Arte e a cidade grande

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Vanessa Ratti <br> Especial para o Diário

Quem vive na cidade sabe que com a correria do dia a dia, muitas formas de arte passam despercebidas. Hoje, tudo pode ser considerado cultura. O que muda é como é manifestada. Telas, acrílicos, tintas, gaiolas, colheres e alfinetes podem passar mensagens mais profundas. Isto é arte contemporânea e o pano de fundo da exposição Território Aberto II, em sua segunda edição (a primeira foi em 2014), que traz ao Salão de Exposições do Paço Municipal de Santo André obras de 22 artistas selecionados pelo professor de arte e responsável, Waldo Bravo. Todos refletiram diferentes formas de ver a metrópole e transformaram seus pontos de vista em arte. As produções são frutos de seis meses de trabalho e podem ser vistas até o dia 20, com entrada gratuita.

Na abertura da mostra, no sábado, mais de 150 pessoas fizeram questão de prestigiar o evento. Para Bravo, o trabalho, parte de 30 anos de sua carreira, é forma de dar visibilidade a artistas emergentes. A maioria das produções da mostra é de alunos ou ex-alunos do seu ateliê Contempoarte (www.contempoarte.com.br), que fica em São Paulo. “Nesses tempos atuais, a arte é um território muito abrangente, diferente de um século atrás. Ela se abriu demais, tem várias formas de se expressar”, conta.

Território Aberto II é prova de diversidade cultural. Com várias técnicas, os artistas ousaram. Algumas são verdadeiras instalações, como a escultura de Helena Falconi, por exemplo, que fica bem na entrada e é feita somente de EVA. A obra ocupa todo corredor do salão e tem quase um metro de altura. A artista Iva Sonda, por sua vez, retrata teia de aranha com homem preso nela, como uma metáfora visual.

A paulista Júlia Mazzoti, expondo pela primeira vez, é aluna de Waldo no ateliê. Ela retrata imagens com materiais simples, achados facilmente, em pedaços de papelão. “Quis retratar o ser humano em um ambiente urbano. Usei objetos cortantes, duros e ‘feios’ para simbolizar a cidade que é agressiva e também delicada”, conta a designer gráfica.

Já a professora de Arte, Lucia Rosa, retrata uma das obras mais curiosas; o homem em gaiolas. “Eu usei nove gaiolas para simbolizar a sociedade que vive na cidade grande. Temos de ficar em casa e nossa moradia acaba nos aprisionando”, completa. Dentro de cada gaiola, a artista pintou uma figura abstrata. “Esse é o lado contemporâneo da obra, figuras orgânicas que lembram o ser humano. O público com certeza entende e se identifica”.

Eugenia Vasconcelos, também aluna de Waldo, trabalhava como decoradora, até que decidiu se ‘jogar’ na arte. Ela julga sua obra como diferente . “Peguei algumas notícias de jornais e as fiz como pano de fundo para minha arte. A ideia é fazer uma reconstrução, sair do lugar comum”, afirma.

Território Aberto II – Exposição. No Paço Municipal de Santo André – Praça 4º Centenário, Centro, em em Santo André. Tel.: 3742-1036. Até 20 de fevereiro, de terça-feira a sábado, das 14h às 19h. A entrada é gratuita.




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