O governador, que assume pela terceira vez o comando do Estado mais importante da América Latina, fala sobre os desafios políticos e comemora a sua mais recente missão: ser avô de gêmeos. Foto: Claudinei Plaza

Geraldo José Rodrigues Alckmin Filho está longe de ser um estadista munido de prepotência intelectual ou fascinado por um poder que leva muita personalidade pública a subir num pedestal inacessível aos que lhe dirigem uma palavra. Aliás, muito pelo contrário. O homem de 58 anos, que governa São Paulo desde ontem e pelos próximos quatro anos, é figura simples, de fala tranquila e de gestos contidos. A sabedoria e a boa educação se mostram a cada momento de forma natural e sem grandes esforços nesta entrevista exclusiva  à Dia-a-Dia Revista concedida 15 dias antes da posse – mesmo o governador tendo afirmado que só receberia a imprensa após assumir o governo. 

Nada de postura imponente ou formal. Ele prefere a descontração, ainda que a ocasião e subordinados peçam sua presença e aprovação em todos os detalhes e decisões. 
Mas toda esta agitação, típica de agenda de quem gerencia um Estado, é mais do que comum a Geraldo Alckmin e em nada interfere no seu jeito calmo de ser.  Na verdade, ele gosta mesmo é de conversar e de estar rodeado de gente, do contato físico, do olho no olho e de um cafezinho bem passado – durante a nossa conversa tomou quatro xícaras.

Talvez, esse seja um costume adquirido na infância e na adolescência vividas na fazenda, onde o calor humano, o sabor acentuado da comida caseira e as informalidades de comportamento são características bem comuns. “Sempre que posso desço até a lanchonete para tomar um cafezinho e ver as pessoas. Decidi que nesta gestão vou despachar uma vez por semana neste prédio que é na região central da capital (localizado na Rua Boa Vista), assim tenho a chance de ficar mais próximo das pessoas, de sentir o calor do próximo.”

Mais uma demonstração de que ele aprendeu muito com as lições do pai, seu ídolo e referência de vida. Vide as características listadas nos parágrafos anteriores, complementadas com doses de disciplina, equilíbrio emocional e muita paciência. E o melhor: Alckmin é transparente, permite ser decifrado no início da primeira fala e no direcionamento que dá para cada olhar.

É a soma de tudo isso que faz 2011 o ano do paulista Geraldo Alckmin. Há 38 anos atuando na vida pública, o homem da pequena Pindamonhangaba volta à frente do governo de São Paulo, eleito com mais de 11 milhões de votos. Um bom sinal de que aqueles que lhe confiaram o voto também aprovam a sua forma de governar.

A dedução é óbvia já que o tucano assume pela terceira vez o comando do estado e segue para completar os 20 anos de governo do PSDB. Fato este que vira exemplo e admiração para muitos políticos, até mesmo os adversários. Mas as coisas não estão positivas somente na política. A família se mostra presente e atua como motivo da construção de uma carreira sólida e linear. Até nos compromissos profissionais, ele nunca está sozinho, sempre recebe o apoio dos filhos e da esposa.

Ao longo dos 90 minutos concedidos nesta entrevista, Geraldo Alckmin resolveu dividir com nossos leitores uma notícia feliz e bem familiar: ele será avô de gêmeos neste ano. O filho do meio, Geraldinho, que mora na Cidade do México há três anos, teve que dar a boa nova ao pai à distância. O fato, no entanto, não impede satisfação e felicidade que a ocasião exige. “Falamos todas as noites por telefone e em breve nos veremos e teremos a oportunidade de aproveitarmos um tempo juntos, matando a saudade e curtindo a gestação da minha nora”, festeja o tucano. O governador já é avó de Isabela, de 6 anos, que é responsável pela alegria e descontração dentro de casa. Neste contexto Alckmin se despe para a reportagem e apresenta as armas que o fortalecem a cada dia e que o tornam uma das figuras mais influentes e importantes no Brasil.

Por trás da trajetória bem-sucedida há um fator motivacional e de mesmo sobrenome: Lu Alckmin, mulher com quem convive há mais de 30 anos e mãe dos seus três filhos, Sophia, Geraldo e Thomaz. É a ela que Geraldo Alckmin atribui qualidades. É o norte de seu comportamento, tido como exemplar no âmbito político.  “Com certeza, a Lu é a melhor parte da família. Uma mulher especial, a sétima filha de 12 irmãos. Aprendeu a dividir e ser solidária desde pequena. Extremamente dedicada com tudo aquilo que faz”, derrama-se. A máxima de que há sempre uma grande mulher atrás de um grande homem se faz valer no Palácio dos Bandeirantes.

A rotina agitada e cheia de compromissos não impede que Alckmin aproveite o aconchego do lar. Organizado e com prioridades bem estabelecidas para cada parte do dia, ele afirma não levar problemas ou trabalho para casa. “Quando chego à noite, procuro desligar, assistir à televisão e conversar com a Lu e meus filhos. O descanso não pode ser ignorado, pois é ele quem determina o rendimento e a disposição do dia seguinte”. E ressalta: “Ninguém morre de trabalhar. As pessoas ficam doentes por causa da preocupação, do estresse”.

 

"Fui co-piloto dele (Mario Covas) por seis anos e confesso que foi um bom comandante. Um espanhol com fama de bravo, mas que tinha verdadeira paixão por pessoas". Foto: Claudinei Plaza

SAÚDE EM FOCO

Parece que todos os mantras tidos na teoria são aplicados de forma prática e eficaz na vida do governador. A consciência diante da responsabilidade que tem de cuidar da população faz com que sua vida seja regrada por comportamentos e hábitos saudáveis. Esqueça a figura de bon vivant, muito frequente em ambiente que favorece o status social. Alckmin passa longe deste estilo de vida e faz questão de manter a saúde fazendo pilates duas vezes por semana, além do sono de oito horas.

Segundo ele, a aurora matinal – q