foi a escolhida para a nobre homenagem da 14ª Flip (Festa Literária Internacional de Paraty), que neste ano será dos dias 29 de junho a 3 de julho, em Paraty.
Ana C., como era conhecida pelos amigos, é a segunda mulher a ser reverenciada pelo evento. A primeira foi Clarice Lispector, em 2005. E a participação feminina tem aumentado com o tempo: em 2014, foram nove, no ano passado 11 e, neste ano, 17, uma delas a autora feminista e prêmio Nobel de literatura Svetlana Aleksiévitch. “Nunca pensamos em preencher cotas, mas a Flip assumiu o compromisso de melhorar esse índice de participação feminina e estamos cumprindo”, diz Paulo Werneck, curador do evento pelo terceiro ano consecutivo.
O intuito da programação, acrescenta, é garantir a diversidade de assuntos e gostos literários. Tanto que os autores não só falarão de poesia, como de ciência, arquitetura, jornalismo de rua, brasilidade, a crise na Síria e humor.
CRISE E POESIA
A crise política, embora esteja em pauta nos noticiários, não é objeto de discussão em nenhuma das mesas da festa. “A Flip é uma caixa de ressonância do Brasil, dialogamos com o noticiário, mas não o reproduzimos”, justifica Werneck. Nem por isso ele acredita que o assunto não entrará em pauta nas conversas entre os participantes. “O tema interessa, inclusive a todos os autores, que são politizados.”
E pode entrar em pauta até em razão da homenageada. “A Ana Cristina, de todos os autores de sua época, talvez seja a menos politizada, mas a sua obra não deixa de ser política”, reflete o diretor-presidente da Associação Casa Azul, Mauro Munhoz, que brincou com o título da obra de Luis Fernando Verissimo. “Poesia numa hora dessas? Sim, poesia é um fenômeno na Flip.” 
Até por conta da crise em questão, o evento tende a arrecadar R$ 500 mil a menos que no ano passado e o orçamento do evento deve fechar em R$ 6,8 milhões. Os ingressos da programação principal, que custam R$ 50, serão vendidos dos dias 3 a 28 de junho pela internet www.ticketsforfun.com.br), no telefone (3576-1480) e nos pontos de venda. Mais informações no site www.flip.org.br.




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